Salvo pelo Teatro

Hudson Batista mora na comunidade da Vila Vintém desde que nasceu, há 18 anos, em uma família humilde e batalhadora. Seu espelho é avó Edna, uma baiana que chegou ao Rio de Janeiro ainda adolescente, junto com os pais e seus muitos irmãos mais novos. Uma chacina ocorrida em 1982 deixou marcas profundas na família que ela constituiu com seu Antônio, com quem teve três filhos. “Ele morreu deprimido”, lamenta o neto.

O teatro, que ele descobriu na escola aos oito anos, ajudou-o a lidar com a inseparável timidez. “Fiz o papel de uma pasta de dente”, conta ele, que se lembra como se fosse hoje o quão ficou envergonhado em sua primeiro trabalho em público.

A descoberta de que havia um grupo de teatro na sua comunidade, dirigido por Otavio Moreira, representou uma mudança quase mágica em sua vida, quando tinha apenas dez anos. “Era sempre muito prazeroso ver os atores com seus personagens trabalhando em cima de um fato, desvendando mistérios”, conta ele, que nunca mais parou.

O contato com a arte mudou completamente sua vida. “Quando tomei conhecimento das possibilidades que poderia ter dentro deste mundo, mudou meu modo de pensar”, diz ele, que a partir de então passou a se transportar completamente para o mundo da ficção. “Por mais que seja mentira, precisava acreditar no que estava vendo se não, não teria graça!”

Aos poucos Hudson Batista foi se tornando um protagonista de sua própria história de vida, capaz de fazer a diferença para sua comunidade. “Faço parte de um trabalho social fantástico, que abrange jovens que desejam algo em suas vidas”, afirma ele, que na condição de instrutor e um dos coordenadores da companhia dirigida por Otavio Moreira tenta levar a questão do protagonismo aos seus alunos. “Todos que tomam conhecimento da arte e da cultura adoram! Estou a cada dia em constante crescimento. Aprendo com eles e eles comigo. Assim é minha história de arte e vida.”

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