COPPE-Columbia Promovem Dia de Inovações e Apresentam Soluções para Desafios Urbanos de Saúde

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No dia 31 de maio, estudantes de engenharia da Universidade de Columbia e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE UFRJ)–apresentaram protótipos de projeto que fazem parte do COPPE-Dia de Inovações Abertas e Desafio de Projetos no campus da UFRJ na Ilha do Fundão. Durante o dia, 16 equipes de estudantes da Columbia e da UFRJ de todos os níveis apresentaram seus projetos para a faculdade de Columbia e o COPPE na esperança de encontrar “anjos investidores” para dar suporte ao amplo desenvolvimento dos seus protótipos.

De acordo com o anúncio do evento, o Desafio de Projetos, lançado em dezembro de 2015, mirou “engajar os estudantes a propor soluções inovadoras para os problemas urbanos multi-facetados, de modo que possam informar mudanças em políticas”. O Desafio foi dividido em duas categorias de projetos–“Água nas Cidades” e “Tecnologia de Sensoriamento Remoto”–e incluiu projetos que têm um potencial significativo de apoio as favelas do Rio, desde sensores de deslizamentos de terra até um teste de sangue para o iPhone para detectar Zika.

Muitos projetos focaram em sistemas localizados de tratamento de esgoto, devido ao fato de apenas 35% do esgoto do Rio de Janeiro ser tratado pelo governo. Esse percentual, apurado dos dados do Instituto Trata Brasil e citado por um dos grupos apresentando, é menor que outras estimativas por não contar com o esgoto que passa por estações que não estão funcionando. As estimativas oficiais tendem a incluir todas as partes da cidade que estão ligadas com estações de esgoto–funcionando ou não–como esgoto “tratado”.

Outro tema predominante foi a identificação, prevenção e tratamento, da Zika, já é uma questão de saúde pública altamente divulgada. A Zika afeta desproporcionalmente as comunidades com infraestrutura de saneamento básico e sistemas de saúde pública de baixa qualidade; apesar do saneamento ser fora do padrão em toda a cidade, décadas de governo negligente deixaram as favelas do Rio em um risco particular se comparado a outras partes da cidade.

Esse artigo destaca três projetos de particular relevância para as favelas da cidade–um da própria favela, e outros dois focados na prevenção e identificação da Zika.

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Biossistema Vale Encantado

Leonardo Adler e Tito Cals, estudantes de pós-graduação em engenharia sanitária na UFRJ, representaram a equipe responsável por construir um projeto de tratamento de esgoto no Vale Encantado, uma pequena comunidade histórica na Floresta da Tijuca no Rio, em colaboração com a PUC-Rio, FAPERJ, Viva Rio, e Re.coli. O projeto é um biossistema integrado e composto primeiro por um biodigestor que coleta e trata biologicamente o esgoto que veem das casas, e em segundo lugar por um pântano construído para tratar o lixo líquido através de raízes das plantas. O biossistema também produz biogás através dos produtos, que irão ser usados na cozinha de uma casa.

Atualmente o biossistema está conectado a 4 das 27 casas da comunidade, e os moradores estão procurando patrocínio para conectar as 22 casas restantes, concluir a construção do pântano, e expandir o modelo do biossistema local de tratamento de esgoto para mais comunidades. O biossistema foi construído por trabalhadores locais que o grupo contratou e treinou, e agora são capazes de trabalhar com eles em qualquer projeto futuro. Leo chama essa colaboração de “conhecimento ecológico” no qual “o conhecimento tradicional de pessoas que cresceram nessas comunidades é tão importante quanto o conhecimento acadêmico que [estudiosos acadêmicos] fornecem”. Na quarta-feira, 1 de junho, Leo e Tito levaram todo o grupo do COPPE-Columbia para visitar o Vale Encantado, ver o biossistema e almoçar no restaurante cooperativo Vale Encantado.

Zika Zoom: um aplicativo para identificar criadouros do mosquito transmissor da Zika

Uma equipe de estudantes de mestrado de Engenharia da Universidade de Columbia estão em processo de criação do Zika Zoom, um aplicativo para localizar precisamente focos do mosquito aedes aegypti. O aplicativo usa um algoritmo para processar imagens de CCTV, drones, câmeras de imagens térmicas, e fotos enviadas pela população para detectar se os locais capturados na imagem são propícios para conter um criadouro. Neste momento, na sua versão de testes beta, o aplicativo é sensível às diferenças entre imagens de um riacho, uma poça, e um copo de café, com apenas a poça sendo um provável criadouro. Se um terreno fértil é detectado, o programa “pode alertar as autoridades sobre qual é a localização exata, em termos de coordenadas”, diz Palash Matey, um dos criadores do Zika Zoom. Eventualmente, a equipe espera ter um algoritmo forte o suficiente e fotos enviadas pela população suficientes para mapear os criadouros no mapa do Rio, e criar rotas livres de Zika para os moradores. Os próximos passos para Zika Zoom são melhorar e lançar o aplicativo, assim como criar um incentivo aos moradores para mandarem fotos, como um jogo ou prêmios.

Se quiser participar na fase teste do Zika Zoom enviando imagens da sua comunidade para o aplicativo para detectar criadouros, entre em contato com Palash no pm2824@columbia.edu para mais informações.

Kit teste de Zika para iPhone

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Francis Marcogliese e Rodrigo Chaves, uma equipe de calouros da Universidade de Columbia, estão desenvolvendo um teste sorológico de Zika–um dispositivo simples, portátil, de teste para iPhone capaz de detectar até três doenças simultaneamente sem qualquer necessidade de pessoas treinadas, ou sem retirada de sangue. O dispositivo só requer uma picada no dedo (similar aos testes de diabetes), uma bateria e um iPhone. O teste leva 15 minutos para ser processado e o dispositivo pode rodar até 20 vezes com uma carga de bateria. Rodrigo, originalmente de Florianópolis, ouviu falar da Zika no noticiário e ficou inspirado a participar do desafio. “Nós precisamos de algo portátil, que realmente possa aumentar o acesso da população ao teste”.

O modelo teve um teste de campo no último verão em Ruanda, para HIV e Sífilis, com ótimos resultados. O próximo passo para desenvolver um teste aplicável para o Brasil seria conseguir amostras clínicas do Zika vírus, para desenvolver o teste de Zika, com esperança de que o dispositivo possa um dia ser utilizado simultaneamente para testar Zika, Dengue e Chikungunya, as três doenças mais proeminentes do mosquito na região.