Hip Hop Promove Mudanças na Educação Pública da Baixada, Parte 1

"Naquele momento, o rap passou a ser visto como algo positivo. Acabou se tornando a solução para um problema educacional."

Família Lanatampa organiza, dentre outras coisas, uma roda de rap no bairro do Pantanal em Duque de Caxias
Família Lanatanpa organiza, dentre outras coisas, uma roda de rap no bairro do Pantanal em Duque de Caxias.

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Esta é a primeira parte de uma matéria especial cuja pauta foi selecionada pelo 4° Edital de Jornalismo de Educação da Jeduca (Associação Brasileira de Jornalistas da Educação) em parceria com o Itaú Social. Leia a segunda parte aqui.  

Comprovada a sua eficácia do ponto de vista pedagógico-educacional, o Movimento Hip Hop vem sofrendo uma metamorfose lenta e gradual no que diz respeito a como essa cultura tem sido observada fora das suas comunidades de origem. Antes identificado como música “de bandido”, hoje ele é reconhecido como uma legítima manifestação artística, em geral, e ainda com protagonismo da luta de classes. É importante reconhecer que, como arma de resistência social, esse movimento cultural movimenta a economia com poesias que enfatizam vivências pessoais. 

Através de três projetos com metodologias próprias—o RapLab, do Instituto Enraizados, sediado em Comendador Soares, bairro periférico de Nova Iguaçu; e Família Lanatanpa e Cypher Kids, ambos de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense—iremos vasculhar parte das origens do Movimento Hip Hop, cujo percurso se iniciou como um processo coletivo de resposta ao preconceito. É possível propor mudanças na estrutura de ensino e no cotidiano das unidades educacionais através do hip hop como ferramenta, mas também identificar resistências a essas possibilidades.

Motivações e Narrativas para se Fazer Ouvir

De acordo com a psicóloga e pesquisadora Mariane Lemos Lourenço, o termo “Hip (quadril) e Hop (balançar) é uma gíria, conhecida pelos jovens do Hip Hop, como “balançar o quadril”. Em tradução livre, “designa um conjunto cultural amplo que inclui música (rap), pintura (grafite) e dança (break). O rap, sigla derivada de ‘rhythm and poetry’ (ritmo e poesia), é a música do Movimento e constitui o seu elemento de maior destaque”. No Brasil, despontou nas periferias ao longo dos anos 1980, se popularizando somente na década seguinte, com o surgimento de nomes de grandes referências do rap nacional, como: Racionais MC’s, Thaíde e DJ Hum e RZO

Juliana e Anderson Maia são idealizadores e fundadores da Família Lanatanpa, que leva a cultura hip hop para o bairro do Pantanal na Baixada Fluminense
Juliana e Anderson Maia são idealizadores e fundadores da Família Lanatanpa, que leva a cultura hip hop para o bairro do Pantanal na Baixada Fluminense.

Chamados de narradores urbanos, os rappers desejam influenciar os outros com aquilo que acreditam ser positivo. Cobram uns dos outros as posições e princípios expressos nas suas letras. Muito mais do que se percebe, os rappers são agentes educacionais e moralizantes.

Aconselhar e influenciar os outros pode não ter sido o objetivo essencial da guia de turismo Juliana Maia, idealizadora, junto com o marido, o técnico eletricista Anderson Maia, da Família Lanatanpa. No entanto, é inegável o quanto agregar pessoas é um atributo natural do rap e do hip hop. O nome do coletivo fundado por Juliana e Anderson é um anagrama para Pantanal, bairro em Duque de Caxias onde essa iniciativa foi criada e onde o casal mora.

“O objetivo era ampliar o conceito de cultura e aliar aos interesses da juventude local. Depois que fizemos a primeira edição, em 2018, juntaram cerca de 400 pessoas na praça do Morro do Sossego (território vizinho ao Pantanal) e quando se concretizou a aceitação [dos moradores] da localidade, começamos a funcionar como batalha a cada 15 dias. Fomos ganhando forma e conteúdo e nos modelando de acordo com as necessidades do local. A ideia era apenas ser uma batalha de rimas e uma roda cultural, mas a coisa ganhou outras dimensões” — Juliana Maia

Ela diz ainda que a inspiração para se fundar a Lanatanpa foi a Batalha do Conhecimento, projeto criado pelo rapper MC Marechal, que se contrapõe às tradicionais disputas de MCs. Nas batalhas de rap, em geral, o vencedor é aquele que dispara os melhores versos de ataque, versados em bases musicais pré-gravadas chamadas de beats, como modo de se testar o freestyle, o poder de improviso, sempre em menosprezo ao adversário. Na Batalha do Conhecimento, no entanto, há, além das rimas e do freestyle, uma reflexão conjunta dos participantes ao abordarem temas complexos e cotidianos como direitos humanos, violência, racismo, educação e machismo, por exemplo.

Batalha do Conhecimento fundada por MC Marechal no Museu de Arte do Rio (MAR)
Batalha do Conhecimento fundada por MC Marechal no Museu de Arte do Rio (MAR).

Segundo o mesmo artigo de Mariane Lemos Lourenço, o hip hop é “uma arte que nasce da exclusão, da falta de acesso a outros meios de diversão como clubes, cinemas, teatros. É uma arte que diverte e que também informa, traz conhecimento. A arte do Movimento Hip Hop funciona como uma instância de mobilização, talvez a única a que esses jovens tenham acesso”. Essa percepção acaba dialogando com as motivações para a fundação da Família Lanatanpa.

“Nós percebemos que os amigos e parentes daqui tinham interesse em ir, mas não tinham condições financeiras para comparecer a uma batalha que se passava no Museu de Arte do Rio (MAR). Levávamos até alguns adolescentes, mas [a maioria dos] pais não autorizaram. E sem contar que o acesso daqui do Pantanal até a Central do Brasil é complicado porque ou você pega dois transportes ou pega um ônibus que custa sete reais. Sabíamos pouco sobre batalhas na Baixada, considerando que são 13 cidades e algumas muito distantes umas das outras, o que daria no mesmo em termos de dificuldade de deslocamento.

Acabamos nos tornando, para esses jovens, inspiração e modelo, que eles aceitam e escutam. Eles aceitam o Movimento Hip Hop no seu cotidiano. Eles até tentaram fazer uma batalha aqui perto de casa, mas eles não tinham credibilidade por serem adolescentes. Os moradores não respeitavam o que eles estavam tentando fazer, por mais que a gente estivesse por trás ali, incentivando. Por causa desses conflitos internos e territoriais, nós decidimos tirar a Lanatanpa do papel.” — Juliana Maia

No Chão do Pátio da Escola: Africanidade no Flow e nas Pick Ups

Família Lanatanpa engaja alunos em escola pública através da cultura hip hop - grafite, breaking, rap
Família Lanatanpa engaja alunos em escola pública através da cultura hip hop: grafite, breaking, rap.

Juliana destaca que o ambiente em sala de aula de uma escola pública não é propício a resultados de aprendizagem em longo prazo, porque o sistema educacional destinado a alunos da periferia se esquece das subjetividades que invadem o cotidiano dessas crianças e adolescentes. Não é o momento, segundo ela, de se criar novas regras e, sim, de despertar outras potencialidades emocionais neles para que, enfim, tenham o desempenho almejado.    

“Essa relação com a escola, acredito que conseguimos trazer o aluno de volta. Se ele tem senso crítico muito ácido, a gente vai trabalhar empatia. Se ele gosta de frequentar as aulas, mas é introvertido, vamos trabalhar as expressões artísticas. Se ele tem problemas com depressão, vamos formar uma rede de apoio. Ele precisa sentir que aquilo é para ele. O problema é que os alunos poderiam ter tudo na escola, mas o Estado sucateia a escola pública. As pessoas estão cansadas, tentando sobreviver. Quando a escola propõe algo para o aluno, ele não quer, nem dialoga. Ele está de saco cheio, vê aquela professora desde a quinta série, já tem ranço da diretora dele. Então, quando um projeto adentra a escola com uma proposta pedagógica diferente, muitos vão querer participar. A Lanatanpa cativa porque eles se veem.” — Juliana Maia 

Levi de Oliveira, mais conhecido como DJ Levas, contou sobre o quanto foi importante o hip hop na escola para ele, enquanto aluno
Levi de Oliveira, mais conhecido como DJ Levas, contou sobre o quanto foi importante o hip hop na escola para ele, enquanto aluno

Em 2018, veio o que seria a estreia da Lanatanpa em ambiente escolar. O CIEP Clementina de Jesus estava para desenvolver uma série de atividades relacionadas à Semana da Consciência Negra, com quatro meninos da Lanatanpa, entre MCs e b-boys estudavam no local. Um deles, Levi de Oliveira, mais conhecido como DJ Levas, contou sobre o quanto foi importante o hip hop na escola para ele, enquanto aluno.

“Tudo aconteceu de forma muito orgânica, nada foi muito esperado. Eu não tinha em mente que eu ia fazer aquilo. A professora de sociologia da época queria que cada turma do terceiro ano desenvolvesse um trabalho sobre o tema. Até a última semana de prazo para entregar o trabalho, não tínhamos ideia do que fazer. Aí eu pensei: eu participo de um coletivo de hip hop. Nada melhor do que falar dessa cultura, que tem todo um contexto histórico, sociológico. Só faltava articular essa ideia. Procurei a Juliana, expliquei toda a história do projeto e a Lanatanpa estava lá. A turma se organizou muito rápido. Teve coreografia em grupo, dança freestyle (em que cada um se apresenta em performances individuais). Botamos a caixa de som, as pick ups (mesa onde os vinis são colocados e o DJ emite os efeitos sonoros que acompanham as batidas). Foi muito importante para mim, tá ligado? Porque minha casa sempre foi muito musical e nos unimos dentro de um ambiente escolar através da música.” — DJ Levas

Na semana seguinte, a Família Lanatanpa foi também para o CIEP Graciliano Ramos, em Duque de Caxias, desenvolver outra ação educacional. Desde então não pararam mais. 

Wallace Oliveira, pesquisador e professor do CIEP Carlos Drummond de Andrade, em Comendador Soares, bairro de Nova Iguaçu, avalia que projetos como o Família Lanatanpa contribuem positivamente para o que ele chama de “mudanças de cenário internalizadas”. Ele diz que “ações como as que são produzidas pela Lanatanpa acabam por propiciar ao aluno um contexto de proximidade onde ele consegue interagir, debater, se expressar e construir coletivamente. Muitas vezes, é na rima, na poesia e no desenho (grafite) que o aluno consegue externar aquilo que sente e não encontra lugar para dizer. Naquele contexto consegue ser construído um lugar seguro onde a arte se coloca como um grande megafone que possibilitará que ouçam suas angústias e anseios”.

O Rapper que Está Virando Doutor

É fácil entender por que o hip hop não faz parte de um planejamento estratégico robusto e nem da grade curricular de escolas periféricas, pois há pouco espaço para se trabalhar nas escolas públicas fenômenos psíquicos que provocam diversos tipos de adoecimentos decorrentes do cotidiano de quem vive em comunidades de baixa renda.

Flávio Eduardo Assis, doutorando em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mais conhecido como Dudu de Morro Agudo, é o idealizador do RapLAB, desenvolvido para produzir conhecimento em rede, auxiliar no desenvolvimento cognitivo dos jovens usando o rap como um campo educacional que permite trabalhar a subjetividade estética, o trabalho em grupo, a leitura de mundo, a cidadania, a democracia, o conceito de valores, dentre outras premissas.

“Desejava desenvolver algo que fosse capaz de fazer com que uma pessoa que nunca teve contato com o rap fosse capaz de experimentar o processo de composição, em um período curto, para não ser cansativo, para que os participantes não perdessem o foco e para que a atividade pudesse ser realizada nos turnos escolares.” — Dudu de Morro Agudo

Ao lado da foto de Milton Santos, está o doutorando em educação Dudu de Morro Agudo, idealizador do RapLAB
Ao lado da foto de Milton Santos, está o doutorando em educação Dudu de Morro Agudo, idealizador do RapLAB

Segundo o educador, a ideia é, além de trabalhar os aspectos intelectuais, processar informações de forma ágil e desenvolver o raciocínio, a autorreflexão e introspecção, além de também trabalhar com aspectos sociais, o trabalho coletivo e o respeito à diferença. Dudu nos conta como trabalha o RapLAB na prática: 

“Ele acontece em quatro etapas. Um grupo de 20 pessoas conversa sobre qualquer tema e a partir dessa roda de conversa entramos numa espécie de jogo, um método que a gente cria, escolhendo as dez palavras que mais chamaram a atenção durante a conversa. Por exemplo: pode ser sobre racismo estrutural, revolução comunista e até sobre o Naruto (personagem de desenho japonês). Eles vão trazendo as experiências e vivências deles em relação a essa palavra. Ao escolher essas dez palavras que chamamos de palavras orientadoras, para ajudar no processo de escrita, promove-se um resgate dessa conversa. 

Um dos participantes vai pegar uma dessas palavras e construir uma frase que tenha a ver com o que foi discutido. Esse participante não pode rimar. Dessa forma, outra palavra é escolhida por outro aluno, monta-se uma outra frase que faça sentido com a primeira palavra norteadora e que rime na sequência. No final, com a construção de oito rimas com 16 linhas, essa etapa chega ao fim. Logo após vem a etapa de musicalização e ritmo e, por último, depois de tudo muito bem ensaiado, vem a etapa de gravação, dividida em duas fases: um coral, para que todos participem, inclusive os mais tímidos, e depois, quem quiser gravar individualmente suas vozes, vai paro estúdio. A minha equipe cuida da mixagem, pré-remasterização. Tudo é gravado num pen drive.” — Dudu de Morro Agudo

Invadir para Não Evadir

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que a taxa de evasão escolar no ensino médio da rede pública de ensino mais que dobrou no ano passado. Em 2020, o percentual de estudantes que abandonaram instituições foi de 2,3%, enquanto que, em 2021, a taxa foi de 5,6%. Em outra pesquisa, dessa vez realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o abandono escolar foi maior entre os estudantes do início do ensino fundamental, que, durante o isolamento social, estiveram mais afastados dos estudos. O grande problema estava nas metodologias adotadas para manter o vínculo entre escola e alunos de forma remota, em meio à falta de acesso adequado à tecnologia pelos estudantes. 

A evasão escolar é assustadora nas escolas públicas das favelas e periferias há muito tempo, mas a pandemia acentuou ainda mais o problema. O professor de Geografia e Sociologia, Cleber Pacheco, amigo de Dudu de Morro, do CIEP Nelson Rodrigues, em Comendador Soares, ficou assustado com as altas taxas de evasão da própria escola. Para socorrer o amigo, Dudu se apressou em explicar como funcionava a metodologia do RapLAB e a aceitação foi imediata: 

“Então, naquele momento, o rap passou a ser visto como algo positivo. Acabou se tornando a solução para um problema educacional. O nosso diferencial é que a gente dialoga com a juventude preta do bairro, tá ligado? Quem está saindo da escola? Cerca de 70% das evasões escolares são de alunas e alunos pretos.”

Cleber Pacheco é professor de geografia e sociologia no CIEP Nelson Rodrigues e ficou assustado com as altas taxas de evasão na escola em que trabalha e decidiu agir com ajuda do RapLAB e de Dudu de Morro Agudo
Cleber Pacheco é professor de geografia e sociologia no CIEP Nelson Rodrigues e ficou assustado com as altas taxas de evasão na escola em que trabalha e decidiu agir com ajuda do RapLAB e de Dudu de Morro Agudo

Convencionou-se a chamar de “irrecuperáveis” ou “indisciplinados” os alunos que convivem com professores como Cleber. Para Dudu, isso é uma meia verdade. Reflete a soma de duas incongruências: a falta de uma nova visão sobre determinados comportamentos de alunos, misturada a diretrizes escolares consideradas ultrapassadas e engessadas para o entendimento de uma complexidade sobre a decisão de alunos periféricos abandonarem a escola.

“Ainda existe muita resistência dentro da escola. Tem resistência da direção da escola. Se há mudança na direção, todos os projetos caem. Os próprios alunos desconfiam: ‘pô, eu nunca recebo nada de ninguém, por que você quer me dar uma parada maneira?’ A juventude tem essa necessidade de ser ouvida, ela quer falar. O professor tem que aprender a ouvir. Eu chego, falo, levo uma zoada, depois eu zoo também, mas depois, num determinado momento, está todo mundo calado, pensando, com a cabeça pegando fogo para fazer a rima. O silêncio é a vitória, mano. Isso não tem preço.” — Dudu de Morro Agudo

Família Lanatanpa reunida em atividade realizada em escola pública
Família Lanatanpa reunida em atividade realizada em escola pública

Ele reforça essa ideia dizendo que muitos alunos tinham dificuldade de ler e escrever, mas que, através da música, se revelaram verdadeiras potências. Dudu conta que uma vez esqueceu em casa a letra de um rap que usaria em sala de aula mas que, em sala, havia um “menino que [lembrou e] reproduziu todo o exercício, que era um rap sobre um sapo que morava numa lagoa”.

Mesmo assim, o Movimento Hip Hop permanece subutilizado enquanto metodologia em sala de aula. Aos poucos, uma cultura nascida de favelas e periferias vem ganhando cada vez mais credibilidade para além de fonte de lazer. Mesmo reconhecida como uma ferramenta escolar, que desenvolve subjetividades e novas formas de sociabilidades entre alunos e professores através de rimas, grafite e dança, o hip hop não é presença comum na sala de aula.

De modo geral, as escolas públicas ainda são espaços de produção de conhecimento que, infelizmente, não refletem cultural e metodologicamente a realidade da comunidade em que se inserem. A baixa representatividade no ambiente escolar perpetua altas taxas de evasão escolar e apatia com relação aos conteúdos. É preciso que o aluno se veja na forma e no conteúdo das aulas. Sentir-se cultural e socialmente acolhido é a chave para revolucionar o aprendizado.

Esta é a primeira parte de uma matéria especial cuja pauta foi selecionada pelo 4° Edital de Jornalismo de Educação da Jeduca (Associação Brasileira de Jornalistas da Educação) em parceria com o Itaú Social. Leia a segunda parte aqui.  

Sobre o autor: Fabio Leon é jornalista, ativista dos direitos humanos e assessor de comunicação no Fórum Grita Baixada.


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