No dia 16 de janeiro aconteceu o evento Baphos Periféricos no Centro Cultural Parque das Ruínas. O evento fez parte da comemoração do dia da visibilidade trans, que é celebrado no dia 29 de janeiro, e foi realizado pelo coletivo Baphos Periféricos em parceria com a Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (CEDS Rio) e a Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
O evento, sob o mote de “Transbordar”, contou com expressões artísticas, musicais e audiovisuais produzidas a partir do recorte da construção identitária e afirmativa do que é ser trans e travesti, especialmente nas periferias.
A noite começou com as palavras de Quitta Pinheiro, travesti de Nova Iguaçu, comunicadora do Galpão Bela Maré e fundadora do coletivo Baphos Periféricos.
Quitta falou da importância de reafirmar a identidade trans em territórios periféricos e da importância de trazer essas periferias para outros territórios. “Somos oriundos da Baixada Fluminense, surgimos da necessidade de um projeto que de fato promovesse artistas LGBTI+ dentro do próprio território. Foi muito importante construir para o Parque das Ruínas uma programação inteira de artistas trans da Baixada, estamos construindo próprias possibilidades de existência, seja ela qual for”, disse ela.
Ela completou: “Ver artistas trans no cenário musical brasileiro, sendo hoje referências, demonstra a criação dos nossos próprios caminhos e escolhas, sem imposição do que devemos fazer com nosso corpo. Tornar pessoas trans visíveis é obrigação da população por motivos de respeito e humanização”.
“Tornar pessoas trans de periferia destaque, é reparar uma construção social que inibe nossa liberdade de ser”, finalizou ela.
Também falou no evento Erick Witzel, filho transgênero do Governador Wilson Witzel e que trabalha na CEDS Rio, sobre a importância da visibilidade trans, assim como da produção artística e cultural feita por pessoas trans.
Foram exibidos alguns curta metragens, que pautaram a identidade trans a partir de seus corpos e suas formas de afeto.
Em sua fala, Bruna Andrade, cineasta, apontou que a produção audiovisual trans é importante porque produz uma memória transgênero e travesti.
Durante o evento, os DJs Yu, Aya Ibeji, Ãojo e Karina Gama tocaram pop e funk, animando o público a noite toda.
Em um dos momentos mais aplaudidos da festa, Marie Marquês fez sua performance artística, atraindo gritos e elogios do público.
Após seu show, Marie agradeceu a plateia e levantou a questão da importância de não apenas celebrar a cultura trans, mas também não esquecer que o Brasil é o país com o maior índice de homicídio contra travestis e transgêneros do mundo.
Finalizando o evento, a banda Ayê tocou músicas que enaltecem a cultura afro brasileira, contagiando o público que cantou junto.
O evento terminou com mais uma fala de Quitta sobre a importância da cultura e da produção artística travesti.
Gabriel Loiola é cria do Complexo do Alemão, fotógrafo, publicitário e atuou no projeto da Praça do Conhecimento da Nova Brasília.