Os casarões da Rua Passos da Pátria 48 e 50 em Niterói guardam uma história de luta por moradia e dignidade. Ocupados há mais de vinte anos, hoje convivem entre seus muros aproximadamente 36 famílias. Além da questão referente a moradia, outra característica chama atenção de quem conhece a ocupação. Responsáveis diretas pela articulação e organização da vida comunitária, um grupo de dez mulheres oriundas da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), resgatam cotidianamente os laços de familiaridade que não puderam compartilhar na maior parte de suas vidas. Privadas da convivência familiar viveram até a maioridade em abrigos e orfanatos, sendo depois despejadas nas ruas sem nenhum tipo de apoio.
Em 2009 a ocupação teve sua luta fortalecida pela entrada da Frente Internacionalista Sem Teto (FIST), através do advogado André de Paula. E em 2012 foi a vez do Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (Nephu) da Universidade Federal Fluminense, reforçar a questão com um projeto de urbanização elaborado em conjunto com a comunidade.
Em novembro do ano passado a comunidade obteve a primeira vitória judicial dando posse definitiva as famílias. A Prefeitura recorreu e foi derrotada em duas instâncias. Os moradores agora seguem confiantes no resultado definitivo e na implantação do projeto de urbanização construído.
Na comunidade são desenvolvidas diversas ações de cunho cultural, como biblioteca comunitária, oficinas, bazar, além da participação constante de diversos ativistas sociais nas atividades que a Mama África mantém.
Urbanização vem aí
Olímpia Pacheco e sua filha Ana Luísa aguardam as reformas do plano de urbanização para trocar o cômodo em que vivem por uma moradia digna.
Vida coletiva
Um banheiro coletivo é utilizado pela maior parte das famílias que vivem na ocupação.
Localização privilegiada
A localização privilegiada, próxima a praia e ao centro de Niterói, faz com que a luta pelo reconhecimento ao direito de morar na ocupação tenha ainda mais importância frente a especulação imobiliária que viceja em toda cidade.
Em torno das crianças
As crianças são o fio condutor das atividades culturais que acontecem na Mama África.
Mulheres guerreiras
Simone amamenta Olga na frente da Ocupação Mama África.
Solidariedade
O advogado André de Paula, da FIST, coloca uma faixa da entidade em frente a ocupação.
Cultura
Fernanda Carlinda é especialista em penteados afros e também a responsável por várias atividades culturais na ocupação.
Debate descontraído
Os momentos de lazer também são usados para debater ideias e os projetos da comunidade.
Vitória e olho no futuro
Depois de duas vitórias na justiça contra a ameaça de remoção, a comunidade olha para o futuro com esperança de que as melhorias de infraestrutura possam ser implementadas.
Bruno Morais é fotodocumentarista, formado pela Agência Imagens do Povo e integrante do Coletivo Pandilla.