Esta matéria de Cleber Araujo faz parte de uma série de matérias de opinião sobre o impeachment por comunicadores populares publicadas no RioOnWatch.
Em um triste momento de grande vergonha mundial, os políticos brasileiros alheios às vozes das ruas e ao clamor do povo, digladiam entre si, em busca dos mais vis interesses pessoais e numa demonstração de fúria egocêntrica e altamente maléfica, mostrando cada vez mais que o objetivo mais distante deles é servir o povo que os colocou lá para que nos representasse.
As pautas diárias das plenárias nunca são o povo. Daqui, mesmo de longe percebemos através dos discursos inflamados e até bem escritos que o grande alvo é atingir o seu adversário político, é puxar brasa para braseiro de cada um. Fica claro que os interesses coletivos ali é só da ‘coligação’, nunca o que seria a vontade e necessidade da grande maioria, que tanto carece e esperam dos parlamentares as definições e liberações de projetos que venham atender aos anseios de quem paga os grandes salários deles.
O povo está sangrando, fomos feridos na jugular e eles estão nos vendo agonizar. Estamos nos debatendo, precisando ser estancados os sangramentos, e eles insistem em continuar de forma exacerbada a brigarem por seus mais inescrupulosos interesses.
Durante séculos e séculos os políticos brasileiros lutam contra o povo, votando e pautando sempre os desejos de uma sociedade hegemônica e elitista. Essa onde o pobre sempre foi excluído e tratado em último plano. Demonstração clara que sempre o que predomina é o que deve ser tirado ao máximo da grande maioria para servir a uma pequena parcela da sociedade.
O mais incrível é que por um curto momento festejamos pequenas conquistas, de forma ainda que tímida, conquistas importantes e de grande relevância para grupos que antes eram totalmente excluídos dos ‘padrões’ que rege essa sociedade cada dia mais preconceituosa e fundamentalista.
O gosto de poder voar pela primeira vez, o sabor de entrar para uma universidade pública e saber que levantaríamos um canudo ao suor do nosso próprio rosto, saber que poderíamos avançar e estudar no exterior com o Ciência Sem Fronteiras, as inúmeras famílias que colocaram um bife para cada um pela primeira vez no prato (estou aqui em lágrimas nesse momento, isso aconteceu com a minha família). Um novo horizonte se abriu e mais canais de comunicações afloraram fazendo ecoar a nossa voz em vários meios e em locais nunca antes sonhado que poderiam chegar. Ficou possível ter uma televisão melhor, uma geladeira melhor, ficou possível um CARRO… O pobre passou a ser visto em shoppings, em aeroportos, em portos, em restaurantes, no exterior, em todos os lugares, não como serviçais mas como protagonistas. Isso REVOLTOU as mais altas ‘natas’ dessa doente elite escravocrata.
Mediante a essas migalhas alcançadas, se revoltaram e tramaram um plano e uma forma de frear esses pequenos avanços, se sentiram no direito de roubar os nossos DIREITOS, e de forma covarde nos GOLPEARAM, nos fazendo SANGRAR.
Forjaram manobras escusas, alimentaram a espionagem financiada por um país que se sente no direito de usurpar nações em prol de seus interesses. Os nossos frágeis e incautos políticos néscios agiram como mercenários e derrubaram um governo legítimo, eleito pela vontade do povo que queria a continuação das pequenas conquistas já alcançadas. Mesmo sem conseguir uma prova sequer, destituíram a presidenta eleita e de forma clara e as claras, na penumbra dos recônditos palaciais, sacramentaram o GOLPE, sangrando assim a nossa jovem DEMOCRACIA.
Hoje estamos vivendo o medo e pavor das incertezas, pois os saqueadores tomaram as rédeas na força e na marra. Direitos estão sendo extirpados e subtraídos de forma explícita e cruel. Um colapso é iminente, as massas não aceitaram calados esse absurdo e estamos nas ruas em multidões gritando em alto e bom som: FORA… Fora governo golpista e salteador, nosso povo não vai aceitar a perda de nenhum direito que já foi adquirido, não fica nada para trás.
Em resumo, estamos sangrando juntos com a Democracia.
Cleber Araujo, 40 anos, baiano, é morador do Complexo do Alemão, onde através das redes sociais mostra a favela em suas mais diversas formas e momentos.