
Criada em 1988, inicialmente para oferecer apoio religioso a um grupo de 20 idosos na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a Casa de Santa Ana se tornou, em 1991, o primeiro centro-dia e centro de convivência para idosos dentro de uma favela brasileira. Com uma abordagem inovadora e pioneira juntando oficinas voltadas para a promoção da saúde integral, de bem-estar, de prevenção do asilamento e isolamento social, o projeto tem como principal objetivo acolher idosos da região durante o expediente de trabalho de seus familiares.
A Casa oferece, na parte do dia, diversas atividades de promoção à saúde, à cultura e à educação. As atividades priorizam o público de terceira idade, mas também são abertas para crianças e jovens da região. Essa abordagem intergeracional tem como objetivo promover a sociabilidade entre diferentes gerações da comunidade, prevenindo o isolamento tão comum à terceira idade.
‘Lugar de Velho É Onde Ele Quiser’

O centro-dia da Casa de Santa Ana começa com a assistente social Maria de Lourdes Braz quando ainda estagiava, entre 1989 e 1991, na Casa Gerontológica de Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes (CGABEG), na Ilha do Governador. Durante sua formação, Lourdes visitou diversos asilos, tendo contato com a dura realidade de abandono de muitos idosos institucionalizados. Nesta experiência, Lourdes descobriu também os chamados centros de convivência e centros-dia.
Como funcionam? Propondo a prevenção do modelo de asilamento, os centros-dia e centros de convivência não abrigam os idosos de forma integral ou definitiva, mas prestam assistência diurna a idosos e suas famílias (no caso dos centros-dia) e oferecem atividades de integração social (no caso dos centros de convivência). Deste modo, buscam restabelecer a sociabilidade do idoso, combatendo, assim, seu isolamento e seu abandono, situações comuns no modelo de asilamento.
Em 1991, Lourdes conheceu a Casa de Santa Ana que pertence a Paróquia Pai Eterno e São José, na Cidade de Deus, já acolhendo um pequeno grupo de idosos da comunidade. Sua experiência pesquisando os centros-dia e centros de convivência inspiraram Lourdes a propor ainda mais alternativas para o apoio a estes idosos que viviam em situação de vulnerabilidade social.
Com o apoio da igreja, em espaço cedido por ela para a implantação do centro-dia e centro de convivência, Lourdes inaugurou a iniciativa de assistência social que até hoje é realizada lá, na Travessa Débora, Número 107. Mais tarde o imóvel foi cedido oficialmente em regime de Comodato.
Apesar da proposta inicial priorizar a terceira idade, outras faixas etárias foram incluídas ao longo do tempo, integrando todas as gerações da comunidade.

As primeiras ações da Casa de Santa Ana priorizavam a promoção da saúde da terceira idade: cuidados como nutrição, higiene, curativos, fisioterapia, atividades físicas, suporte emocional e terapias alternativas (como shiatsu, acupuntura e meditação).
Sendo os principais objetivos da Casa o cuidado, a promoção da saúde, acolhimento, e segurança do idoso, logo o projeto de Oficinas de Capacitação e Sensibilização de Cuidadores Familiares e Comunitários passou a ser um dos projetos principais da Casa. Neste período, a Casa teve como foco a preparação de cuidadores familiares e informais, voltadas para pessoas de quase todas as idades. Infelizmente foi interrompido por volta de 2016 por falta de recursos financeiros.
Não demorou muito para que outras vertentes, como educação, meio ambiente e cultura, também integrassem o leque de atuação da Casa por meio de palestras e oficinas. Com o tempo, os projetos se expandiram para a criação de uma horta familiar comunitária, agricultura, dança, percussão e outras expressões artísticas. Atividades terapêuticas, como oficinas de crochê, culinária e grupo de leitura também se tornaram comuns. E passeios para fora da comunidade com apoio de organizações parceiras também aconteciam. Teve até um grupo de coral intergeracional, o Grupo Vozes da Cidade de Deus, que recebeu apoio de um coral de ex-alunos da universidade estadosunidense, o Yale Alumni Chorus Foundation.
Em 1998, a Casa de Santa Ana se manteve como nome fantasia, com a iniciativa se formalizando com denominação de Centro Dia Santa Ana (CEDISA), tendo portanto seu próprio CNPJ. A partir de então passou a receber apoio internacional diretamente, da Caritas Holanda, e mantendo apoios da Fundação Holanda/Brasil e IBISS. seus primeiros parceiros holandeses.
A partir dos anos 2000, o projeto ganhou um segundo espaço, a Casa de Geralda, na Rua Samaritana, Número 7, que se tornou o primeiro centro de fisioterapia da Cidade de Deus. O imóvel foi doado por Geralda Pereira da Silva, idosa atendida pelo projeto até falecer. Pequeno e sem estrutura adequada, o imóvel foi demolido e no seu lugar foi construída uma casa de três andares. O espaço sediava diversos atendimento, além da fisioterapia especializada, como massoterapia, curativos para pessoas portadoras de feridas crônicas (como úlceras varicosas), terapias integrativas (acupuntura, auriculoterapia, pranaterapia, meditação, shiatsu, aromaterapia, dentre outras), psicologia em grupo e individual, oficina de educação financeira, palestras sobre temas variados e rodas de conversas.
A Casa de Geralda também foi local de estágio para alunos em formação acadêmica, chegando a ter 12 profissionais atendendo de forma contínua os mais de 150 idosos inscritos. Construída e mantida por mais de duas décadas pelo editor Geraldo Jordão, fundador da editora Sextante, fechou as portas durante a pandemia por falta de verba.

Em sua trajetória, a Casa realizou inúmeras formações itinerantes em cuidados de idosos pelo Rio de Janeiro, apresentando a Casa de Santa Ana e seu modelo assistencial em várias regiões do Brasil, e algumas cidades de países da Europa, Cuba, e Estados Unidos, angariando reconhecimento local, nacional e internacional na luta por dignidade para os idosos.
Assim sendo, Lourdes se tornou uma referência no tema e se tornou conselheira do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Rio de Janeiro CEDEPI/RJ, que foi criado em 1996 junto a diversas outras organizações da sociedade civil e do poder público, incluindo a Casa de Santa Ana como uma das organizações representantes da sociedade civil, representando também a Cidade de Deus, única favela a ter um centro-dia para idosos, e um centro de convivência intergeracional.
O projeto coleciona reconhecimentos nacionais e internacionais, dentre eles, destaque, em 2002, no Concurso Banco Real Talentos da Maturidade, Prêmio Inclusão Cultural da Pessoa Idosa (Secretaria da Identidade e Diversidade do Ministério da Cultura e Instituto Empreender), o Prêmio de Responsabilidade Social Carvalho Hosken da Associação de Imprensa da Barra (AIB) que premiou a Casa três vezes, uma homenagem no Prêmio Internacional BrazilFoundation, em 2014; entre outros, e várias reportagens na mídia.
Ao longo dos anos, a Casa de Santa Ana transformou-se em referência, inspirando outros projetos no estado do Rio.

Um deles é o Centro de Atendimento à Pessoa Idosa José Conrado, em Volta Redonda, e outro, o Centro de Promoção Social Abrigo do Cristo Redentor, em Bonsucesso.
“Esse convívio é uma troca que os mais jovens aprendem com os mais velhos sobre a velhice e tendem a encarar de forma mais positiva, na maioria das vezes, e o idoso pega essa energia da juventude, essa alegria, e se lembra das coisas boas também [da própria vida]. Chega uma certa idade da vida [em] que você vive muito as lembranças e se elas são boas, te abastecem.
A idade cronológica é uma [só para todos], não tem jeito, mas a condição biológica varia de pessoa para pessoa. As pessoas falam que velho é tudo igual. Não é, depende de como [essa pessoa] viveu.
A gente entende que você começa a envelhecer na barriga da mãe e, se desde cedo você tem uma convivência boa, a tendência é tornar a velhice algo mais positivo.
A maior parte do preconceito em torno disso é por causa dessa separação de convivência, ‘de lugar de velho’, de ‘lugar de jovem’. Lugar de velho é onde ele quiser.” — Maria de Lourdes
Ao todo, a organização beneficiou centenas de idosos moradores da Cidade de Deus, além de suas famílias e milhares de outras pessoas direta e indiretamente.
Isso dito, apesar de sua longa caminhada e impactos tão positivos e reconhecidos, até a Casa de Santa Ana atravessa dificuldades para sua sobrevivência. Se agravou desde a pandemia, momento em que perdeu apoiadores.
O funcionamento da Casa de Santa Ana depende de doação de recursos para pagar suas contas essenciais, como água, luz, gás, internet, limpeza, higiene, alimentação, além da remuneração da equipe, que já teve um time multidisciplinar de 20 colaboradores e, hoje, conta com apenas duas pessoas.
Além disso, os dois espaços físicos que sediam os projetos da organização (a Casa de Geralda e a própria Casa de Santa Ana) eventualmente precisam de reparos e reformas em toda a sua parte estrutural (hidráulica, elétrica e pintura).
Atualmente, o espaço atende, em média, 25 idosos, oferecendo oficinas de meditação à distância, cinesioterapia, balé, ginástica, atividades terapêuticas, como artesanato, rodas de conversa, grupo de oração, entre outras atividades intergeracionais. Tudo isso realizado com o apoio de organizações parceiras, como a Paróquia Pai Eterno, o Instituto de Pranaterapia, o Devaki, Farmanguinhos, Fiocruz, SESI-Cidadania, Polo de Educação do SESC e CRAS Elis Regina. Já a Casa de Geralda, atualmente, abre duas vezes por semana para atividades da Igreja Messiânica com a comunidade.

“Ouvi uma [das idosas] dizer que convida as amigas pra almoçar, pra sair no final de semana… Onde você faz esse tipo de contato se não é num espaço assim? As pessoas falam: ‘Ah, é uma casa que recebe os velhinhos pra passar o dia lá, ficar esperando a morte chegar.’ Aqui o que a gente menos espera é isso. Essa casa tem muita vida, energia. Elas [idosas] têm muita coisa pra oferecer. Até o ano passado, tínhamos aulas de balé com alunas de 86 anos participando. Eu tô com 67 anos e não me sinto com essa idade, sinto que ainda tenho muitas coisas pra fazer, energia e vitalidade, mas fico imaginando pessoas da minha idade que já estão entregando os pontos, que não têm mais perspectivas, e aqui a gente vê isso nelas, que elas têm perspectivas. É um lugar que oferece poucos recursos [no momento] e com riscos [por estar dentro de uma comunidade], mas oferece também possibilidades. Essa [Casa] aqui é uma delas. Aqui funciona como uma casa, precisa de cuidados como limpeza, alimentação, manutenção, tudo o que é preciso para ter bem-estar é o que a gente precisa aqui. O ideal é a gente ter pelo menos R$42.000,00 por mês para ter uma equipe básica, mas a real é que a gente não tem nem 10% disso. Tem horas que entro em parafuso, porque é muita responsabilidade. A gente teve que reduzir o valor que os [colaboradores] ganhavam. Se as pessoas já não apoiam o projeto funcionando, se a gente para [de fazer um trabalho como esse é pior ainda].” — Maria de Lourdes
Hoje, a entidade é mantida através de doações, editais, parcerias com outras organizações, voluntariado, patrocínio e campanhas para suprir necessidades básicas. Uma dessas ações recentes foi a Fejunina, feijoada beneficente que teve como propósito arrecadar fundos para o projeto.
“A gente faz as coisas com o recurso que consegue. A feijoada que fizemos, começamos a divulgar dois meses antes pra poder arrecadar dinheiro para pagar mais dois meses de salário para os colaboradores fixos. Isso dá uma angústia, insegurança, porque você nunca sabe como vai ser daqui a um mês, então, você não tem uma continuidade. A gente recebe gente do Brasil e de fora porque aqui é um ponto de referência, nacional e internacional. Um projeto desse, pra funcionar adequadamente, tem que ter apoio contínuo. O governo tem que investir.” — Maria de Lourdes

Para Miriam Machado, 65, uma das idosas atendidas pelo projeto há 15 anos, a dificuldade da Casa em conseguir apoio está relacionada ao preconceito com a velhice:
“Acho que eles dão muita importância pra crianças porque são crianças [com uma visão estereotipada de que elas são o futuro] e os velhos não, porque ‘daqui a pouco vai morrer’ e a criança tem o que oferecer. O idoso já não [tem mais]. — Miriam Machado
Vanalice Magalhães, 66, atendida pela Casa há oito anos, relata que vivenciar desrespeito e invisibilidade nesta fase da vida é muito comum:
“No ano passado, um médico da Clínica da Família foi na minha casa [prescrever remédios pra mim] e ficou só três minutos. Eu tive que falar pra ele que aquele remédio eu não podia tomar, porque era anticoagulante e ele fez assim, ‘Como é que você sabe?’, eu disse: ‘Porque meu cardiologista disse que não posso tomar’. Mesmo assim, ele botou na receita. Ele nunca mais voltou. Tem três meses que pegaram meu exame de sangue e urina, até hoje ninguém voltou. [Essa falta de interesse em investir na gente] é porque velho é caro. Pra uma criança, qualquer bobeirinha fica feliz. Você dá um pacote de biscoito e ela sai pulando, e um idoso não. Sabe o que é bom e ruim e quer o que tem certeza que merece.” — Vanalice Magalhães

‘A Gente Não Tá Se Preparando Para Uma População Que Tá Vivendo Mais’
Refletindo sobre o estigma contra a terceira idade, Lourdes alerta sobre a urgência em estimular a mudança de pensamento a respeito do tema.
“A sociedade ainda não entendeu que a população está envelhecendo de uma forma acelerada. A gente não tá se preparando para uma população que tá vivendo mais e sem qualidade de vida. Já tá tendo idoso que mora na rua, pedindo esmola em sinal, precisa de uma instituição pra morar porque a família não pode cuidar, mas não tem [esse tipo de instituição]. A gente tem que pensar no futuro [que será a velhice]. A minha preocupação é quando a gente vai acordar pra isso, quando vai priorizar de fato uma população que precisa, porque, querendo ou não, as pessoas envelhecem e precisam de vários recursos. E quem cuida disso? Se não tem recurso adequado nem pra criança e jovem, o que se faz com o idoso? A minha preocupação é justamente essa: que as pessoas entendam que quem não morre jovem, vai envelhecer, e se você envelhece sem condição, aí, a coisa fica muito mais complicada. Eu tô num universo micro. Isso que a gente faz aqui na Cidade de Deus é um grão de areia no universo. Imagina isso multiplicado? Não tem idoso só aqui. Aqui que a gente tem essa infraestrutura mínima já enfrenta tantas dificuldades pra manter, imagina no lugar que não tem nada [pra esse público]. Muita gente morre sem nenhum tipo de assistência. Que Brasil é esse que a gente tá construindo pra eles?” — Maria de Lourdes
Além dos atendidos, Wilson Carlos, colaborador fixo do projeto há 20 anos, reforça a importância de apoiar a terceira idade e ressalta seu papel fundamental na sociedade.
“Hoje em dia, se dá mais valor [em projetos] para crianças porque elas são o futuro, mas não olham para o idoso que já foi [isso também] e tem muito mais para ensinar para gente. Uma criança pode ensinar algo pra você, mas a experiência que o idoso tem da vida ensina muito mais.” — Wilson Carlos

Mesmo com todos os desafios enfrentados atualmente pela Casa de Santa Ana, o projeto transformou—e continua transformando— muitas vidas na terceira idade. Miriam conta, por exemplo, que a Casa a ajudou a superar a depressão após a perda de seu filho.
“Eu escutei um batuque [vindo de] lá. Era percussão. Eu não sabia que podia entrar. Aí, eu fui lá pra assistir. Bateu no meu coração aquele batuque. Eu gosto de barulho. Aí, comecei a fazer [aula] e, um dia, Lourdes me chamou: ‘Por que você não vem ficar com a gente?’ Agora faço ginástica lá, vou para [a reza] do terço e passeio, tudo que tiver que me chamam, eu tô indo. Muitos filhos trabalham fora e os idosos ficam sozinhos em casa. Então, há pessoas que deixam os pais, os avós ali ficam mais tranquilos porque sabem que tem gente olhando. Quando uma precisa, leva a outra no banheiro. As pessoas podem trabalhar mais tranquilas porque sabem que o idoso tá num lugar seguro. Por isso que é importante [esse trabalho]. Agora a gente não tem tanto contato com os jovens porque mudaram os horários e oficinas, por falta de verba. Aí, a gente se afastou das crianças. A gente ficava próximo deles pra fazer com que eles tratassem os avós com respeito em casa. Mas agora não tá tendo, e faz muita falta.” — Miriam Machado
Vanalice, por sua vez, explica como o projeto a ajudou a construir novas amizades e a redescobrir sua sociabilidade:
“A Casa ajudou na solidão, porque eu ficava muito sozinha. [Gosto muito] das amizades, a gente tem passeios, vai pra lugares diferentes, conhece outras pessoas. A vida não é só aquele quadrado [da sua casa, da sua vida], tem que se expandir, conversar. Nesse lance de conversar, um vai aprendendo com o outro e vai mudando [entendendo que há mais coisas além disso]. É muito aprendizado. Antes a gente ficava muito na nossa bolha. [Aqui] vai abrindo a mente da gente. O mundo não é tão pequenininho como a gente imagina. Gosto das amizades porque quando junta essas ‘jovens’ é uma bênção. Tem pessoas que você desabafa seus problemas, tem quem faz gracinhas, aí você dá boas risadas.” — Vanalice Magalhães
Aos 86, Maria José dos Santos participa das atividades da Casa há 30 anos, praticamente desde sua fundação. Zezé—como é conhecida na Casa— comenta que, graças ao projeto, desfruta de companhias em sua rotina:
“[Aqui é bom] pra nos distrair. Lá em casa também fico sozinha porque os outros trabalham. Tenho até os cachorros [pra fazer companhia]… mas em casa sou só eu, aqui não.” — Maria José do Santos
Mudar a Relação Com a Velhice Começa No Presente
A fundadora do projeto explica que os obstáculos para a existência da Casa são reflexo da negligência com o idoso. No entanto,ressalta que há esperança para mudar esse cenário. Lourdes compartilha seu sonho de um futuro onde o cuidado com as velhices substitua a negligência do Estado.
“Tem várias coisas que a gente ganhou que seriam o suficiente pra ter o projeto replicado em vários lugares. Se prêmio desse dinheiro, a gente tava rico! Mas, na prática, não é assim. É muita burocracia e dificuldade. Já pensei em desistir, mas o que mais quero é ver esse projeto prosperar. Tem que investir mais [numa sociedade para eles]. A gente [sociedade] não tem o mínimo [de estrutura]. Para andar de ônibus ou pela cidade, não tem acessibilidade adequada pra acolher eles, não tem profissionais, nem cuidadores. Muitos cuidadores são jogados para atender idosos sem saber o que estão fazendo, cometendo violências… Nós temos todas as idades numa pessoa só. Eu acho que tem jeito pra esse cenário, se ensinarmos crianças e jovens que vão envelhecer e [que desde] muito cedo eles têm que se cuidar, cuidar da própria velhice. Porque se fizer como a gente [nossa geração], que deixou pra cuidar disso só quando envelheceu, aí, fica mais difícil. A gente precisa mudar essa cultura, ter mais educação em relação à velhice.” — Maria de Lourdes
Nos próximos anos, Lourdes deseja ver seu projeto replicado e que a sociedade, finalmente, se dê conta de seu erro e reconheça a relevância dos idosos para a coletividade.
“Tenho sonho de ver mais projetos como a Casa de Santa Ana em outras comunidades. Não precisam ser projetos iguais ao nosso, mas que o idoso possa ter acolhimento como tem aqui. Não precisa ter muita coisa [uma estrutura imensa]. Não é difícil, é fácil. [O que é preciso, de fato] é acolhimento, carinho e abrir novas possibilidades pra eles. [É preciso] ver o potencial que cada um deles tem. Em espaços como esse, as pessoas [como um todo] têm mais possibilidades de evoluir, de crescer [mesmo na velhice].” — Maria de Lourdes
Para apoiar financeiramente, doe através do Pix do Centro Dia Santa Ana (CNPJ): 03.483.529/0001-00.
A Casa recebe doações tanto de dinheiro, como de insumos diversos (alimentos, higiene, limpeza, etc.). Também recebe pessoas voluntárias nas áreas de enfermaria, nutrição, psicologia, assistência social, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, educação física e cuidado de idosos. Consulte como você pode ajudar nos canais da Casa de Santa Ana no Instagram e Facebook, ou entre em contato pelo WhatsApp +55(21)96928-3517.
Sobre a autora: Amanda Baroni Lopes é formada em jornalismo na Unicarioca e foi aluna do 1° Laboratório de Jornalismo do Maré de Notícias. É autora do Guia Antiassédio no Breaking, um manual que explica ao público do Hip Hop sobre o que é ou não assédio e orienta sobre o que fazer nessas situações. Amanda é cria do Morro do Timbau, no Complexo da Maré.
