De 23 de setembro até 28 de outubro de 2023, acontece a exposição ABRASAR: Onde queres ato, sou espírito, na Penha, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro nos arredores do Complexo da Penha e Complexo do Alemão. Organizada pela Equipe Noix, a mostra traz mais de 30 trabalhos de 21 artistas no campo da abstração periférica. A exposição tem por objetivo romper com as expectativas e estereótipos impostos a artistas de favela, periféricos e suburbanos.
“O nome ‘ABRASAR, Onde queres ato, sou espírito’ foi escolhido para encapsular a essência da exposição. ‘ABRASAR’ representa a ideia de que queremos romper com as expectativas e estereótipos que são impostos a nós. É um ato de desafiar as normas e abraçar a individualidade. ‘Onde queres ato, sou espírito’ é à capacidade de expressão e criatividade que cada um de nós possui. Essa parte do nome enfatiza que somos mais do que apenas um ato ou uma representação superficial, somos seres espirituais cheios de profundidade e originalidade. Em conjunto, o nome da exposição diz sobre a nossa missão de desafiar, quebrar padrões e celebrar a multiplicidade de vozes artísticas que a periferia tem a oferecer.” — Renan Andrade, artista e curador da exposição
De acordo com a equipe, recorrentemente, esses artistas são empurrados pelo mercado a retratar temas e imagens de suas realidades, sem conseguir, por isso, explorar dimensões mais subjetivas de suas vidas. A expectativa é fazer com que moradores dos subúrbios, das favelas e das periferias vejam trabalhos artísticos que muitas vezes rodam o mundo.
Esta é a segunda exposição organizada por Noix. Afastando-se do caráter figurativo das artes que marcaram a primeira edição, ocorrida em 2022 no bairro de Honório Gurgel, nesta segunda mostra, o olhar se desloca para a produção de arte abstrata. De acordo com a equipe, a principal motivação é abordar a liberdade do processo criativo de artistas de favela, periféricos e racializados, com uma visão menos materialista da arte.
“Espero que, com essa mostra, a cena dos espaços de arte nos subúrbios se aqueça ainda mais, mostrando a pluralidade e a potência existentes no subúrbio e seus artistas, que, por meio de variadas formas, materiais e texturas, vêm conduzindo os olhares à geometria, à fluidez e ao hibridismo, sem se limitarem a recortes que pré-dispõem a arte dita ‘periférica’. Ouvir o que os espectadores acharam dessa mostra tem nos feito vibrar enquanto equipe, que vê o quanto era importante que falássemos sobre o campo das artes através de um viés contra-hegemônico, protagonizando o olhar dos artistas que pesquisam a arte no subúrbio através de uma visão menos materialista e mais espiritualista da arte.” — Melissa Alves, curadora da exposição
A realização é uma parceria com a Galeria de Arte NONADA e será a primeira exposição independente realizada na sede da Penha, situada na Rua Conde de Agrolongo, nº677. Com apoio da Subprefeitura da Zona Norte, a curadoria e a idealização são da arquiteta Melissa Alves e dos artistas Omep e Renan Andrade, além da Equipe Noix, responsável pela produção. A visitação acontece às quintas e sextas, das 12h às 17h, e sábado, das 11h às 15h. A entrada é gratuita.
Sobre o autor: Felipe Migliani é formado em Jornalismo pela Unicarioca e tem especialização em jornalismo investigativo. Atua como jornalista independente e repórter freelancer nos jornais Meia Hora e Estadão. É colaborador do Coletivo Engenhos de Histórias, que investiga e resgata histórias e memórias da região do Grande Méier, e do PerifaConnection.