A Praça é do povo

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A praça abandonada ficou famosa! Um lugar de entretenimento, ocupado por muitos moradores de rua, vendedores ambulantes, pagodeiros, está sendo ameaçado por obras. A Praça Carlos Gianelle, localizada em Alcântara, um dos bairros mais populosos de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, foi vendida pela prefeita Aparecida Panisset pela bagatela de R$ 150 mil. Em seu lugar, deve ser erguido um centro comercial integrado a um terminal rodoviário. No último dia 12, a população saiu para um protesto nas ruas do entorno.

“A resistência da população é pela venda de um patrimônio público que é considerado um marco tradicional e histórico do bairro”, afirmou o comerciante Ulysses Soares, 50 anos, proprietário do bazar ATC. Ele é um dos comerciantes que, juntamente com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), organizaram um abaixo-assinado com aproximadamente 3 mil assinaturas. “Ninguém é contra a construção de um shopping. A grande questão é a irregularidade do ato”, complementou o comerciante.

Uma das controvérsias está no preço da praça, vendida por R$ 150 mil em uma área onde uma loja não sai por menos que R$ 200 mil. Mas o grande entrave está na lei, que proíbe a venda ou cessão de uma praça. Segundo a promotora Karine Gomes, a desafetação (tirar do terreno a sua antiga destinação) é inconstitucional. “Uma praça jamais pode ser suprimida para fins de exploração comercial”, explicou ela. No máximo, os manifestantes admitiriam trocar seu espaço de lazer por um hospital público, outra grande carência da cidade.

Os protestos da população não foram ouvidos pela prefeita, mas sensibilizaram a 4ª Vara Pública de São Gonçalo, de onde saiu a liminar suspendendo a obra até o Judiciário se manifestar quanto à legalidade da obra. A área da praça está completamente entulhado, afetando o trânsito e o trajeto das pessoas. ”A obra tomou conta de um espaço onde passavam carros, acabou com o retorno, atrapalhou o caminho dos pedestres e gerou um transtorno desnecessário”, reclamou a universitária Samantha Rodrigues, 23 anos, que mora no entorno da praça.

A obra não prevê remoções, mas, em compensação, a construção de concreto vai causar grandes transtornos para os moradores. Os moradores também estão preocupados com o aumento no fluxo de pessoas e principalmente de carros decorrente da criação de um centro comercial. “Nós temos uma praça e ela não pode acabar”, protestou o comerciante Paulo Sérgio, proprietário do bazar JN, que no último dia 12 participou de uma manifestação contra a obra.

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