Na Primeira Semana de Fevereiro, Choveu Mais do que o Esperado para Todo o Mês. Quem Sofre Com as Mudanças Climáticas? As Favelas! É #OQueDizemAsRedes

Desabamento no Catete causado pelas fortes chuvas. Foto: Pedro Ivo/Agência O Dia
Desabamento no Santo Amaro, no Catete, causado pelas fortes chuvas. Foto: Pedro Ivo/Agência O Dia

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Esta matéria faz parte da série #OQueDizemAsRedes que traz pontos de vista publicados nas redes sociais, de moradores e ativistas de favela sobre eventos e temas que surgem na sociedade. Ela também faz parte de uma série gerada por uma parceria com o Digital Brazil Project do Centro Behner Stiefel de Estudos Brasileiros da Universidade Estadual de San Diego na Califórnia, para produzir matérias sobre a questão da água e a população LGBTQIAP+ nas favelas cariocas e na Baixada Fluminense.

O racismo ambiental moldou a construção das nossas cidades. Não é surpresa quem sofre as consequências.

Na primeira semana de fevereiro, entre domingo, 5 de fevereiro, e sábado, 11 de fevereiro, passando principalmente por terça-feira, dia 7, o Rio de Janeiro sofreu com a ocorrência de eventos climáticos extremos. Momentos de caos, alagamentos, desabamentos e mortes. Após fortes chuvas, mobilizadores de favelas e ativistas da causa climática denunciaram que os efeitos das mudanças climáticas são desproporcionalmente mais destrutivos em favelas e periferias. As mudanças climáticas no contexto do Rio de Janeiro manifestam o grave racismo ambiental que caracteriza a cidade, onde comunidades de baixa renda, majoritariamente negras, são as mais atingidas.

Mudanças climáticas essas que geraram, no domingo, 5 de fevereiro, uma tempestade tropical com ventos tão fortes que causou a formação de ondas na Baía de Guanabara, entre a Ilha do Governador e Paquetá, resultando no naufrágio de um barco de passeio, com 14 pessoas a bordo. Até quase uma semana depois do acidente, seis pessoas haviam sido resgatadas com vida e seis foram encontradas mortas, enquanto duas permaneciam desaparecidas. Somente no domingo seguinte, 12 de fevereiro, dois corpos foram vistos por pescadores, perto da Ponte Rio-Niterói. Um dos cadáveres foi identificado poucas horas depois de ser levado para o Instituto Médico Legal (IML), como a sétima vítima fatal do naufrágio. E, na noite de domingo, a Marinha finalmente confirmou que o segundo corpo achado era da última vítima desaparecida.

Na terça, 7 de fevereiro, os transtornos foram sentidos por todas as regiões da cidade. Em quatro horas, choveu mais que o volume esperado para todo o mês de fevereiro. Na região metropolitana, em 24 horas, seis pessoas morreram em decorrência das chuvas, três delas em favelas que morreram em deslizamentos ou rolamento de pedras.

No Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul, José Sirlei Carvalho Dinos, de 81 anos, morreu soterrado por pedregulhos que caíram de uma varanda e de um muro de contenção na Rua Pedro Américo. De acordo com relatos de moradores, as estruturas foram atingidas por raios durante as fortes chuvas. O idoso estava dentro de casa quando as rochas, quebradas pelos raios, começaram a desabar sobre o imóvel. Além dele, uma idosa ficou ferida na comunidade.

Após um deslizamento de encosta na Chácara do Céu, a pequena Aylla Sophia, de 2 anos, foi morta. A família da menina havia acabado de se mudar para a favela somente três dias antes do desmoronamento. Segundo relatos de vizinhos, com a forte chuva, muita água começou a entrar pelo teto da casa. Até que, de repente, uma enxurrada desceu a encosta com pedras e muita lama e acertou a casa, que ficou destruída. Aylla ficou soterrada e morreu no local. Sua mãe conseguiu escapar com vida.

Ainda nessa noite, dessa vez em São Gonçalo, Gizelle Martins Bezerra, de 22 anos, morreu vítima de um deslizamento no Morro da Coruja, no bairro de Neves, na divisa com Niterói. Segundo vizinhos, a casa veio abaixo em um deslizamento de encosta. Ela ficou presa embaixo de um muro e de bastante terra. A jovem não resistiu aos ferimentos e morreu.

Durante a tarde e a noite de 7 de fevereiro, a cidade do Rio atingiu o estágio de alerta, o quarto em uma escala de cinco estágios. Das 162 sirenes da prefeitura, que alertam os moradores de favelas e de outras áreas de risco de deslizamento de terra sobre a iminência de um desastre geológico, 113 foram acionadas. Isso demonstra que o temporal caiu intensamente sobre toda a cidade, apesar de ter tido um poder especialmente destrutivo nas favelas.

#OQueDizemAsRedes

Chuvas torrenciais atingem o Rio de Janeiro todos os verões. Portanto, o que gera mortes e perdas materiais não é a natureza, mas a falta de preparo e de políticas públicas que garantam a segurança dos cidadãos frente às mudanças climáticas.

Coletivos, mobilizadores e moradores de favelas da região metropolitana reagiram nas redes sociais, indignados com as perdas que sofreram com essas chuvas de verão. 

Denunciando o que acontece todos os anos e pedindo que os moradores tivessem cuidado e evitassem sair de casa, o Coletivo Fala Akari postou, em suas redes sociais, uma foto da rua em frente a sua sede, completamente alagada. Segundo moradores de Acari, a prefeitura não ofereceu o suporte necessário para a população atingida.

No Complexo da Maré, o coletivo de comunicação Maré Vive denunciou alagamentos na Rua B1, próximo ao Museu da Maré.

Foto tirada por integrantes do Museu da Maré, ilhados na instituição, terça-feira, 7 de fevereiro de 2022.
Foto tirada por integrantes do Museu da Maré, ilhados na instituição, terça-feira, 7 de fevereiro de 2022.

Renata Trajano, co-fundadora do Coletivo Papo Reto, do Complexo do Alemão, usou suas redes para lembrar da importância dos centros de apoio estarem preparados para receber a população durante tempestades como estas do início de fevereiro. Os pontos de apoio oferecem abrigo e segurança para populações vulneráveis. É para esses locais de referência que os moradores de áreas de risco vão depois que as sirenes tocam para alertar sobre o perigo de desmoronamento de encostas.

Voz das Comunidades denunciou que, dentre as localidades do Complexo do Alemão, a Fazendinha foi a área mais afetada. É possível ver no post do Voz que a Avenida Itaoca, na altura da entrada da Fazendinha, estava completamente submersa.

No entanto, Manguinhos e Jacarezinho estão entre as favelas mais devastadas pelos eventos do dia 7 de fevereiro. No Jacarezinho, moradores desesperados observaram a água atingir quase o segundo andar das casas, enquanto ouviam pedidos de ajuda dos vizinhos.

Um vídeo feito por um morador do Jacarezinho, que circulou em grupos de WhatsApp de movimentos de favela, mostra a água subindo acima do nível da entrada da casa dele. No portão de casa, incrédulo, ele filmou a água subindo de nível por causa da chuva. Ironicamente, ele escreveu no vídeo ao postar: “chovendo pouco”.

No entorno do Jacarezinho, na Avenida dos Democráticos, em uma área atrás da Cidade da Polícia, o alagamento quase cobriu os carros que estavam parados na via e trouxe consigo muito lixo.

Vale lembrar que o Jacarezinho foi uma das duas comunidades onde houve a implantação do programa Cidade Integrada. Dentre as ações previstas e ainda não realizadas estavam o dessassoreamento, o alargamento e a despoluição dos rios da comunidade.

De maneira similar, em Manguinhos, na localidade de Vila São Pedro, Chirley Vicente, de 57 anos, sofre há anos com a força das águas e da negligência. Assistente social e fundadora do Instituto de Ação Social, Esporte e Educação (IASESPE)—conhecido na comunidade como ONG do Skate—Chirley sofre ano após ano a dupla tristeza de ver sua casa e seu projeto social destruídos pelas enchentes no Rio Faria-Timbó.

Rio Faria-Timbó visto da favela Vila São Pedro, em Manguinhos. Foto: Juliana Pinho
Rio Faria-Timbó visto da Vila São Pedro, em Manguinhos. Foto: Juliana Pinho

Neste verão, não foi diferente. A caminho de casa, no entardecer do dia 7, Chirley compartilhou, em grupos do WhatsApp, um vídeo da Vila São Pedro, em Manguinhos. Capturando a vista a partir da Linha Amarela, o vídeo registrou o Rio Faria-Timbó completamente transbordado. As imagens mostram a enchente chegando na copa das árvores, quase ao teto do térreo das casas.

Segundo Chirley, o verão sempre traz alegria e destruição. Em um grupo, desabafou: “Eu ainda nem entrei na ONG, mas na minha casa, a geladeira está boiando”. No vídeo que gravou, é possível ouvir seu lamento sobre o preço que pagou por essa geladeira, agora inutilizável por conta da enchente.

A ativista Jessica Lene, cria de Manguinhos, enfatizou em suas redes a falta de políticas públicas e de vontade política em resolver os problemas reais das favelas. Para Jessica, as chuvas fortes são comuns e esperadas. Deveria haver preparação contra elas, a partir de mais investimentos em saneamento básico e infraestrutura nas favelas.

Ainda na Zona Norte, no Salgueiro, uma enxurrada invadiu um colégio. Por conta de uma obra feita atrás da escola, o escoamento de águas pluviais entupiu e a água da chuva invadiu as salas de aula e demais cômodos, deixando móveis e eletrodomésticos boiando. Narrando o vídeo, um homem pede ajuda às autoridades:

Na região central, acima de Santa Teresa, moradores do Morro dos Prazeres testemunharam a formação de cascatas nas escadarias e becos da comunidade, como se pode ver neste vídeo abaixo.

Já na Zona Sul, Ruan Juliet, cria da Rocinha, falou sobre como a ausência do poder público torna a chuva um evento perigoso. Conhecido por fazer vídeos bem humorados apresentando sua favela, ele escolheu dar uma pausa nos conteúdos lúdicos para denunciar o que testemunhava na noite de 7 de fevereiro. Ruan gravou um vídeo mostrando como é a Rocinha durante fortes chuvas. Ele narra como as ruas enchem pela falta de tratamento de esgoto e explica como isso põe em risco moradores, motocicletas e veículos, que, às vezes, são arrastados ladeira abaixo pela enxurrada que desce a Rocinha. Assim como Renata Trajano, Ruan cita a importância das sirenes, que tocam para impedir que desastres climáticos se tornem tragédias humanas.

Também na Zona Sul, na comunidade do Horto, no Jardim Botânico, a TV Horto mostrou um grande fluxo de água e lama cobrindo as ladeiras da comunidade, vindo do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), onde houve uma obra polêmica, acusada de desmatamento.

Moradores temem que essa obra possa afetar a vida das espécies que vivem na região e das comunidades do entorno. Além disso, com parte da montanha descoberta, sem a mata nativa, deslizamentos de terra se tornam mais prováveis.

Água e lama desceu da obra do IMPA e a enxurrada invadiu casas no Horto, como mostrou a TV Horto:

No Santa Marta, em Botafogo, a chuva desceu com força, formando uma correnteza que foi varrendo abaixo tudo o que tinha pela frente nas ruas e becos do íngrime morro da Zona Sul. Esse fenômeno gerou registros impressionantes da chuva na comunidade.

Em outra parte da Zona Sul, no Complexo Pavão-Pavãozinho e Cantagalo (PPG), foi gravado um vídeo que rodou o WhatsApp, em que é possível escutar as sirenes tocando, enquanto as favelas localizadas na divisa entre Ipanema e Copacabana foram castigadas pela chuva da noite de 7 de fevereiro.

Em outro vídeo na mesma comunidade, é possível entender a dificuldade e o perigo que os motociclistas e mototaxistas enfrentam ao subir em dias de chuva forte. Na gravação, é possível ver duas motos enfrentando a correnteza para tentar subir a ladeira. Sob a torcida de moradores, a primeira moto, com uma pessoa, mesmo com dificuldades, consegue subir. Já a segunda, mais pesada, com duas pessoas, em meio ao aumento da enxurrada, tenta subir a rua, mas não consegue e retorna, para o alívio dos moradores no vídeo.

 

Os Impactos nos Ecossistemas de Favela

É importante lembrar que todo o ecossistema no qual as favelas estão territorialmente inseridas sofre desproporcionalmente mais com as consequências de eventos climáticos extremos. Humanos, fauna e flora de favelas estão cada vez mais vulneráveis climaticamente. Na Vila Aurora, por exemplo, uma favela da Zona Oeste, em Curicica, Jacarepaguá, alguns jacarés foram avistados nadando pelas ruas inundadas da comunidade, na noite de terça, dia 7, instaurando pânico entre os moradores.

No dia seguinte, depois das águas baixarem, alguns dos jacarés permaneciam pelas ruas e becos da comunidade. Fora de seu habitat, em meio às casas, foi necessário chamar o corpo de bombeiros para o resgate dos répteis. Os animais foram devolvidos ao Pantanal Carioca, especificamente ao Parque Natural Municipal de Marapendi, na Bacia Hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá.

Do outro lado da cidade, no Complexo da Maré, um jacaré também ganhou os becos e as redes. Diversas páginas publicaram um vídeo em que uma criança, saindo de um alagamento, aparece com um filhote de jacaré nas mãos. Na filmagem, ele aparece tentando vender o animal que achou durante as enchentes do dia 7 por R$1.000. O animal provavelmente foi carreado pela água da chuva desde alguma região de pântano, onde a espécie é endêmica, até os manguezais do Canal do Cunha e da Baía de Guanabara, às beiras do Complexo da Maré, onde foi achado pelo garoto.

Ainda na Zona Norte, em Acari, a socióloga e comunicadora comunitária Buba Aguiar postou, em seu Twitter, uma foto de um sapo e um vídeo de um jacaré nadando pelas ruas inundadas de sua favela pelo Rio Acari. No tuite, Buba destacou que esse não é um fato atípico, pois esses são animais característicos do Rio Acari. Ela inclusive relembrou já ter visto jacarés em outros momentos na localidade de Acari chamada Terra Nostra.

Campanhas de Solidariedade e Incidência: Saiba Como Ajudar e Agir

Como comunidades especialmente atingidas pelas chuvas de 7 de fevereiro, mobilizadores começaram a somar esforços para atrair atenção e recursos para ajudar os moradores de Manguinhos e Jacarezinho. Jota Marques, professor e mobilizador da Cidade de Deus, conselheiro tutelar de Jacarepaguá e suplente de vereador no Rio de Janeiro postou, em seu Instagram, uma foto em que mostra um trabalhador submerso no portão de casa, no Jacarezinho. No post, ele reconhece que o problema é principalmente de gestão pública, mas afirma que o momento é de unir esforços em favor dos moradores mais impactados pelos eventos climáticos extremos.

É justamente com foco na assistência emergencial aos moradores do Jacarezinho, que a ONG Cria de Favela está arrecadando alimentos não-perecíveis e colchonetes, pois, como escreveram no Instagram: “São milhares de pessoas sem o que comer e sem ter como dormir”. A organização, cuja missão é auxiliar na execução de projetos no Jacarezinho, foi fundada pelo jornalista e ex-deputado federal, cria da comunidade, David Miranda e seu marido, o também jornalista, Glenn Greenwald. O ponto de coleta das doações é na sede da ONG, na Rua Viúva Cláudio, 279, Jacarezinho. Além disso, os interessados podem doar transferindo dinheiro pelo pix vinculado ao CNPJ 44.207.659/0001-99. Doações de qualquer valor serão bem-vindas.

Enquanto isso, em reação às recentes chuvas e seus impactos desproporcionais sobre as favelas, a Coalizão pelo Clima-RJ irá realizar sua ação para a Greve Global pelo Clima, em 3 de março, através de um ato no Jacarezinho e caminhada até Manguinhos.

O LabJaca, um laboratório localizado no Jacarezinho, de pesquisa, formação e produção de dados e narrativas sobre as favelas e periferias, compartilhou, em seu Instagram, vários meios de ajudar os moradores atingidos pela calamidade climática. O grupo de pesquisa compartilhou que tanto a quadra da GRES Unidos do Jacarezinho, quanto a Paróquia Padre Nelson estão de portas abertas para abrigar moradores que tenham ficado impossibilitados de voltar para suas casas. E fecharam o post com duas frases bem emblemáticas do sentimento de abandono, de solidão e de nós por nós: “Sem você, não somos ninguém!” e “Toda ajuda é bem-vinda!”

Na vizinha Manguinhos, o engajamento dos moradores em aliviar o sofrimento de quem perdeu tudo também é notável. O coletivo Fala Manguinhos logo mobilizou a campanha SOS Manguinhos, com o objetivo de atender às necessidades primárias dos atingidos.

SOS Manguinhos pede contribuições de materiais de higiene e limpeza, alimentos, roupas de cama e banho, móveis e eletrodomésticos e colchões, a serem entregues em um dos quatro pontos de coleta na comunidade: Salão de Festas da Associação de Moradores Varginha, localizado na Rua Leopoldo Bulhões, 952, próximo a Estação de Manguinhos; na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) e no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. Além disso, é possível fazer doações via pix, que serão revertidas em compra de alimentos, materiais de higiene e limpeza para as famílias afetadas. As transferências devem ser feitas através do Coletivo Manguinhos Solidário, em nome de Paloma da Silva Gomes, CPF 130.200.787-41. Doações de qualquer valor são bem-vindas.

Para quem deseja doar móveis e/ou eletrodomésticos mas não tem meios de levar os itens até a comunidade, SOS Manguinhos busca sua doação. Ligue ou mande uma mensagem pelo WhatsApp para Bruno Martins, através do número (21) 97258-9151, e agende a retirada do que deseja doar aos atingidos pelas chuvas. Caso possa levar os itens até Manguinhos, entregue na Associação de Moradores da Varginha.

Além disso, o SOS Manguinhos também está organizando distribuição de quentinhas na Varginha, para pessoas que perderam não só a comida que tinham em casa, mas os meios de cozinhar e de comprar comida nova.

Jessica Lene também divulgou a campanha SOS Manguinhos, disponibilizando o próprio pix para transferências bancárias e irá prestar contas do que foi recebido e gasto depois Os valores serão convertidas em produtos de limpeza e comida. O pix de Jessica para transferências em favor dos atingidos pelas chuvas é 21 99658-8078.

Também na Zona Norte, na Barreira do Vasco, a Torcida Organizada Guerreiros do Almirante (GDA), com notória atuação social, denunciou os efeitos da chuva da noite no dia 7 na comunidade. Em um vídeo divulgado no Instagram da torcida, a presidente da Associação de Moradores da Barreira do Vasco, Vânia Rodrigues, em um beco inundado, com água pela cintura, fez um pedido emocionado de ajuda.

Frente à crise enfrentada pelos moradores, a GDA lançou a campanha A Barreira do Vasco Pede Socorro, na qual arrecada produtos de limpeza, itens de higiene pessoal, roupas, roupas de cama e comida para os atingidos pela chuva nesta comunidade de São Cristóvão. No domingo, dia 12, antes do clássico entre Vasco e Fluminense, houve recolhimento de donativos no Estádio de São Januário e em um trailer em frente ao estádio.

Sobre os autores:

Vinícius Ribeiro é nascido e criado na Zona Oeste, entre a Estrada da Posse, em Santíssimo, e o Barata, em Realengo. Atualmente mora na Ladeira dos Tabajaras. Jornalista, cineasta e fotógrafo, é membro do Coletivo Fotoguerrilha. Assina direção e roteiro dos curtas SobreviverDame CandoleSob o Mesmo Teto e Entregadores. Atualmente, está em um projeto sobre uberização e precarização do trabalho.

Julio Santos Filho é bacharel em Relações Internacionais (UFF) e mestre em Sociologia (IESP-UERJ). Homem negro, cria da Ilha do Governador, trabalha desde 2020 como editor-chefe do RioOnWatch. Em 2021, foi editor do Enraizando o Antirracismo nas Favelas, projeto medalha de prata no The Anthem Awards e ganhador do Prêmio Megafone de Ativismo Brasileiro, como melhor reportagem de mídia independente.


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