A série Justiça Climática do RioOnWatch visa estabelecer uma discussão acessível sobre a relação do meio ambiente e crise climática com a justiça social, proporcionando uma compreensão histórica e trazendo à luz soluções desenvolvidas nas favelas. Alternando-se entre denúncias e proposição, a série vem desnudando o racismo ambiental, desvelando como certos territórios são mais vulneráveis às emergências climáticas, ao passo em que também traz visibilidade às inúmeras iniciativas comunitárias transformadoras dessa realidade, reconhecendo os esforços de coletivos locais na solução dessas urgências.
A série Justiça Climática faz parte do projeto “Realizando o Direito à Favela Através da Comunicação Comunitária e Popular”. Justiça climática é um dos quatro elementos críticos para realizar o direito à favela na visão do projeto. Os outros são: democracia, direitos humanos, e direito à moradia.
Favelas resilientes a desastres precisam de serviços e de uma infraestrutura que vise uma urbanização sustentável. Além de investimentos, o governo precisa oferecer segurança e o direito à permanência aos moradores de áreas propensas a deslizamentos e enchentes através de políticas públicas, atuando em parceria com a população local.
Por muito tempo, imaginou-se que as mudanças climáticas seriam uma consequência para o futuro, mas documento do IPCC aponta que elas são um desafio do presente. Metade da população mundial já vive sob risco climático. Esse cenário é ainda mais grave para as populações marginalizadas, como os moradores de favelas e periferias, indígenas e quilombolas.
Ação e as relações são capazes de adiar finais de mundo. Nas quebradas, becos e ruínas de aldeias e quilombos, mães afroindígenas sabem as políticas públicas mais eficientes na gestão do caos. As mulheres pretas estão criando estruturas políticas que viabilizam a vida, a reconstrução da dignidade e do senso de comunidade na diáspora.
Se pessoas de uma determinada classe social, gênero ou cor são mais atingidas do que outras por eventos climáticos extremos, fica evidente que há (in)justiça climática e racismo climático. Os atravessamentos sociais, políticos e econômicos que estruturam as relações de poder na sociedade também se fazem presentes no meio ambiente.
O Vale Encantado, uma pequena comunidade centenária no Alto da Boa Vista, acaba de dar mais um salto como referência de práticas sustentáveis. A partir de 30 abril de 2022, todas as 100 pessoas de 40 famílias que moram nas 27 casas do Vale Encantado passaram a ter tratamento completo e ecológico de esgoto, feito dentro da própria comunidade.
Nos altos dos morros, em encostas ou próximos a rios, moradores têm sofrido cada vez mais com os efeitos das mudanças no clima. É assim no alto do Morro do Turano, entre os bairros do Rio Comprido e da Tijuca, onde moradores correm o risco de uma tragédia anunciada.