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Em novembro, um grupo de oito mulheres moradoras das favelas, subúrbios e periferias do Rio de Janeiro foi responsável pela primeira mostra de artes sobre a história do bairro Honório Gurgel, na Zona Norte da cidade. Apesar de berço de Anitta, símbolo da música e da cultura brasileira da atualidade, o bairro nunca contou com salas de concerto, cinema, centros culturais, teatros ou exposições de arte. Infelizmente, a falta de apoio e de espaços adequados a iniciativas artísticas como essa são fato comum em grande parte das periferias e favelas cariocas.
A primeira edição da Mostra Noix foi uma ocupação artística e cultural que atraiu 1.714 visitantes entre os dias 5 e 19 de novembro, no Edifício Multiuso do Parque de Madureira. A ocupação teve como objetivo descentralizar o circuito de arte do eixo Centro–Zona Sul e contou com uma pluralidade de trabalhos, técnicas, temas e artistas. A mostra reuniu obras no campo da pintura, fotografia, escultura e instalação audiovisual. Todo material foi produzido por artistas negras e negros, indígenas, população LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência (PcD) advindos de diversas favelas e periferias do Rio de Janeiro.
“Acreditamos que a importância da Mostra Noix em Honório Gurgel tem relação estreita com o movimento pela visibilidade e compartilhamento das potências suburbanas, faveladas e periféricas cariocas. E fazer isso é também priorizar que as iniciativas em prol disso aconteçam nos nossos territórios. A nossa experiência mostrou isso na prática de diversas formas. Houve a ampliação do imaginário sobre o que é uma mostra de arte, sobre quem pode e onde se produz arte e cultura”, explicou Ariane Pereira, uma das produtoras do evento.
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A mostra Noix foi realizada com recursos do Fundo de Apoio de Fomento à Cultura Carioca (FOCA), organizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. O sucesso da iniciativa mostra o quanto é fundamental o apoio público a realizações como essa em espaços que, em geral, não são atendidos pelo mercado cultural.
Para a popularização das mais diversas formas de arte, são necessárias políticas públicas que incentivem a capilarização de equipamentos culturais e oportunidades de fomento público a coletivos e grupos artísticos de favela e periféricos. Em geral, os únicos responsáveis pelo acesso à cultura nesses territórios.
Sobre o autor: Felipe Migliani é formado em Jornalismo pela Unicarioca e tem especialização em jornalismo investigativo. Atua como jornalista independente e repórter freelancer nos jornais Meia Hora e Estadão. É coloborador do Coletivo Engenhos de Histórias, que investiga e resgata histórias e memórias da região do Grande Méier, e do PerifaConnection.