Wanderson de Moura Santos nasceu e se criou no Morro do Amor, no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Teve uma infância dura ao lado de seus sete irmãos e da mãe, que sustentou a casa sozinha desde que foi abandonada à própria sorte pelo marido. Uma das grandes preocupações dela era o possível envolvimento dos filhos com o tráfico de drogas na favela, um velho baluarte do Comando Vermelho. “A preocupação só fez aumentar depois que um de meus irmãos foi brutalmente assassinado depois de cometer um assalto”, conta.
Passou muitas necessidades até conseguir um emprego como servente de pedreiro. “Foi só aí que pude ajudar minha mãe”, lembra Wanderson, que com o trabalho na construção civil pôde comprar as roupas e os calçados que até então só usava reaproveitados dos outros. Outra prisão de que se libertou por intermédio do trabalho foi a obrigação de lavar, passar e cozinhar para os irmãos. O tempo que passou na construção civil foi rico o suficiente para que pensasse em se tornar “um grande pedreiro”, mas mudou de ideia quando a capoeira entrou em sua vida.
Com 15 anos, um amigo de infância o levou para a Ong Se essa rua fosse minha, que trabalha com menores em situação de risco. A possibilidade de misturar a estética do circo com a capoeira o deixou tão entusiasmado que menos de dois anos depois o chamaram para cobrir as férias de um amigo de trabalho. “Só tinha 17 anos quando comecei a trabalhar como instrutor”, conta ele, que agarrou a oportunidade e não a largou até hoje, dez anos depois.
O trabalho com jovens carentes o colocou em contato com inúmeras comunidades, como o Cantagallo, Céu Azul e Rato Molhado. “Quero aprender a escrever para registrar o trabalho que desenvolvo com crianças e adolescentes de comunidade e mudar meu olhar para tudo que vivo e que vejo”, conta o pai de Gabriel e Lara, que nas horas vagas gosta de ir à praia, levar os filhos para passear e fotografar.
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