Quilombo dos Palmares: Resistência Viva [VÍDEO]

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Esta videorreportagem mostra o Quilombo dos Palmares (1605-1695), maior símbolo da resistência negra na história brasileira, e sua importância para a representatividade do povo negro brasileiro, negado o conhecimento de suas raízes. O Parque Memorial Quilombo dos Palmares deve ser visitado e conhecido em qualquer época do ano, mas, sobretudo neste 135° aniversário do Dia da Abolição da Escravatura, marco que, historicamente, invisibiliza séculos de luta do povo negro, em prol de uma princesa-regente. Em 13 de maio de 1888, após 388 anos de escravidão negra e de resistência contra este regime servil, africanos e afro-brasileiros conquistaram sua liberdade formal.

Neste 13 de maio de 2023, é preciso reafirmar que não foi a Princesa Isabel, foram Palmares e suas sementes que aboliram a escravidão no Brasil. Mesmo depois da proclamação da Lei Áurea, o racismo estrutural, a negação do direito à moradia, ao trabalho digno, a uma renda adequada, à justiça ambiental e climática e etc., fizeram com que os quilombos continuassem a ser espaços necessários para a população negra. Hoje, a favela é o quilombo contemporâneo, espaço primordial de liberdade não-mediada pelo Estado para o povo negro, território de realização do direito à vida, da auto-organização dos moradores frente à necessidade deixada pela negligência estatal, local de efervescência cultural e de população predominantemente negra. É fundamental olhar Palmares a partir dos olhos da favela. Segundo o povo Akan, da atual Gana, não é tabu voltar e recuperar o que se deixou para trás. Logo, ir à Palmares em 2023, é Sankofa: “San” (voltar, retornar), “Ko” (ir) e “Fa” (olhar, buscar, pegar).

Visão panorâmica do Parque Memorial Quilombo dos Palmares nos dias de hoje. Foto: Divulgação
Visão panorâmica do Parque Memorial Quilombo dos Palmares nos dias de hoje. Foto: Divulgação

Muita gente não sabe, mas, onde foi o epicentro do Quilombo dos Palmares, existe hoje um memorial à luta dos africanos e dos afro-brasileiros. Sempre foi um sonho poder estar naquele local, enquanto mulher preta, periférica e cria da Baixada Fluminense. Senti uma necessidade de estar lá e conhecer esse território ancestral. Como uma africana em diáspora, eu não sei de que parte de África meus antepassados foram sequestrados, mas eu sabia que, em Alagoas, na Região Nordeste, eu poderia ao menos iniciar a minha reconexão com minha ancestralidade.

No meu último aniversário, decidi realizar esse desejo e conhecer o Quilombo dos Palmares. Saí da periferia do Rio de Janeiro para Maceió, capital do estado de Alagoas, e de lá encarei cerca de uma hora e meia de estrada até a Serra da Barriga, na cidade de União dos Palmares, no mesmo estado. Durante todo o passeio no sítio de Palmares, contei com Thais Patrícia Paulino da Silva, mais conhecida no Dandara Thais, uma guia afroindígena de turismo comunitário, nascida e criada na região. De tão conhecedora da Serra, ficou conhecida pelo apelido de Dandara, nome de uma grande heroína negra palmarina, esposa de Zumbi dos Palmares.

Primeiramente, fui aos dois museus que ficam dentro da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Lá conheci artes locais, feitas por descendentes do Quilombo do Muquém, uma das comunidades remanescentes de quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares em Alagoas. Depois, subi a Serra da Barriga, onde foi o epicentro do Quilombo dos Palmares no século XVII, orientada por Dandara. Ao chegar no sítio arqueológico, Dandara saudou nossos ancestrais e começou a contar um pouco mais de nossa história.

Estar ali é indescritível. Muitas vezes o choro escorreu dos olhos. É muita emoção saber de onde viemos, pois sim, acredito que parte de mim veio dali. Após visitar o quilombo, seguimos para o Muquém para visitar os artesãos. As peças custam a partir de R$10. Se você tiver a oportunidade, visite e se informe mais sobre o Quilombo dos Palmares. Não se trata apenas de uma parte da história afro-brasileira, mas também de um pedaço importante das histórias de todos os brasileiros. 

Assista à Videorreportagem Aqui.

Sobre a autora: Tássia di Carvalho é graduada em Jornalismo e Publicidade e Propaganda e atua nas áreas de empreendedorismo, impacto social e igualdade racial. Em 2016, criou a Agência Is assim que saiu do Jornal O Dia, onde era colunista e repórter, cobrindo o lado positivo de favelas e periferias.

Sobre o editor de vídeo: Raphael Kepler, cria de Madureira, é editor de vídeo e podcast, músico e produtor musical. Atualmente, Raphael trabalha com agências na parte de edição e com artistas independentes na produção musical completa.


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