EcoModa no Fogueteiro: Apelo Urgente a Doações Após Despejo de Projeto de Moda

Click Here for English

Todas as manhãs de segunda a sexta, dez mulheres se reúnem para aprender a costurar e desenhar roupas em um porão no Morro do Fogueteiro, em Santa Teresa, Centro do Rio. Através do projeto EcoModa, elas vem aprendendo como trabalhar com materiais sustentáveis e criar suas próprias modas desde agosto. A formatura foi agora em dezembro.

“A gente estuda arte, história da arte”, explica o professor Marcio Matias, que também era aluno do EcoModa na Mangueira. “Eu não quero formar costureiras, eu quero formar profissionais de moda. A gente amplia o horizonte da pessoa, tem uma oportunidade de mostrar para determinadas pessoas que elas têm talento. Eu canso de começar uma turma e quando peço para coisas serem feitas, [elas falam] não, não consigo fazer e tal… e são essas pessoas que sempre me surpreendem no final”.

EcoModa é um projeto apoiado pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente. De acordo com o site do governo estadual, existem 14 comunidades que são beneficiadas por esse programa e 853 moradores em todo o Rio já se formaram. O foco do programa é na “educação ambiental, na redução da produção de lixo e na inclusão social com geração de renda”. As salas de aula do EcoModa recebem doações de tecidos, além de recicláveis e roupas velhas de moradores.

Os alunos produzem roupas de materiais como caixas de leite que se transformam em bolsas, guarda-chuvas velhos que se tornam saias e qualquer peça de roupa velha que pode ser reaproveitada para fazer uma nova.

Embora o programa EcoModa seja operado pelo Estado, foi a presidente da Associação de Moradores, Cíntia Luna, quem trouxe o curso para o porão da Quadra do Fogueteiro. Após ouvir de mulheres na comunidade que queriam aprender a costurar, ela solicitou que um curso do EcoModa fosse trazido para a comunidade.

Enquanto o Estado doou máquinas industriais de costura e providenciou um professor, Cíntia estava encarregada de todo o resto incluindo encontrar um espaço para as aulas, fazer a remodelação deste espaço e fazer as instalações elétricas para que as máquinas pudessem ser utilizadas.

Porém, no domingo, dia 7 de dezembro, os donos da Quadra do Fogueteiro deram a Cíntia três dias para remover o EcoModa do porão, deixando-os sem qualquer financiamento para mover as máquinas industriais para outro local.

A aluna Sheila Aguiar entrou nas aulas para aprender como fazer roupas para sua filha porque roupas de criança são muito caras de comprar. Depois de aprender como cortar e costurar tecidos, ela passou a trabalhar como costureira e planeja seguir carreira agora, após a formatura.

Porém agora, sem espaço para continuar, o projeto ficou travado. Com isso, Cíntia ofereceu sua própria casa para ser a nova sala de aula do EcoModa. Mas ela precisa consertar o telhado e fazer as instalações elétricas antes que as máquinas possam ser locomovidas. Ela e as alunas do EcoModa estão contando com doações para arrumar o espaço e alugar um caminhão para mover a maquinaria pesada. De primeira Cíntia ficou triste quando informaram a ela que perderiam o espaço depois de todo o trabalho investido nele, mas ela agora está feliz por oferecer um local onde EcoModa estará segura.

Ela disse: “Agora estou mais feliz porque na rua a gente não fica, né? Mas é trabalhoso. A gente tá nessa de tentar se estabelecer. Lá pelo menos ninguém nos tira. Eu queria que tivesse sido assim–dado um tempo para a gente sair–não assim como se a gente fosse um bando de leproso que tivesse que estar saindo amanhã”.

O programa EcoModa tem muitos planos para o futuro, incluindo uma semana eco-fashion que ainda está sendo desenvolvida onde formandos irão desenhar e fazer roupas com materiais sustentáveis e botá-las em exibição para o público.

“Eu tenho um monte de planos sobre o que eu quero fazer no próximo ano, mais parcerias para fazer uso das máquinas e pegar serviços para os alunos treinarem e gerar renda”, explica Cíntia.

O EcoModa no Morro do Fogueteiro precisa urgentemente de doações para que as aulas possam continuar neste novo ano. Eles estão aceitando doações em dinheiro para mover a maquinaria e precisam de telhas recicláveis também. Para fazer uma doação, favor entrar em contato diretamente com Cíntia Luna.