Semeando Emoções e Imprimindo Histórias: Conheça ‘Agudás’ de Sèmanou Lionel [VÍDEO]

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Esta videorreportagem mostra a história de Sèmanou Lionel, 35, imigrante do Benin, país localizado na África Ocidental. Sèmanou vive no Brasil desde 2011, é artista, fotógrafo e cinegrafista. Fez Escola de Artes e Cultura e se graduou pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), na área de Comunicação Visual e Design. Ele fundou o projeto “Agudás: A Caminho da África”, que atende principalmente crianças de escolas públicas de favelas do Rio de Janeiro.

O projeto Agudás foi criado pelo artista Sèmanou Lionel para ser realizado em uma oficina oferecida a alunos da Creche Municipal Margarida Gabinal, na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Durante a oficina, os participantes semeiam emoções montando máscaras africanas e imprimem histórias confeccionando estamparias africanas, enquanto contam com ensinamentos sobre ancestralidade e culturas do continente-mãe. “Agudá” é um termo com várias camadas de sentido. Uma das versões diz “que se originou da transformação de Ajudá, nome português dado à cidade de Ouidah, no Benin. Esta cidade contém grande simbologia, pois foi ponto de partida de pessoas escravizadas no Benin para o restante do mundo, inclusive o Brasil”, explica Sèmanou. Além disso, “Agudá” é o nome dado à comunidade de africanos e afro-brasileiros retornados, pessoas que sofreram com a escravidão no Brasil e, quando foi possível, voltaram ao Benin como pessoas livres. E há ainda uma última camada de sentido no nome do projeto, já que “Agudá” também vem da palavra “ajuda”, que o artista e educador recebeu de muitos e pretende dar a muitos outros.

“Para retribuir [a ajuda que recebi] tenho que retribuir isso. Eu tenho que ir em escolas onde as pessoas não têm oportunidade de ter referências de pessoas pretas. Esse é meu dever, ir às escolas e levar conhecimento… Porque a criança é inocente e recebe muitas informações. Se receber a informação certa, isso pode mudar o mundo!” — Sèmanou Lionel

Sèmanou utiliza diversas mídias em seu trabalho, entre elas a xilogravura, técnica que se baseia no corte de figuras sobre placas de madeira usadas como matriz, cobertas de tinta e reproduzidas sobre papel ou tecido; a pintura e a serigrafia, também conhecido como silk-screen ou impressão a tela, que é um processo de impressão à base de estêncil na qual a tinta é forçada através de um crivo fino para o substrato abaixo. Com essas técnicas, o artista expressa, em imagens, a crônica da realidade social de uma juventude africana, ceifada de recursos, mas que se esforça com o que tem para conquistar um lugar no mundo através da arte, resgatando memórias. Em suas obras e projetos sociais, Sèmanou procura demonstrar que o Benin e o Brasil estão intimamente ligados.

A iniciativa de Sèmanou atende à Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares. Pensando nisso, Sèmanou já proporcionou esta experiência a diversos alunos de escolas públicas, principalmente em unidades localizadas em favelas. Ele realiza diversas atividades pautadas na lei, o que o próprio Estado pouco faz.

“Acredito que meu trabalho possa contribuir para compreender outras realidades.” — Sèmanou Lionel

Assista à Videorreportagem Aqui.

Sèmanou Lionel com crianças do projeto Agudás

Sobre autora: Amanda Botelho, de 26 anos, é jornalista e pós-graduada em Mídias Sociais. Cria do Morro da Formiga, na Tijuca, Zona Norte do Rio, começou na comunicação comunitária como repórter do Voz das Comunidades. Atualmente trabalha como freelancer no Canal Futura, com passagens pela Rio TV Câmara e Fiocruz.

Sobre o editor: Guilherme Oliveira, 20 anos, é formado em Marketing, mas atua como cinegrafista desde seus 14 anos. Nascido e criado no Alto da Boa Vista, Zona Norte do Rio, ingressou no audiovisual através do Ponto de Cultura Cine Floresta Nossa e teve uma passagem recente no Voz Das Comunidades. Atualmente, exerce a função na Prefeitura do Rio, na Secretaria Municipal de Educação (SME).


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