Em 14 de julho, a Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC) lançou o curso de Publicidade Afirmativa de 2015-2016 no Observatório de Favelas, Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. A cada ano, após um processo competitivo de seleção, a escola seleciona 90 estudantes do ensino médio ou já formados de todo o Rio de Janeiro para participar do curso grátis, que é dividido em dois–um com ênfase em práticas audiovisuais e outro em criação digital.
O Observatório de Favelas criou a ESPOCC em agosto de 2005, com a proposta de “oferecer a jovens e adultos, moradores de espaços populares do Rio de Janeiro, acesso a diferentes linguagens, conceitos e técnicas na área da comunicação com o objetivo de formar esses estudantes como comunicadores cidadãos e multiplicadores desse conhecimento, prepará-los para a inserção no mercado de trabalho e contribuir para que eles exerçam a sua cidadania de forma plena”. Em 2012, com patrocínio da Petrobras e o apoio da Escola de Comunicação da UFRJ, a ESPOCC começou seu primeiro curso em Publicidade Afirmativa.
O Coordenador Executivo da ESPOCC, Eduardo Alves, deu as boas vindas aos estudantes da aula inaugural 2015-2016, dizendo: “vocês chegaram aqui para conviver, criar, ampliar”. Ele continuou enfatizando a importância do Observatório de Favelas e da ESPOCC em construir um novo conceito de “favela” que contradiz a visão estigmatizada de violência e negligência normalmente retratada pela grande mídia. Ele disse: “A favela é um lugar de potência, não é um lugar de ausência… O que identifica a favela não é aquilo que falta nela. É a capacidade de seu povo, com pouco atendimento do Estado, inventar seus encontros, inventar sua arte, inventar sua mobilidade, inventar sua moradia… Essa potência de invenção da favela, é o que identifica a favela… “
“A favela é um lugar de potência, não é um lugar de ausência… O que identifica a favela não é aquilo que falta nela. É a capacidade de seu povo, com pouco atendimento do Estado, inventar seus encontros, inventar sua arte, inventar sua mobilidade, inventar sua moradia… Essa potência de invenção da favela, é o que identifica a favela… “ – Eduardo Alves, Coordenador Executivo da ESPOCC
O professor e coordenador de projeto Rodrigo Azevedo explicou o objetivo da Publicidade Afirmativa e o que os estudantes vão aprender nas aulas: Publicidade Afirmativa é a publicidade que “promove valores de sociabilidade, a cultura e o empreendedorismo comunitário e socioambiental. Para isso, adapta ou subverte a linguagem, as ferramentas e a organização do trabalho da publicidade convencional”. Ela pode ajudar a desestigmatizar ao produzir representações de favelas por seus próprios moradores.
“A gente vai aprender comunicação, a gente vai aprender publicidade, sem ter nenhum vínculo a priori, ou sem ter nenhum compromisso com uma linha de produtos e serviços”, disse Azevedo. “Nosso grande desafio…é fazer da publicidade um instrumento para botar a vida acima do lucro”.
“Nosso grande desafio…é fazer da publicidade um instrumento para botar a vida acima do lucro”. – Rodrigo Azevedo, professor e coordenador do projeto
Depois dele, a professora Camila Santos destacou a estrutura das próximas aulas aos estudantes tanto de audiovisual quanto de criação digital, que terão aulas separadas três vezes por semana, por 42 semanas.
Cada semana, ambos os grupos terão uma aula técnica, uma aula de comunicação e uma aula teórica de comunicação crítica. Apesar dos dois grupos terem focos de técnicas de mídia separados, incluindo diferentes estágios de produção para estudantes de audiovisual; e photoshop e web design para os alunos de criação digital, ambos terão aulas de comunicação, cultura e sociedade. Essas aulas vão cobrir o papel e propósito da Publicidade Afirmativa, marketing, copyright, éticas, entre outros tópicos.
A primeira aula terminou com a exibição de dois vídeos com entrevistas de ex-alunos discutindo suas próprias iniciativas no blog da ESPOCC, o Blogspocc. Foi ainda apresentado um vídeo promocional da atividade mensal da escola, o Diálogos ESPOCC, onde os estudantes podem ir aos espaços do Observatório de Favelas para debater e discutir ideias, questões e produções com “pensadores e inventivos, criativos e acadêmicos, figuras contundentes e inspiradoras”.