1ª Mostra de Arte Periférica Noix, em Honório Gurgel, Foi a Primeira Exposição Artística do Bairro da Zona Norte e Evidencia a Urgência de Apoio Público às Artes nos Subúrbios

Criança observa obra na 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel. Divulgação Instagram
Criança observa obra na 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel. Divulgação Instagram

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Artistas e serviço da 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel, pergunta 'Pode o Periférico Criar'. Divulgação Instagram
Artistas e serviço da 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel, pergunta ‘Pode o Periférico Criar’. Divulgação Instagram

Em novembro, um grupo de oito mulheres moradoras das favelas, subúrbios e periferias do Rio de Janeiro foi responsável pela primeira mostra de artes sobre a história do bairro Honório Gurgel, na Zona Norte da cidade. Apesar de berço de Anitta, símbolo da música e da cultura brasileira da atualidade, o bairro nunca contou com salas de concerto, cinema, centros culturais, teatros ou exposições de arte. Infelizmente, a falta de apoio e de espaços adequados a iniciativas artísticas como essa são fato comum em grande parte das periferias e favelas cariocas.

A primeira edição da Mostra Noix foi uma ocupação artística e cultural que atraiu 1.714 visitantes entre os dias 5 e 19 de novembro, no Edifício Multiuso do Parque de Madureira. A ocupação teve como objetivo descentralizar o circuito de arte do eixo CentroZona Sul e contou com uma pluralidade de trabalhos, técnicas, temas e artistas. A mostra reuniu obras no campo da pintura, fotografia, escultura e instalação audiovisual. Todo material foi produzido por artistas negras e negros, indígenas, população LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência (PcD) advindos de diversas favelas e periferias do Rio de Janeiro.

“Acreditamos que a importância da Mostra Noix em Honório Gurgel tem relação estreita com o movimento pela visibilidade e compartilhamento das potências suburbanas, faveladas e periféricas cariocas. E fazer isso é também priorizar que as iniciativas em prol disso aconteçam nos nossos territórios. A nossa experiência mostrou isso na prática de diversas formas. Houve a ampliação do imaginário sobre o que é uma mostra de arte, sobre quem pode e onde se produz arte e cultura”, explicou Ariane Pereira, uma das produtoras do evento.

A mostra Noix foi realizada com recursos do Fundo de Apoio de Fomento à Cultura Carioca (FOCA), organizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. O sucesso da iniciativa mostra o quanto é fundamental o apoio público a realizações como essa em espaços que, em geral, não são atendidos pelo mercado cultural.

Duas mulheres tiram foto com um quadro que representa um corpo feminino, negro e gordo, padrão corporal da maioria dos brasileiros, na 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel. Divulgação Instagram
Duas mulheres tiram foto com um quadro que representa um corpo feminino e negro, na 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel. Divulgação: Instagram

Para a popularização das mais diversas formas de arte, são necessárias políticas públicas que incentivem a capilarização de equipamentos culturais e oportunidades de fomento público a coletivos e grupos artísticos de favela e periféricos. Em geral, os únicos responsáveis pelo acesso à cultura nesses territórios.

Público muito parecido com o do quadro à direita, do corpo feminino, negro e gordo, padrão corporal da maioria dos brasileiros, se diverte na 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel. Divulgação Instagram
Público se diverte na 1ª Mostra de Arte Periférica Noix, no Parque de Madureira, em Honório Gurgel. Divulgação: Instagram

Sobre o autor: Felipe Migliani é formado em Jornalismo pela Unicarioca e tem especialização em jornalismo investigativo. Atua como jornalista independente e repórter freelancer nos jornais Meia Hora e Estadão. É coloborador do Coletivo Engenhos de Histórias, que investiga e resgata histórias e memórias da região do Grande Méier, e do PerifaConnection.


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