Uma organização comunitária na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que vem educando crianças há quase três décadas, está em situação vulnerável no momento, devido ao aumento da violência na região.
A ONG Semente do Amanhã proporciona formação cultural e espaços de lazer seguros para as crianças de Vila Aliança, em Bangu, ha 28 anos. Semente do Amanhã atende atualmente 180 crianças entre 3 a 18 anos de idade, e tem mais 302 crianças em sua lista de espera. Atividades diárias focam no desenvolvimento da criatividade e auto-expressão das crianças, além de proporcionar competências transversais concretas através de aulas, tais como ballet, judô, teatro, cidadania e cursos de tecnologia da informação. No entanto, o maior obstáculo enfrentado atualmente pela ONG é o efeito do aumento da violência na região nas suas fontes de financiamento.
Vender roupas e móveis a preços baixos tem sido tradicionalmente a principal fonte de renda da ONG, e tem sido comprovadamente mais lucrativo do que campanhas anteriores na Internet. Mas a violência tem aumentado significativamente na área neste último ano, com tiroteios entre policiais e traficantes ocorrendo quase todos os dias. Devido a isso, os compradores não estão mais dispostos a arriscar uma visita.
Selmina Nascimento, fundadora do Semente do Amanhã, diz ser necessário agora levantar fundos e transferir a ONG para um novo prédio–em uma área mais segura. Pois os conflitos rotineiros têm forçado a ONG a suspender as atividades e têm deixado as paredes do prédio repletas de furos de balas e as crianças com sinais de trauma psicológico.
“Nós não temos nenhuma proteção. Os tiros são frequentes aqui”, disse Selmina, apontando para os buracos nas janelas e paredes da sala usada para aulas de teatro. “O meu temor é que um dia, uma das crianças seja atingida dentro da ONG. Nós precisamos sair daqui, antes que alguma coisa pior aconteça”.
O legado positivo do Semente do Amanhã está emergindo entre várias gerações da comunidade Vila Aliança, como o exemplo dos alunos atuais de oito anos de idade, Lídia e Ele, que aspiram a “mudar o mundo fazendo pelos outros, como queremos que façam por nós“. Da mesma forma pais, como Márcia Paula, dizem que a organização “melhora o bairro através da transformação das crianças”.
Gerações que já colheram os benefícios também estão começando a dar um retorno à comunidade. Alex, de 22 anos, agora possui formação universitária e é coordenador de projetos da ONG, tendo começado como um estudante lá há 11 anos. “A gente vê a diferença. Já têm mudanças”, disse ele. “Seria muito pior sem a gente aqui”.
Para Selmina, apresentar as crianças a elementos culturais para os quais eles não teriam acesso é vital para o desenvolvimento dessas crianças. Algumas atividades também surgem de recursos doados, tais como os instrumentos doados para a ONG em 2015, que tornou possível que as crianças formassem uma banda.
“As crianças da favela estão acostumadas com o funk e o pagode. A banda marcial trouxe para eles novos ritmos. É muito gratificante ver este resultado de nosso trabalho, ver como a autoestima deles está elevada e também perceber que estamos trazendo coisas importantes para a vidas deles.”
Além das aulas realizadas diretamente na favela, a ONG Semente do Amanhã organiza excursões do grupo a museus e locais em toda a cidade com as crianças cujos pais, em geral, não conseguem levá-las. O grupo algumas vezes também visita escolas particulares, onde os membros da equipe dessas escolas falam que é “uma grande surpresa quando os alunos de colégio particular vêm as crianças da favela fazendo o mesmo que eles fazem”.
“O nosso objetivo é mostrar para eles que existe alguma coisa além da favela, e que eles podem sonhar em ser alguém. A construção dessa identidade, desse futuro, começa hoje.”
A ONG Semente do Amanhã está buscando doações para ajudá-los a adquirir e mudar para um novo local na Vila Aliança. As doações podem serem feitas através de seu site ou apoie os seus outros projetos aqui. Segui-os no Facebook aqui.
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