4 de novembro de 2010—Esta semana, os moradores da Favela Metrô-Mangueira, perto do estádio do Maracanã, despertaram com a chegada da equipe de remoção e de demolição da Prefeitura do Rio de Janeiro, com a missão de removê-los das suas casas. Hoje, pelo menos duas dúzias de casas foram desocupadas. Janelas e telhados foram quebrados e o processo de demolição continuou.
As remoções e a destruição não tinham um padrão discernível, eram simplesmente um ataque aleatório pela vizinhança. O estresse era evidente, muitas pessoas apenas tentavam se acalmar, esperando por sua vez, sem saber se a remoção deles viria hoje, na próxima semana ou no próximo mês.
As pessoas acreditam que a comunidade está sendo removida para dar lugar a um estacionamento que atenderá ao estádio do Maracanã durante a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A prefeitura, no entanto, normalmente usa um pretexto de saúde pública e preocupações de segurança como justificativa para remoções. A hipocrisia dessa “preocupação” tornou-se bastante clara quando o processo de remoção começou.
Uma vez que uma família é removida, a casa é danificada pelos trabalhadores da prefeitura para evitar a reocupação. Nenhum esforço é feito (ou seja, não há dinheiro gasto) em demolição adequada, fechamento do local, sinais de alerta ou mesmo fita de perímetro. A casa é deixada aberta para qualquer um entrar, incluindo crianças e pessoas desesperadas que precisam de algum tipo de abrigo. Há vigas de aços saindo, buracos no andar de cima das casas, telhados afundados, fiação solta e prédios deixados em estados precários que podem desmoronar a qualquer momento.
Além disso, o entulho é deixado onde está, bloqueando os esgotos, gerando águas estagnadas, gerando pragas e parasitas. É uma tática cruel e deliberada. É a prefeitura que está tornando o bairro inseguro, insalubre, insuportável.
Moradores da favela alegaram que uma oferta havia sido feita originalmente para movê-los para uma curta distância, muitos responderam que essa era uma escolha indesejável, mas pelo menos aceitável. Eles também alegaram que receberam uma ajuda de R$400 por mês durante três meses para ajudar com os custos de reassentamento. A proposta parece ter desaparecido e agora os moradores estão sendo levados para Cosmos, um subúrbio na periferia da cidade, distante e longe de tudo que é familiar à comunidade.
Eu perguntei a uma mulher, olhando desolada em torno de uma sala agora vazia, se esta era a sua casa e quando ela silenciosamente quebrou o silêncio, ela simplesmente disse: “Foi”.
Samuca atua como fotógrafo voluntário na Comunidades Catalisadoras.