Ação de Páscoa do Coletivo Primavera Distribuiu Chocolates, Solidariedade e Afetos em Favelas de Cavalcanti, na Zona Norte

Matheus Fernando, Suellen Souza, Daniel Mendes distribuem kits e chocolates para as crianças das favelas de Cavalcanti na páscoa. Foto: Vinícius Ribeiro
Matheus Fernando, Suellen Souza, Daniel Mendes distribuem kits e chocolates para as crianças das favelas de Cavalcanti na páscoa. Foto: Vinícius Ribeiro

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A chuva não atrapalhou a ação de Páscoa do Coletivo Primavera, no dia 9 de abril. Usando máscaras de coelhos e chamando as crianças pelo Morro da Vovó e Rua Tumucumaque em Cavalcanti, bairro da Zona Norte do Rio, membros do Primavera distribuíram 130 kits e mais 90 barras de chocolates para 130 crianças das favelas do bairro. Essa foi a primeira ação de Páscoa do coletivo, que já atua com atividades no Dia de São Cosme e Damião e o Natal.

Integrantes do Coletivo Primavera distribuindo kits de chocolate na ação de Páscoa, em Cavalcanti. Foto: Vinícius Ribeiro
Integrantes do Coletivo Primavera distribuindo kits de chocolate na ação de Páscoa, em Cavalcanti. Foto: Vinícius Ribeiro

A distribuição foi possibilitada através de doações de diversas pessoas e de 90 barras de chocolates doadas pelo Voz das Comunidades. Lançada no dia 31 de março, a campanha arrecadou R$900 para a ação, fruto da solidariedade e as articulações entre movimentos de favelas. Para Suellen Souza, cofundadora do Coletivo Primavera, é através de uma corrente humana que o coletivo se move e faz suas ações. Ela destaca a participação dos moradores e a mobilização de parceiros através das redes sociais..

Matheus Fernando, Suellen Souza, Daniel Mendes, integrantes do Coletivo Primavera, na ação de Páscoa. Foto: Vinícius Ribeiro
Matheus Fernando, Suellen Souza, Daniel Mendes, integrantes do Coletivo Primavera, na ação de Páscoa. Foto: Vinícius Ribeiro

“As ações do coletivo impactam não só o nosso território, mas também causam impacto fora. Quando fazemos essa campanha as pessoas apoiam, pois nós temos um trabalho que tem como base a solidariedade e isso faz com que as pessoas enxerguem o nosso trabalho, que é coletivo, e se sintam tocadas por isso. Ao mesmo tempo que as pessoas doam e ajudam o coletivo, o coletivo faz com que essas pessoas sejam parte da ação e isso trabalha para que a coletividade seja mais comum na nossa sociedade que é altamente excludente, principalmente com moradores de favelas.” Suellen Souza

Um Legado de Solidariedade e Coletividade

O Coletivo Primavera surge no contexto da pandemia do coronavírus e adota o nome da Favela Primavera, uma das quais é atuante, na divisa com o Complexo da Serrinha, onde foi fundado para atuar contra a insegurança alimentar que atingia de maneira acentuada as favelas na região. Contudo, mesmo depois do fim das restrições impostas pelo coronavírus, o coletivo se manteve ativo nas favelas de Cavalcanti, levando atividades de cultura e educação, sempre debatendo questões de gênero e raça com as crianças através de brincadeiras e arte. Projetos como Sementes e A Hora do Cine representam acesso à arte para centenas de crianças, além do reforço do orgulho comunitário e da identidade local. Na visão do coletivo, a alimentação é um item básico, mas o afeto, a solidariedade e a coletividade estão implícitas para essas crianças e suas famílias.

Ação de Páscoa do Coletivo Primavera. Foto: Vinícius Ribeiro
Ação de Páscoa do Coletivo Primavera. Foto: Vinícius Ribeiro

Em um território onde o Estado é ausente, o nós por nós prevalece. Os moradores constroem as ações que mudam o dia a dia dessas crianças. A logística para entender por onde passaria a entrega dos chocolates, por exemplo, se desenvolveu a partir do diálogo entre as crianças e os organizadores. Isso fortalece o vínculo entre vizinhos, moradores do mesmo território, que, em conjunto, agem um pelo outro.

“Foi mais um dia para a gente fortalecer esse afeto, que é algo que a gente está sempre falando porque nesse pós-pandemia, como a gente ficou muito tempo isolado, as crianças ficaram muito tempo sem aula. A gente perdeu nessa coisa de socialização, de integração, de estar junto. A gente fortalece esse afeto… com essas ações sociais (como a de Páscoa). É um abraço, é um olhar, é um aperto de mão, é um sorriso. Tudo isso fortalece o nosso afeto e volta para o nosso território, que volta para a comunidade, porque quando a gente está com os nossos afetos fortalecidos, a gente fortalece o lugar onde a gente vive, a gente fortalece a nossa relação de comunidade.” — Suellen Souza 

Matheus Fernando e Daniel Mendes, chamando as crianças para distribuir kits de chocolate. Foto: Vinícius Ribeiro
Matheus Fernando e Daniel Mendes, chamando as crianças para distribuir kits de chocolate. Foto: Vinícius Ribeiro

Além da conotação religiosa, a Páscoa costuma ser um momento em que as pessoas praticam a solidariedade. Doar algo, seja dinheiro, chocolate, alimento, ou até mesmo seu tempo e energia para uma atividade onde a ideia é ajudar outras pessoas, auxilia a tornar o território mais justo e estimular ainda mais atividades propositivas. Daniel Mendes, membro do Coletivo Primavera comenta:

“Dava para ver no sorriso delas [das crianças], na expressão, no olhar, que era uma coisa que elas estavam todas bobas. É uma coisa simples, chocolate todo mundo gosta… Sempre tive isso em mim, de fazer o bem. E essa ação de domingo foi isso. A gente fez o bem para nosso bairro. Eu acho cada ação tão importante, cada vez que a gente faz ações como essas,  abrem mais espaços para acontecerem mais eventos como esses, mais gente poder ajudar, mais gente poder contribuir e para mais crianças serem contempladas. Essa ação foi nota dez pra mim.” 

Matheus Fernando, Suellen Souza, Daniel Mendes, distribuindo os kits de chocolates. Foto: Vinícius Ribeiro
Matheus Fernando, Suellen Souza, Daniel Mendes, distribuindo os kits de chocolates. Foto: Vinícius Ribeiro

Sobre o autor: Vinícius Ribeiro é nascido e criado na Zona Oeste, entre a Estrada da Posse, em Santíssimo, e o Barata, em Realengo. Atualmente mora na Mangueira. Jornalista, cineasta e fotógrafo, é membro do Coletivo Fotoguerrilha. Assina direção e roteiro dos curtas SobreviverDame CandoleSob o Mesmo Teto e Entregadores. Atualmente, está em um projeto sobre uberização e precarização do trabalho.


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