O coro mundial de condenação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes foi acompanhado por manifestações nas cidades australianas de Melbourne, Adelaide, Sydney e Brisbane. As manifestações foram organizadas por comunidades brasileiras pelo país.
Em Melbourne, mais de cem pessoas se encontraram nas escadas da Livraria Estadual de Victoria e marcharam pela cidade, expressando seu pesar e revolta pelo crime e pela perda de uma das vozes populares mais poderosas do Rio de Janeiro.
Na manifestação no Centro Empresarial do Distrito de Adelaide, os participantes leram poesias, ergueram cartazes e seguraram velas pela desafiadora memória de Marielle. A organizadora Gabriela Ataide contou ao RioOnWatch que eles se recusavam a se calarem sobre o que aconteceu.
“Quem quer que tenha matado Marielle tentou mandar uma mensagem a todos nós”, ela disse. “Foi uma mensagem para recuar. Eles não gostam quando alguém fala pela periferia”.
O assassinato de Marielle é amplamente considerada uma ‘retaliação’ por sua ampla defesa dos direitos humanos, particularmente os direitos dos jovens negros moradores das favelas do Rio que são esmagadoramente as vítimas da violência e da repressão policial. As manifestações em Melbourne e em Adelaide também expressaram sua grande preocupação pelo bem-estar dos jovens negros nos bairros mais pobres do Rio à luz da recente declaração de intervenção federal militar do Presidente Temer no Rio, ação em que Marielle estava envolvida no monitoramento.
“É um momento muito sensível no Brasil e eles estão atacando diretamente a nossa democracia”, disse Gabriela. “Nós queremos mandar de volta a mensagem de que nós não recuaremos”.
“Nós vamos pedir justiça pelo assassinato de Marielle e Anderson e nós vamos fazer com que o mundo todo fique sabendo que há um real genocídio dos jovens negros no Brasil”.
Fernanda Duarte, uma organizadora do protesto em Melbourne, contou ao RioOnWatch que “foi a nossa oportunidade de abraçar outros brasileiros” neste momento de dificuldade, e de “chorar juntos e exigir justiça”.
“Apesar de distantes, queremos que nossas vozes aqui na Austrália se somem a de todos os outros cidadãos brasileiros, ao povo do Rio de Janeiro e da Maré. Marielle esteve presente e suas ideias ecoaram em cada grito de resistência!”
Fernanda destacou que o assassinato de Marielle Franco não enfraqueceria a energia das comunidades dentro e fora do Brasil para lutar por uma sociedade justa. “Nos unimos pela valorização da vida e pela prosperidade da democracia brasileira”.