Com um menu que orgulhosamente anuncia a inclusão de casca de laranja, talos de agrião e casca de abóbora, o evento de degustação do Favela Orgânica no domingo foi uma introdução emocionante a um projeto de alimentos inovador na favela e fora dela.
No prédio da Associação de Moradores da Babilônia, uma comunidade pacificada com vista para o Leme, Regina Tchelly e sua equipe serviram uma variedade de pratos gourmet feitos com ingredientes comumente considerados como lixo. A feijoada vegetariana completa com farofa de raiz de agrião, risoto de casca de melancia e sobremesa com casca de abóbora podem soar como cozinha irracional e experimental, mas na verdade são pratos deliciosos e satisfatórios que maximizam o valor nutritivo e econômico dos ingredientes.
Regina Tchelly fundou o Favela Orgânica com R$140,00 do lado de fora de sua casa na Babilônia. Ela explica: “Eu sou da Paraíba, no Nordeste. Lá conseguimos obter muito mais da comida do que em uma cidade imensa como o Rio, onde há uma quantidade absurda de desperdício.”
“A ideia é que pessoas com baixa e alta renda aprendam a usar toda a comida que eles trazem para suas casas e produzir refeições deliciosas como a que estamos servindo hoje. É de baixo custo, mais saudável e mais econômica.”
Regina é uma mulher sorridente com muita força, paixão e energia, da qual sua visão para ajudar as pessoas a criar novos hábitos alimentares, mais saudáveis e econômicos tomou forma e cresceu.
Com o Favela Orgânica ela já treinou sua equipe atual de dezesseis mulheres, oferecendo oficinas em consumo, nutrição e resíduos, além de gastronomia e de aproveitamento total dos alimentos. Ela diz: “Quando dizemos que utilizamos tudo, as pessoas fazem conexão com o lixo, mas não é lixo, é alimento. As pessoas jogam fora vitaminas.”
No evento de domingo, onde por apenas R$10,00 as pessoas puderam desfrutar de uma refeição completa cheia de pratos realmente saborosos e saciantes, sucos frescos refrescantes e uma sobremesa rica de chocolate e casca de laranja, haviam vários recém convertidos para o caminho Favela Orgânica de pensar.
Juliana Beltrame, uma carioca no evento, disse: “Eu nunca tive uma refeição com base em casca de vegetais antes. É realmente deliciosa e eu vou tentar fazer algo parecido com isso em casa. ” Outra pessoa presente no evento, Sebastião Junior de Petrópolis, também ficou impressionado: “Devemos realmente começar a valorizar este tipo de alimento.”
O evento de domingo foi apenas o primeiro de uma série de eventos mensais de degustação com o objetivo de angariar fundos para comprar máquinas, como liquidificadores, para facilitar preparação dos alimentos e ajudar a Regina realizar o sonho de uma cantina do Favela Orgânica na comunidade. “Minha imaginação vai longe adaptando pratos chiques usando os ingredientes como um todo. Quando tivermos a cantina vou ser capaz de realizar todas as minhas idéias.”
Embora o projeto esteja crescendo, com oficinas no Complexo de Alemão e Gávea, e fornecendo alimentação para buffets fora da comunidade, Regina ainda não é capaz de dedicar todo o seu tempo ao Favela Orgânica. Ela diz: “Como empregada doméstica eu ganho muito mais do que trabalhando com este projeto no momento. Eu ainda não consigo me sustentar com o projeto, mas eu quero que os planos para o futuro comecem a fruir rapidamente para que eu possa me dedicar mais.”
Com um largo sorriso, ela diz: “Se o projeto é assim enquanto eu ainda estou trabalhando como empregada doméstica imagine como vai ser no futuro.”
Para mais informações sobre o Favela Orgânica e detalhes dos acontecimentos futuros visite: favelaorganica.blogspot.com ou visite a página Favela Orgânica no Facebook.
Veja o slideshow deste evento e da comunidade:
Seja o primeiro a comentar