Os holofotes da mídia sobre o Rio estão crescendo com cada vez mais intensidade antes dos Jogos Olímpicos, começando em outubro com a conferência de imprensa para os jornalistas internacionais do Rio 2016. O mês incluiu um número notáveis de dias temáticos, do Dia Mundial da Habitação da ONU-Habitat ao Blog Action Day 2015 explorando o tema ‘Erga a sua Voz’ e o Dia Mundial das Cidades, da ONU com foco no tema ‘Desenhado para Viver Junto”. Para ajudar nossos leitores a assimilar as principais notícias e temas do mês passado, resumimos as matérias que nós publicamos aqui no RioOnWatch juntamente com alguns outros textos que não podem deixar de serem lidos. Veja todos os nossos resumos mensais aqui.
Outubro trouxe mais devastadoras ‘remoções relâmpago’ na Vila Autódromo, onde cinco casas foram demolidas pela prefeitura sem aviso aos moradores. De acordo com a Prefeitura, 22.059 famílias foram reassentadas desde 2009, que serviu para segregar ainda mais uma cidade já dividida. Os potenciais efeitos psicológicos graves causados pela destruição de uma comunidade têm sido documentados em outros contextos de remoções. No entanto, cerca de 50 famílias da Vila Autódromo permanecem fortemente determinadas a ficarem, dando continuidade ao Plano Popular da comunidade que pode co-existir lado a lado com o Parque Olímpico.
Enquanto essas famílias construam e marcam a sua presença na mídia para denunciar as remoções, o crescimento da mídia digital capacita pessoas em toda a cidade a contar suas histórias. Um vídeo da polícia adulterando uma cena de tiro na Providência se tornou viral nas mídias sociais e em horas virou notícia mundial. O Comitê Popular da Copa do Mundo e Olimpíadas usou sua rede online para publicar e compartilhar o seu mais recente dossiê, este sobre as violações do direito ao esporte. Apropriadamente, o Blog Action Day focou no tema, “Erga a sua voz“. Jornalistas comunitários contribuíram com matérias sobre o poder do jornalismo comunitário, como também a censura e ameaças que os desafiam. Também foram destacados os talentosos fotógrafos comunitários do coletivo Imagens do Povo.
A participação de diversas perspectivas na mídia tem sido fundamental no debate em torno de arrastões nas praias, vigilantismo, as ações da polícia e nas mudanças de rota de ônibus, tornando mais difícil para os moradores da Zona Norte do Rio chegarem na Zona Sul. Um artigo aponta a ironia de investimentos do governo em inclusão digital nas favelas, enquanto ao mesmo tempo o governo implementa táticas e políticas policiais para reforçar a exclusão espacial.
Embora dominante na grande mídia, o debate em curso sobre a segurança na praia estava longe de ser a única notícia importante sobre a polícia e a segurança deste mês. Uma pesquisa longitudinal revelou que policiais das UPPs perceberam mais atitudes negativas dos moradores para o programa em 2014 do que em anos anteriores. A complexidade da vida sob o controle de gangues de drogas claramente não se tornou mais simples sob a autoridade da UPP. Enquanto isso, as prisões do Brasil enfrentaram uma crise de violência, condições intoleráveis, e superlotação. A segurança também está complicada nas habitações públicas do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), onde os moradores lutam com a presença de traficantes e milícias. Novos encargos financeiros significativos, infraestrutura deficiente, e longos trajetos do MCMV correm o risco de reproduzir as desigualdades sociais.
Em contraste com as dificuldades nos condomínios habitacionais públicos, favelas como Asa Branca estão prosperando com projetos para promover a integração da comunidade. Nós destacamos Asa Branca em comemoração ao tema do Dia Mundial das Cidades, “Desenhado para Viver Junto“, juntamente com o Plano Popular da Vila Autódromo, que tem sido continuamente atualizado para viver junto com os Jogos Olímpicos, e também o Morro do Formiga, onde hortas comunitárias e sociedades de água possibilitam a convivência dos moradores com o meio ambiente.
Projetos ambientais e de sustentabilidade como estes e o biodigestor de tratamento de esgoto no Vale Encantado, são cada vez mais importantes no Rio. Cientistas hoje prevêem que o Rio será a cidade mais afetada pelo aquecimento global entre todas as cidades da América do Sul. Esses efeitos já afetam desproporcionalmente bairros periféricos de baixa renda como indica essa importante pesquisa sobre as ilhas de calor urbanas no Rio de Janeiro.
Em outras notícias das comunidades locais, neste mês também ocorreu a conclusão do primeiro festival “Comida da Favela”, no Complexo da Maré. Ambos o festival e o Afro-Rio Walking Tour, na Zona Portuária, destacam aspectos frequentemente esquecidos, porém importantes, da cultura e do patrimônio de cada localidade. E, finalmente, um evento na Rocinha incentivou os moradores a pensarem como seria o Rio se eles pudessem participar plenamente nos processos de tomada de decisões que os afetam. A realidade da participação no Rio não é sempre assim tão incentivadora como destacada neste artigo satírico.
Aguarde nosso próximo resumo dos artigos de novembro–mês da Consciência Negra no Brasil. Para obter mais informações e links das notícias do mês nas favelas, consulte aqui o nosso Resumo das Notícias das Favelas, mês de outubro 2015 (em inglês). Você pode se inscrever aqui para receber diretamente no seu email o Favela Digest a cada mês.