Casa da Juventude Sedia Debate com Jovens de Toda a Cidade, Sobre Políticas Públicas no Rio

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Cerca de 75 adolescentes e jovens adultos se reuniram, no dia 6 de abril, na Casa da Juventude no Centro do Rio, para discutirem interações da juventude com a política pública na cidade. A discussão pública foi introduzida pelo ativista e colaborador da Casa da Juventude David Miranda e por Luna Costa, membro da equipe de comunicação da Casa da Juventude.

“A cidade não é feita para jovens”, Disse David. “Nós sabemos que a cidade é dividida de várias formas, e nós precisamos falar sobre isso e sobre os vários privilégios que algumas pessoas têm na sociedade. Precisamos fazer uma cidade que seja para todos e todas.”

Os participantes se dividiram em três grupos para discutirem as áreas que devem ser alvo de políticas de planejamento urbano para criar uma cidade mais amigável para os jovens. Os debates focaram principalmente na marginalização da juventude, tanto geográfica e politicamente, e também nos direitos de jovens LGBT na cidade e o acesso aos serviços públicos e a informação.

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Luna Costa enfatizou que a juventude brasileira têm amplos direitos legislativos, que são costumizados para eles, mas que esses direitos podem ser obscurecidos pelos modos que são implementados em um ambiente urbano.

“Os jovens querem somente os direitos que eles têm e que foram feitos para eles”, ela disse. “O uso da cidade acaba permeando todos nossos direitos como mobilidade, saúde, educação, direitos das mulheres e negritude.”

“A  juventude é quem mais sofre com a falta de acesso a esses direitos, e vai ser exatamente a juventude que vai sofrer mais porque não tem nenhuma política pública para ela.”

Os participantes argumentaram que, apesar de ser vista como uma das cidades mais amigáveis para a população gay no mundo, o Rio de Janeiro só tem certos espaços que são seguros para a população LGBT. Muitos entendem que expressar diferentes sexualidades e identidades de gênero em áreas periféricas da cidade pode representar riscos para a sua segurança e qualidade de vida, e sugeriram a necessidade de uma maior representação política, bem como a execução de políticas de combate à discriminação em áreas marginalizadas.

A dificuldade de fazer valer os direitos dentro de espaços marginalizados também foi discutida associada ao direito de protestar. Um grupo de jovens de Campo Grande, na Zona Oeste disse que o processo de protesto e de reforma é muitas vezes mais difícil nas periferias do Rio, uma vez que se enfrentam a oposição burocrática dos níveis mais altos da sociedade, e a oposição das milícias que operam na base.

Alguns também argumentaram que a luta pelos direitos das minorias nas regiões periféricas do Rio é uma luta mais difícil, já que muitos cidadãos em tais áreas têm maiores necessidades do que os de outras regiões devido ao fato de serem negligenciados tanto pelas políticas públicas, quanto pela aplicação da lei. Os participantes usaram este contexto para debater os méritos de se criar exemplos pontuais usando determinadas áreas da cidade para formar “símbolos de resistência” que poderiam liderar o caminho para áreas geograficamente mais vulneráveis.

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Os participantes também disseram que o transporte público da cidade e outros serviços públicos, como saúde e educação, não eram tão acessíveis quanto seria o necessário para a população jovem-adulta. Marcella Lisboa, produtora cultural da Casa da Juventude, argumentou que os cidadãos pagam por serviços públicos que são menos acessíveis às populações marginalizadas que mais necessitam de serviços a preços acessíveis. Com os cortes propostos para a educação pública que enfrentam oposição de estudantes tanto no Rio e em São Paulo, os participantes expressaram a opinião de que “a educação pública nunca foi uma prioridade” para o governo estadual do Rio de Janeiro.

“A educação pública gratuita é um direito, não um privilégio”, disse uma participante. “A gente deve lutar contra esse conto mítico do indivíduo que se levanta acima das circunstâncias em torno dele, e em vez de pensar sobre como a gente pode mudar o sistema, devemos pensar sobre como os jovens podem acessar os direitos que eles têm por lei”.

Encerrando o debate, Juntos! O ativista Daniel Ribeiro destacou a importância de iniciar discussões e ações sobre direitos da juventude imediatamente, após vários anos de direitos dos jovens sendo jogados contra megaeventos por órgãos da prefeitura.

“O Rio de Janeiro é uma cidade que está voltada para os megaeventos”, ele disse. “Cada vez mais os direitos de juventude são deixados de lado.”