Leia a matéria original por John-Manuel Andriote em inglês no site Psychology Today aqui. O RioOnWatch traduz matérias do inglês para que brasileiros possam ter acesso e acompanhar temas ou análises cobertos fora do país que nem sempre são cobertos no Brasil.
Política nunca é tão pessoal quanto quando afeta você pessoalmente. Você pode cair em si rápido quando seus direitos humanos básicos são considerados um assunto polêmico e sua mera existência uma apronta para aqueles no poder. Apenas pergunte para alguém que por acaso seja LGBT, negro ou mulher nos Estados Unidos hoje e que não suportam Donald Trump e o Partido Republicano. Muitos de nós estamos sentindo um aumento da ansiedade suscitado pelo que tem se tornado ataques diários a nossos corações, a nossa inteligência, a nossa paz de espírito e mesmo ao nosso senso de segurança.
Felizmente, há formas de se manter acordado e preservar a sanidade ao mesmo tempo.
Quase 40 milhões de americanos sofrem de ansiedade, a doença de saúde mental mais comum nos Estados Unidos, de acordo com a Associação Americana de Ansiedade e Depressão (Anxiety and Depression Association of America).
The Calm Center, um site informativo para pessoas afetadas pela ansiedade, relata que enquanto lidar com todos os tipos de ansiedade envolve fazer mudanças no estilo de vida para controlá-las, há mudanças específicas que você pode fazer para reduzir o que eles chamam de “Ansiedade Donald Trump”.
Partindo da lista apresentada pelo centro e outras listas que eu peguei em uma série de fontes, eu coloquei junto esses nove passos concretos que podem ajudar você a ficar consciente e informado enquanto lidando com o estresse que a consciência e informação podem produzir quando eles não estão amortecidos, e que pode ser prejudicial para a sua saúde.
1. Fique ativo
Claro que você deve votar. Mas você pode fazer mais do que votar. Traduza sua raiva em ação. Se envolva em uma associação de vizinhos, seja voluntário, ligue para seus políticos eleitos, organize comícios, protestos ou mesmo se envolva em uma boa e velha desobediência civil americana.
2. Entre em uma comunidade
Da mesma forma que amigos e uma família (funcional) podem ajudar a reduzir ansiedade, estar entre pessoas trabalhando em direção a um objetivo político e social similar pode dar suporte a seu senso de esperança.
3. Limite o uso das mídias sociais
É fácil cair num vórtice temporal enquanto se está no Facebook e Twitter, e igualmente fácil se tornar consumido pelo stress a medida que nossos contatos desabafam e compartilham ainda mais exemplos dos comportamentos e retórica ultrajantes que emanam de Washington.
4. Preste atenção em suas palavras
Mantenha um olhar crítico em como você enquadra a história do que você viu ou ouviu, e seja igualmente crítico sobre palavras, linguagem e a “factualidade dos fatos” que você e outros usam quando estão falando sobre outras pessoas e enquadrando a história.
5. Saia para o ar livre
Respire um ar fresco, ande ou faça uma trilha, pedale uma bicicleta ou simplesmente se sente à luz do sol. Todos esses comportamentos são destruidores de ansiedade.
6. Eduque-se
Informação é poder, e quanto mais você sabe sobre políticas e os processos políticos mais você também saberá sobre o que deveria ou não se preocupar.
7. Leia sobre resistência e resiliência
Na Igreja Universalista Unitária em Frederick, no estado de Maryland, o pastor Carl Gregg disse que os livros de ficção distópica lidos durante a leitura de verão de 2017 na igreja—1984 de George Orwell, O Conto da Aia de Margaret Atwood, e Parábola do Semeador de Octavia Butler—deixaram claro que “esses livros não são sobre falta de esperança e desespero. Eles são contos preventivos, mas também expõem caminhos de resistência e resiliência”.
8. Resista conscientemente
Robert Wright, autor que recentemente publicou Por que o budismo funciona e editor da Mindful Resistance Newsletter, apontou em um artigo da Vox (“Resistência via atenção plena” é a chave para derrotar Trump!) que Donald Trump é excelente em pressionar o botão emocional das pessoas e provocar indignação entre seus apoiadores e contra si mesmo, o que inflama ainda mais seus apoiadores. “O fato de Trump habitualmente encorajar a indignação ajuda ele,” diz Wright, “já que nós cooperamos ficando indignados, reagindo às suas provações sem refletirmos”.
Você pode reduzir sua reação indignada instintivamente cultivando o que Wright chama de “atenção plena politicamente potente”, mesmo quando você não medita. Ele observa que na tradição budista, estar atento significa estar “tão consciente do medo que você não é governado por ele”. A atenção plena, ele diz, “foi feita para dar a você todo o estado de alerta e foco que a cafeína ou o medo trazem, mas sem a reação exagerada”.
Como um exemplo, Wright cita um tweet muito retuitado de 24 de setembro de 2017, feito pelo apresentador do podcast Pod Save America Jon Lovett que diz que “o presidente é uma pessoa horrível, cercada de pessoas horríveis alimentando os instintos terríveis de seguidores terríveis por motivos terríveis”. Quando eu olhei em julho de 2018, ele tinha sido retuitado 7.627 vezes e recebido 34.924 “curtidas”. Você também pode concordar com Lovett e ceder ao desejo de retuitar. “Mas suponha”, diz Wright, “que em vez de obedecer a esse desejo, você observe ele atentamente e pare por tempo bastante para se questionar: dado que muitos seguidores do Trump são motivados em parte por seu senso de que as elites costeira os desprezam, não seria contraproducente que a elite costeira, como Jon Lovett, os chame de ‘terríveis’?”.
Wright diz: “se tais questões fizerem você não apertar o botão para ‘retuitar’, então parabéns: você acabou de se engajar em um pequeno ato de resistência consciente”.
9. Utilize a indignação cuidadosamente
Isso também é conhecido como “escolha suas batalhas”. Wright diz: “a indignação é um recurso para ser utilizado cuidadosamente, nas ocasiões quando sua importância supera sua tendência a reforçar a narrativa de perseguição feita por Trump”. Ao invés de se juntar a merecida zombaria de Melania Trump vestindo salto alto para avaliar os danos de um furacão e uma jaqueta com o texto “Eu Não me Importo. E você?” para checar a situação de crianças encarceradas e separadas de seus pais pela política anti-imigração de seu marido, salve energia para a política em si.
O principal objetivo desses passos é acalmar sua ansiedade, dar suporte a sua resiliência e acalmar sua mente. Como Wright coloca, “uma mente em paz pode ser uma mente temível”. Mentes temíveis e funcionais, bem como almas resilientes e resistentes são fortalezas poderosas contra a ansiedade—mesmo quando a fonte de nosso estresse está sentado no Salão Oval. Elas são também precisamente o que nós precisamos para passarmos por tempos difíceis sem perder nossa cabeça.