Coletivos e indivíduos, grupos comunitários, ONGs, meios de comunicação alternativos, ativistas, jovens, crianças e adultos; moradores do Complexo de Alemão, outras favelas e a cidade formal se reuniram na Praça do Terço, uma praça em Nova Brasília no Complexo do Alemão, no dia 17 de março, última segunda-feira à noite, para a segunda reunião pública após o protesto da semana anterior e as intensas operações policiais.
Os membros do Ocupa Alemão, que presidiu a reunião pública, distribuiu e leu um manifesto, “Queremos ser feliz e andar tranquilamente na favela em que nascemos”. O manifesto foi escrito coletivamente pelo Ocupa Alemão, Raízes em Movimento, EDUCAP, Jornal Voz das Comunidades e outros representantes da comunidade e colaboradores. Ele expressa a demanda para que suas vozes sejam ouvidas e para que os direitos humanos dos moradores do Complexo do Alemão e de outras favelas sejam respeitados. Ele destaca que “as propostas de ‘paz’ devem ser elaboradas em conjunto com toda a favela. Uma política para a paz não se constrói com um pé na porta, atacando livremente moradores, a paz não se constrói com um caveirão”. Esta voz coletiva demonstra o crescente movimento denunciando as falhas da política da UPP e a construção de alternativas frente a militarização, durante este momento crítico no programa UPP.
Durante a semana passada, o Complexo de Alemão experimentou a intensificação da repressão da polícia militar. No sábado, dia 15, o BOPE entrou na favela para levar a cabo uma operação militar, e desde então vem treinando policiais da UPP nas táticas militares. Na segunda-feira, à noite, vários membros da comunidade contaram que sofreram abusos físicos e verbais, humilhações e até ameaças de morte por ter criticado abertamente a política de UPP.
Os planos coletivos de continuar a manter estas reuniões públicas, com o objetivo de aumentar a participação de moradores do Complexo de Alemão e de concretizar as propostas de ações expressam alternativas ao atual modelo de “pacificação”. A primeira grande ação foi marcada para o dia 21 de abril, com uma intervenção artística chamada: “A gente não quer só polícia”. No meio de tantos episódios de tragédia e violência relacionados com a polícia e a comunidade, este ano, este movimento nascente da sociedade civil apresenta o potencial de quebrar um padrão histórico de políticas de segurança pública desrespeitosas e desumanas em favelas, uma promessa feita, mas não cumprida com o programa UPP.
Os coletivos do Alemão estão pedindo para outros coletivos, ONGs e instituições que assinem o manifesto. Para ler e assinar o manifesto clique aqui.