Enraizando o Antirracismo nas Favelas: Desconstruindo Narrativas Sociais sobre Racismo no Rio de Janeiro [PODCAST]

Arte por David Amen

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Este editorial da início à série do projeto antirracista do RioOnWatch. Conheça o nosso projeto que trouxe conteúdos midiáticos semanais ao longo de 2021: Enraizando o Antirracismo nas Favelas.

Ao longo do ano de 2021, o RioOnWatch irá realizar o projeto “Enraizando o Antirracismo nas Favelas: Desconstruindo Narrativas Sociais sobre Racismo no Rio de Janeiro”—propondo um debate contra o racismo de dentro para fora, com foco nas vozes das favelas do Rio, tendo como meio o jornalismo comunitário para provocar o diálogo urgente que precisamos.

“A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora. Uma pessoa negra que tem consciência de sua negritude está na luta contra o racismo.” – Lélia Gonzalez

Ouça o podcast desta matéria no SoundCloud, Spotify, YouTube e outros.

Durante todo o ano de 2021 serão publicados, semanalmente no RioOnWatch, matérias, ilustrações, vídeos e podcasts majoritariamente realizados por comunicadores de favelas e negros. A ação antirrracista visou três eixos: memória, atualidade e futuro—o que remete ao conceito Sankofa: San (voltar, retornar), Ko (ir), Fa (olhar, buscar, pegar)—para trazer à tona o debate do racismo e de raça, de modo a fornecer uma visão detalhada, multidimensional e interseccional sobre como o racismo estrutural funciona no Rio de Janeiro, do pessoal ao sistêmico e analítico, para poder transformá-lo.

Símbolo Adinkra—um conjunto de símbolos ideográficos do povo Akan—o Sankofa é representado por um pássaro que voa para frente com a cabeça voltada para a cauda, carregando no seu bico um ovo (o futuro). Apresenta-se de forma realista ou estilizada, em formato parecendo um coração com dobras.

O símbolo representa um retorno para adquirir conhecimento e sabedoria do passado, através de uma busca de herança cultural dos antepassados, em prol da construção de um futuro melhor. Com isso, pode servir no contexto brasileiro para refletir o esforço fundamental de recuperar a ancestralidade e enfrentar as lutas e dificuldades históricas e atuais, para que possamos de fato realizar uma sociedade melhor. Moldados em ferro e fixados em janelas, portas e portões de casas por toda nossa região, os símbolos Sankofa lembram aos passantes—que sabem ler—que não é tabu voltar para atrás e recuperar o que esqueceu. De fato, este ato é fundamental para realizar um futuro melhor para todos.

É importante realizar que aquilo que não é nomeado não pode ser reconhecido para ser combatido. O racismo no Brasil habita nas estruturas da sociedade, incluindo o silêncio e o eufemismo da notícia sobre desigualdade social.

Por isso, partindo do óbvio ao complexo, incluindo diversas dimensões e perspectivas raciais, assumimos o compromisso ao longo de 2021 de publicar mais de 50 produtos midiáticos bilíngues—em formato de narrativas textuais, audiovisuais, podcasts e ilustrações—como uma ação antirracista pública, sendo um por semana. Para participar, preencha e envie o formulário com sua proposta de pauta.

É preciso tomar atitudes antirracistas, fazer a parte que nos cabe, apoiar e erguer vozes e amplificá-las em ações estratégicas para alterar relações de poder para que, efetivamente, atendam aos interesses e às necessidades de todos os cariocas.

Sobre o artista: David Amen é cria do Complexo do Alemão, co-fundador e produtor de comunicação do Instituto Raízes em Movimento, jornalista, grafiteiro e ilustrador.

Este editorial da início à série do projeto antirracista do RioOnWatch. Conheça o nosso projeto que trouxe conteúdos midiáticos semanais ao longo de 2021: Enraizando o Antirracismo nas Favelas.

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