Ativismo dos Cinco Anéis—Los Angeles Agora é Frente da Resistência Olímpica Global

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Leia a matéria original por Lucas Smolcic Larson em inglês no site College Hill Independent aqui. O RioOnWatch traduz matérias do inglês para que brasileiros possam ter acesso e acompanhar temas ou análises cobertos fora do país que nem sempre são cobertos no Brasil.

Em 1932, enquanto milhões de americanos desempregados esperavam nas filas do pão, Los Angeles sediou as Olimpíadas pela primeira vez. No período anterior ao evento, manifestantes marcharam rumo à Sacramento, capital do estado da Califórnia, com cartazes que diziam “Mantimentos, Não Jogos”, protestando contra o Bond Act (Lei de Títulos de Dívida do Governo) da Décima Olimpíada da Califórnia. Passada por referendo em 1927, esta lei concedeu $1 milhão de fundos públicos (quase $18 milhões de dólares nos dias de hoje) para os Jogos. As Olimpíadas de 1932–projeto favorito do barão imobiliário de Los Angeles, William May Garland–introduziram elementos que agora são característicos dos Jogos modernos: a Vila Olímpica, cobertura da imprensa 24×7 e negociações de patrocínio corporativas. Naquele ano, a revista Time anunciou as Olimpíadas de Los Angeles como “um sucesso deslumbrante, sem precedentes”. A prefeitura foi até capaz de pagar os títulos e obter um lucro modesto, uma façanha que não foi replicada novamente nos Jogos de Verão até 1984. Mas o custo da oportunidade de gastar dinheiro com as Olimpíadas ficou claro. Os manifestantes de Sacramento e o cenário da depressão revelaram a impressionante hipocrisia de canalizar o dinheiro público para as mega comemorações Olímpicas enquanto os moradores da cidade passavam fome.

Em quarenta iterações dos Jogos posteriores, esta injustiça Olímpica apenas piorou. Hoje em dia, o Comitê Olímpico Internacional (COI), a entidade governante dos Jogos, requer que os contribuintes paguem a conta do espetáculo Olímpico, enquanto estabelece os seus patrocinadores corporativos para angariar bilhões. Enquanto isso, exige uma imagem limpa e investimentos de infraestrutura específicos das cidades anfitriãs, criando condições para a gentrificação, o deslocamento de comunidades vulneráveis e policiamento repressivo. Apesar destes efeitos, o COI retrata as suas atividades como puramente benéficas para o esporte e a união global. Porém hoje ativistas urbanos ao redor do mundo não estão caindo nessa. Diante da Regra 50 do Estatuto Olímpico–especificamente proibindo qualquer “tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial” nos locais Olímpicos–os ativistas estão usando os Jogos como uma plataforma para destacar as questões de justiça social.

A pressão ativista fez com que as autoridades em Budapeste, Roma, Hamburgo, Cracóvia, Oslo e Boston desistissem das suas propostas para os Jogos de Verão de 2024, conferida à Paris pelo COI no ano passado. Estes grupos voltaram a opinião pública contra os Jogos citando os custos enormes e os legados prejudiciais das Olimpíadas passadas. O COI reagiu votando nos candidatos remanescentes–Paris e LA–concedendo-lhes os Jogos de 2024 e 2028 simultaneamente, evitando outro processo de propostas embaraçoso programado para 2019. 

Em 11 de agosto de 2017, a Câmara de Vereadores de Los Angeles votou unanimemente a aceitação dos Jogos de Verão de 2028, trazendo as Olimpíadas de volta à sua cidade pela terceira vez (Los Angeles também a sediou em 1984). Uma dupla de milionários, o Prefeito Eric Garcetti e o executivo de entretenimento e esportes Casey Wasserman, conduziram a proposta de Los Angeles. Oposto a eles, um ramo local dos Socialistas Democratas da América, chamado NOlympics LA (Não às Olimpíadas de Los Angeles), organizou um protesto à proposta meses antes de ser aprovada. O grupo agora representa uma coalizão de quase 30 organizações comunitárias unidas na sua oposição aos já programados Jogos de Verão 2028. O grupo está se preparando para dez anos de mobilização contra o COI–frente a como ele opera hoje em dia–aprendendo e se desenvolvendo com as lutas anti-Olímpicas em Chicago, Londres, Rio de Janeiro e Boston. O grupo pretende usar a plataforma Olímpica para abordar as necessidades dos moradores de Los Angeles, enquanto destaca onde os Jogos de 2028 prejudicariam a cidade. 

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Jonny Coleman, um organizador do NOlympics LA, esclareceu que os objetivos do seu grupo não são acabar com os eventos esportivos internacionais. “A nossa meta principal é abolir o Comitê Olímpico Internacional, dissolvê-lo totalmente e encontrar uma nova maneira”, explicou ao Independent. O COI é a raiz dos problemas das Olimpíadas, disse Jonny. Incorporado no paraíso fiscal da Suíça como não-lucrativa, o COI é uma organização privada, que não deve explicações a qualquer governo. Os 100 membros da entidade são compostos por realeza, diretores executivos e milionários. Os seus membros não são pagos, mas as cidades que se candidatam presenteiam-nos com passagens aéreas de primeira classe e jantares em restaurantes de cinco estrelas. As autoridades do COI também têm um histórico de aceitar propinas dos comitês de licitações, ilustrado nas alegações de corrupção envolvendo os Jogos de Londres, Sochi e Rio. 

O COI divulga o impacto do “Legado Olímpico” sobre as cidades-sede–na sua definição os benefícios em longo prazo do investimento em infraestrutura, atenção internacional, e oportunidades econômicas que os Jogos trazem. As Olimpíadas são imensamente lucrativas, mas não para as cidades e as populações locais. Os principais beneficiários são o próprio COI e os seus parceiros corporativos. Os membros do Programa de Parceiros Olímpicos, atualmente 13 corporações que incluem a Coca-Cola e a Procter-Gamble, pagam centenas de milhões de dólares ao COI pelo direito de usar a marca Olímpica. A NBC Universal pagou US$4,38 bilhões ao COI pelo direito de transmitir as quatro Olimpíadas entre 2014 e 2020 na US TV, contribuindo para cerca de 40 por cento da renda do COI para qualquer um destes eventos. Os direitos Olímpicos da TV chegaram a US$4,1 bilhões em 2016, mas o COI compartilhou apenas cerca de 30 por cento disto com a cidade-sede. Arrecadou-se US$5,6 bilhões no ciclo Olímpico que terminou naquele ano, usando dez por cento para as suas operações e distribuindo o restante para os Comitês Olímpicos Nacionais e as federações esportivas–não os devolvendo para as cidades.

O ativista baseado em Vancouver, Am Johal, resumiu a situação: “As Olimpíadas são uma franquia corporativa que você compra com dinheiro público”–um subsídio público de propriedade privada. O contrato da cidade-sede dita as instalações esportivas, acomodações e infraestrutura que deve estar disponível aos frequentadores das Olimpíadas. As cidades cobrem os custos, freqüentemente por meio de parcerias público-privadas. O contrato do COI inclui uma garantia do contribuinte–que obriga as cidades-sede a pagar a conta se os Jogos ultrapassarem o orçamento. Isto geralmente acontece, com os custos finais alcançando uma média de 156 por cento do orçamento inicial, de acordo com um estudo da Oxford University em 2016. 

Uma exceção notável a este padrão: a segunda vez em que Los Angeles sediou as Olimpíadas, em 1984. Durante aquele processo de licitação, Los Angeles competiu apenas com o Teerã, que abandonou a competição no início da Revolução Iraniana. O COI foi forçado a aceitar uma proposta na qual os contribuintes de Los Angeles não seriam responsáveis pelos custos Olímpicos, que seriam cobertos por investimentos privados. Esta foi a única exceção à garantia do contribuinte. Ao assinar o contrato da cidade-sede no ano passado, Los Angeles comprometeu-se a cobrir quaisquer excedentes do orçamento de US$5,3 bilhões para os Jogos de 2028. 

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A plataforma NOlympics LA apóia-se na ideia de que as Olimpíadas de 2028 representam um uso negligente dos recursos públicos, devido à severa escassez de habitação à preços acessíveis na cidade e às crescentes taxas de desabrigados. Durante o governo do Prefeito Garcetti, o número de pessoas morando nas ruas cresceu 75 por cento, alcançando quase 60.000, conforme relatado pelo LA Times neste mês. Los Angeles é uma das cidades de custo de vida mais alto no país. Os aluguéis subiram com a popularidade da cidade enquanto os salários ficaram estagnados ou caíram. “Acreditamos que resolver estas crises tão rápida e humanamente quanto possível deve ser a prioridade da nossa cidade”, explica NOlympics LA na sua análise da proposta Olímpica de Los Angeles. “O fato dos líderes da nossa cidade e as autoridades eleitas gastarem tanto dinheiro e energia em qualquer outro objetivo é inconcebível.”

Além de desviar recursos das comunidades marginalizadas na cidade-sede, as Olimpíadas têm um histórico de deslocar comunidades de cor e baixa renda. Os Jogos de Beijing em 2008 removeram à força ou desalojaram 2 milhões de pessoas, inclusive muitos trabalhadores migrantes de baixa renda, de acordo com um relatório do Centro sobre Direitos à Habitação e Remoções baseado na Suíça. Uma dinâmica semelhante no período anterior aos Jogos do Rio de Janeiro em 2016 levou uma coalizão local de organizações de justiça social orientadas contra o desenvolvimento de megaeventos a apelidá-los de “jogos da exclusão“. Este apelido surgiu devido aos projetos de transporte e estádio Olímpicos que deslocaram favelas inteiras enquanto beneficiavam primeiramente os ricos.

Além disso, as Olimpíadas autorizam as forças policiais locais a reprimir comunidades vulneráveis. Em Los Angeles, as Olimpíadas de 1984 contribuíram para a militarização da força policial da cidade. Na ocasião, o Chefe de Polícia Daryl Gates prendeu milhares de pessoas de cor suspeitas de serem membros de gangues sem o devido processo nas “varreduras de gangues nas Olimpíadas”. Após os Jogos, a iniciativa Community Resources Against Street Hoodlums (Recursos Comunitários Contra Arruaceiros na sigla em inglês C.R.A.S.H.) da Divisão do Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) resultou em um aumento de 33 por cento nas queixas de violência policial, uma conseqüência direta das repressões e militarização Olímpicas. Depois que os militares patrulharam as ruas do Rio durante os Jogos de 2016, as autoridades da cidade cada vez mais chamaram as tropas em 2017 para ocupar favelas que abrigavam traficantes de drogas, fechando as escolas locais e forçando os moradores a conviver com tanques patrulhando as suas ruas. 

Este precedente de desvio de recursos, deslocamentos e militarização levou vários ativistas que se mobilizam a favor das comunidades marginalizadas para a causa da NOlympics LA. Jonny disse que o alcance dos esforços do grupo resultou na colaboração entre os grupos de justiça social que tradicionalmente permanecem separados, tais como os defensores de habitação e vítimas de deslocamentos. “Acho que é uma porta de entrada bem interessante”, ele disse, referindo-se a como a mobilização contra os efeitos multifacetados Olímpicos envolve uma abordagem mais holística para combater as iniquidades sociais. Os defensores da proposta de Los Angeles afirmam que os estádios esportivos existentes reduzirão os custos monetários e sociais de construir novas instalações, mas NOlympics LA argumenta que as reformas ainda serão necessárias, o que agravará o declínio de projetos de construção sindicalizados, ao trazer uma força de trabalho mais precária para a cidade. Esta questão reúne os ativistas de direitos do trabalho, advogados anti-deslocamentos e aqueles preocupados com o desvio dos fundos públicos–criando oportunidades para colaboração futura.

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As Olimpíadas oferecem uma plataforma e um destaque para ativistas locais focados nas necessidades de comunidades específicas. Theresa Williamson, Diretora Executiva da ONG Comunidades Catalisadoras (ComCat) baseada no Rio de Janeiro, teve por objetivo impulsionar isto ao lançar o site de notícias RioOnWatch.org para monitorar o impacto das Olimpíadas Rio 2016. A ComCat trabalha ao lado de líderes comunitários nas favelas do Rio–comunidades afro-brasileiras em sua maioria, construídas informalmente–para promover planejamento urbano sustentável e combater a representação das favelas como locais caracterizados pelo crime. Theresa disse ao Indy que “uma das enormes oportunidades que as Olimpíadas proporcionam para os mobilizadores das cidades-sedes [é] um holofote externo permanente, durante muito tempo, que pode ajudar a direcionar as questões que lhes são importantes, presumindo que são impactados pelas Olimpíadas”. O RioOnWatch publica matérias de uma rede de jornalistas das favelas e voluntários internacionais em inglês e português, adotando uma perspectiva “hiperlocal” nas notícias. O site foi responsável, em grande parte, por direcionar a cobertura estrangeira da Rio 2016 para as favelas que enfrentaram deslocamentos motivados pelas Olimpíadas e dar aos jornalistas um vocabulário acurado para descrever estas comunidades.

Oito anos depois, o RioOnWatch continua a relatar as questões das favelas. O site é um marco para outros grupos anti-Olimpíadas. Theresa está atualmente se engajando com ativistas em quatro cidades, inclusive Los Angeles, para traduzir o modelo do RioOnWatch para outras cidades. Ela acredita que esta plataforma deve focar-se em um certo grupo desfavorecido. “As favelas proporcionaram um foco bem claro, o que é bom”, ela disse. “Vimos o universo de questões que as afetam de uma maneira geral, então cobrimos muitas coisas, desde trânsito, quilombos, o COI, Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), movimentos feministas, direitos LGBTI, etcetera”. Em Los Angeles, Jonny diz que o seu foco é este tipo de cooperação internacional e compartilhar conhecimento. NOlympics LA também está mantendo conversações com ativistas em Boston, Londres, Chicago, Coréia e Japão.

“Estamos tentando manter conversações bem cedo com outras cidades, onde as propostas estão se formando, especificamente para 2026 e 2030. [Lugares] como Salt Lake City, Denver, Calgary”, Jonny disse ao Indy. Com bastante tempo para se preparar, NOlympics LA quer influenciar outros processos de propostas antes que fiquem adiantados. “Reconhecemos que, de muitas maneiras diferentes, as Olimpíadas são historicamente impopulares neste momento. Por meio de muitas métricas–estas cidades estão apresentando licitações com referendos diferentes–isto está acontecendo com um índice realmente elevado, porém muitas pessoas realmente ainda não percebem isto por causa da gigantesca máquina de marketing”, disse Jonny.

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Para um modelo de vitória em grande escala contra uma proposta Olímpica, Los Angeles olhou para Boston. A proposta de Boston para 2024 formou-se quietamente, apoiada pelo magnata de construção John Fish e o prefeito de Boston Marty Walsh. Em janeiro de 2015, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC) escolheu a proposta de Boston para submetê-la aos Jogos de 2024. Robin Jacks, co-fundadora de Occupy Boston, soube da proposta alguns meses antes quando um jornal da comunidade em Jamaica Plain, onde ela morava naquela época, relatou que a comissão da proposta planejava usar Franklin Park para vários eventos. Aborrecida com a possibilidade deste parque ser isolado para os Jogos e a falta de informação pública sobre a proposta, Robin ajudou a criar No Boston 2024 em oposição à proposta. A sua organização trabalhou em conjunto com No Boston Olympics, outro grupo anti-Olimpíadas liderado por três pessoas de Boston ligadas ao governo e à economia, para combater a proposta. Robin e No Boston 2024 fizeram uma campanha eficaz nas mídias sociais, convocando outros para a causa. 

Ela logo recebeu uma bateria de mensagens de outros ativistas anti-Olímpicos com conselhos: Os londrinos descrevendo a gentrificação e os deslocamentos e os ativistas de Chicago que seguiram os membros do COI até que eles aceitassem uma pasta cheia de provas contra as Olimpíadas. “Não é algo que necessariamente teria funcionado há alguns anos, mas vivemos neste mundo moderno onde todos estão conectados digitalmente e instantaneamente, então é fácil ter esta comunidade de pessoas que combateram isto em algum nível nas suas comunidades”. Robin disse ao Indy. “É um grupo inteiro, esquisito, singular, heterogêneo–e as próximas rodadas Olímpicas vêm–e todas essas pessoas nos encontram ou nós as encontramos. E assim vai indo”. Os esforços do No Boston 2024 e a impopularidade em massa da proposta fez com que o Prefeito Walsh oficialmente desistisse dela em julho de 2015. O USOC voltou-se para a única outra cidade interessada em hospedar: Los Angeles.

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Escrevendo no seu livro de 2014, Activism and the Olympics (Ativismo e as Olimpíadas), o ex-jogador de futebol profissional que se tornou acadêmico Jules Boykoff explica, “Seria mais correto chamar a resistência anti-Olímpica de ‘evento de coalizão’ do que de um movimento social em si, pois o ativismo é pouco sustentado através do tempo; os manifestantes capengam com orçamentos muito limitados de cidade-sede Olímpica em cidade-sede”. Ele compara o ciclo das propostas Olímpicas e os movimentos de resistência correspondentes a “uma versão ativista de Whack-A-Mole (o jogo Marrete a Toupeira)”. Mas a coalizão da NOlympics LA pode estar sendo construída na direção de algo com mais poder de permanência.

Jonny descreveu a sua visão para o trabalho do grupo. “Acho que isto provavelmente irá formalizar o grupo que irá estar de olho em todos estes mega projetos, todos estes eventos lotéricos–Copa do Mundo, Amazon, qualquer próxima iteração dessas”, ele disse, “Se não podemos pará-los em Los Angeles, mas pudermos pará-los em dez outras cidades, isto é poder. Se não houver mais cidades, o modelo estará quebrado. Eles terão que reformá-lo”. O COI tem funcionado durante muito tempo como o projeto da elite global que não deve explicações, deixando um caminho de destruição para trás. Mas sem um lar, o modelo Olímpico desmorona. 

No mês passado, o NOlympics LA publicou uma carta aberta de solidariedade aos movimentos No Tokyo e No Pyeongchang. A cobertura das Olimpíadas de Inverno de Pyeongchang nos Estados Unidos, teve como foco a união coreana e o heroísmo atlético–desconsiderando os níveis sem precedentes de segurança militarizada e a destruição de uma floresta virgem de 500 anos para dar lugar às pistas de esqui. “Esta luta contra as Olimpíadas é global” escreve NOlympics LA em sua carta. “Dizemos NÃO: NÃO para pessoas deslocadas ou com passagens só de saída das cidades-sede; NÃO para o desmatamento e a gentrificação para dar lugar a estádios e arenas; NÃO para a exploração de jovens atletas vulneráveis sujeitos a abuso sistemático”.