Matar e Morrer

Um retrato de Woaiza Kelly, por Everton Galvão e Dandara dos Santos, três participantes do curso de Jornalismo da ComCat e novos autores do favela.info.

Woaiza Kelly de Santana Figueiredo nasceu em 28 de maio de 1989 com três quilos e alguns gramas. Cresceu na Vila São Pedro (menor comunidade do complexo de Manguinhos, local onde vive até hoje) “presa” dentro de casa com o irmão menor, pois a mãe e o pai trabalhavam fora. Passou a maior parte de sua infância em atividades extracurriculares nas escolas por onde passou (das quais se lembra com grande carinho): Escola Dilermando Cruz e Escola Lélia Gonzalves. Sempre foi destaque entre seus colegas, o que só fez reforçar a crença de que nasceu para ser a rainha das águas, princesa dos mares, significado do seu nome. “Cheguei a participar de grêmios e a representar minha turma”, conta ela.

Desde cedo participa de projetos sociais: Protejo, Pronasci, Projovem, CEDAPS, Cedaspy Albano Reis, entre outros. Através desses cursos ela começou a se interessar cada vez mais em trabalhar com público. “Gosto de trabalhar com alguém e não com algo”, diz ela, que é recreadora na IASESPE (Instituto de Ação Social, Esporte e Educação), uma Ong na qual entrou como aluna. Tornou-se posteriormente secretária, e hoje, exerce a função de educomunicadora no mesmo projeto. Woaiza tornou-se educomunicadora graças a um curso de capacitação do Bem TV.

Woaiza Kelly tem objetivos grandiloquentes: formar-se em pedagogia, letras, comunicação e psicologia (com pós em psicopedagogia), casar-se, ter três filhos e adotar mais três. Viajar para algum país extremamente pobre em missão de paz e receber gratificações e reconhecimento por tal feito. “Não quero mudar o mundo, mas as pessoas que vivem nele”.

Para chegar tão longe, tem uma rotina que de segunda à sexta começa às 5h10 e só vai terminar quase à meia-noite: às 7h30 começa o curso de teleatendimento no Instituto Nextel (em Botafogo, Zona Sul), que se estende até às 12h30. Em seguida, segue para a ONG onde trabalha, de onde parte para o pré-vestibular comunitário da Fio-Cruz, nas imediações da sua comunidade. Dorme não muito após chegar em casa.

Ela se diz assexuada, virgem e hetero, mas além de namorar há três meses com Luan tem um rolo com Yahgo. “Mas os dois relacionamentos estão acabando”, lamenta ela com a sinceridade que lhe é peculiar. Woaiza Kelly agora pretende se dedicar mais aos amigos, considera a base de seu sucesso como pessoa. “Mato e morro por eles”, afirma ela, para quem aumentar a rede de relações está entre as razões para fazer o curso da Comcat.

Dentre seus hobbies, cita a leitura (está lendo “A cabana”), também gostando de escrever, cantar e sair com os amigos nos fins de semana. Não resiste ao telefone, adora conhecer pessoas novas e ouvir música romântica e MPB (também romântica). Sobre sua comunidade, afirma ser pequena, possuindo apenas uma rua (Rua da Liberdade) e também que as pessoas são bastante comunicativas e um pouco xenofóbicas (em geral). Há venda de entorpecentes, mas não tráfico em larga escala, visto que a comunidade é dependente de Manguinhos.

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