Mais de 250 famílias estão desabrigadas após as demolições da ocupação Bairro 13 em Santo Cristo no Rio de Janeiro. Moradores relatam que, até agora, das aproximadamente 500 famílias que foram removidas da região, apenas cerca de 110 foram registradas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), recebendo ou uma casa no programa ou aluguel social enquanto aguardam casa no programa. Em violação à lei, os moradores não receberam aviso prévio quando a remoção começou em 26 de fevereiro. Aqueles que não foram inseridos no programa MCMV receberam somente fotocópias de documentos não assinados e não oficiais que pretendiam ser da Secretária Municipal de Habitação (SMH).
As famílias acamparam em frente à sede da Prefeitura na segunda-feira e terça-feira, esperando serem atendidas pela SMH, exigindo moradia e aluguel social. Na noite de segunda-feira, após o bloqueio de uma faixa da Avenida Presidente Vargas, em protesto, eles foram levados pela Guarda Municipal para a Leopoldina para trocar seus documentos pelo oficial, e assinarem documentos para se alistarem no programa MCMV. No entanto, não há previsão de quando eles vão receber a habitação, e não foram dadas quaisquer informações adicionais pela Guarda Municipal ou a SMH, deixando-os indefinidamente sem-teto.
Em 26 de fevereiro, o primeiro dia da remoção, muitos moradores relataram que ao voltarem do trabalho encontraram-se trancados fora de casa, impedidos de acessar os seus pertences, enquanto que aqueles que estavam lá no momento tinham sido inseridos no programa MCMV.
Graziele Maria da Silva, 23 anos, explicou: “Eles providenciaram para que nós fossemos para a Guarda Municipal ontem [segunda-feira], a fim de obter o papel [para MCMV] e o aluguel social. Eles nos deram um papel que não serve para nada, e não é o aluguel social”.
No final da manhã de terça-feira, depois de bloquearem a avenida outra vez, um grupo de manifestantes foi atendido por um assistente do Prefeito, que disse que eles não iriam receber o aluguel social, mas que tinham o direito da habitação do MCMV e que o processo começaria na próxima semana. Outro grupo foi ao escritório da Defensoria Pública, a fim de receber assistência jurídica. “As pessoas não têm ido trabalhar por vários dias–eles estão perdendo seus empregos, porque eles estão tentando resolver esta situação”, disse Luciana Nunes. “Há dias em que as pessoas não estão em condições de ir para o trabalho, e ainda assim eles não estão em condições de resolver qualquer coisa”.
“Eles simplesmente não nos atenderam. E enquanto isto permanecer assim nos iremos ocupar as ruas, vamos protestar, e continuar até que haja uma solução”, disse Graziele. “A polícia e a Guarda Municipal agem como se fôssemos animais ou vândalos…Quando os meios de comunicação estão ao nosso redor, eles ficam quietos. Mas quando a mídia se vai, eles começam com o seu desrespeito”.