Com as eleições chegando mais uma vez, neste ano de 2014, a rotina eleitoral com a qual estamos acostumados aqui no Complexo do Alemão também vem com tudo. São sempre os mesmos clichês: Pessoas que você nem imaginava que existiam aparecem com os mais belos sorrisos (ou não) estampados na cara, com seus rostos em cartazes visivelmente retocados com photoshop que, como sempre, poluem a vista de quem passa. Sozinhos ou em colagens toscas junto de políticos ou figuras de maior importância que, aparentemente, assim como nós, também não sabem ao certo quem são essas pessoas.
“Até entendo que [os candidatos] têm que fazer a divulgação deles, mas é complicado”, disse o estudante universitário André, sobre a poluição visual.
Não é novidade para ninguém, aqui no Brasil, que nossa política não tem uma credibilidade das melhores com o nosso povo. E isso também acontece onde eu moro; onde diferentemente de como alguns ainda pensam, não somos apenas um conjunto de pessoas que só pensam em funk, bandidagem e similares. Temos sim, pessoas de opinião. Só não sei ao certo quantos, é claro, assim como em qualquer lugar. Quando pergunto para alguns dos meus amigos sobre os candidatos, a maioria não têm muito interesse, assim como eu, em quem vai ser deputado ou senador. O voto provavelmente vai ser nulo mesmo.
“Vou votar é nulo como sempre. Esse pessoal só lembra daqui nessa época. Quando acaba a eleição, eles somem todos”, me contou Marcos, um comerciante do Complexo.
Mesmo assim gostamos de discutir o que cada candidato a governador faria ao chegar ao poder. E assim fazemos também com os candidatos à presidência, sem nunca discutir quem é o melhor ou pior. E é legal assim, porque não é legal pra ninguém criar diferenças com alguém por diferenças de opiniões, sejam lá elas quais forem.
E indiferente ao desinteresse de minha parte e de alguns amigos, existem rostos conhecidos por aqui, claro: líderes comunitários, pastores, e similares que por algum motivo acabam tendo seus nomes citados entre conversas por um número bem maior de pessoas, se comparado a este mortal que vos escreve. Senão, não fariam seu investimento com propaganda em uma área como essa, ora bolas.
E por causa disso, sempre vai ter uma boa parte que vai votar em alguém. Isso é fato. Seja ele merecedor ou não e mesmo com aquela mesma conversa de sempre, que os nossos políticos só pensam em seus interesses. Sejam pelas obras feitas na comunidade pelo seu partido; naqueles que trouxeram alguns empregos e bolsas de estudo; naquele que demonstra uma postura religiosa que sempre agrada um bom número de pessoas ou aquele que simplesmente “parece legal”. Alguém sempre tem a sua vez.
Como a dona de casa Dona Maria resume, “É a mesma porcaria de sempre. Apesar de eu já saber em quais candidatos eu vou votar, é sujeira para todo lado”.
E voltando à parte da poluição, bom… É a mesma que a gente vê no resto da cidade é claro. E se eu tiver que citar algum diferencial aqui no Complexo do Alemão, eu imagino que seria uma liberdade maior por parte dos candidatos porque mesmo com o bom trabalho prestado pela fiscalização do TRE em recolher propagandas irregulares, não imagino que seria muito atrativo entrar em uma área com trocas de tiros ocorrendo em curtos intervalos de tempo. E aí como sempre sobra para o serviço de limpeza da cidade e moradores com bom senso, que nem o José, gari comunitário: “É a pior época do ano depois do carnaval”, reclamou. “Porque eu trabalho bem mais do que devia. E se chover piorou mais ainda. É muito papel na rua pra entupir o esgoto.”