Quarta-feira 4 de março, líderes comunitários, ativistas do meio ambiente e jovens da comunidade de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro se reuniram na biblioteca da comunidade para lançar o projeto Plantando Ideias. A iniciativa é uma colaboração conjunta entre a Favela Teto Verde e a Favela Criativa. Durante a tarde, os moradores de Manguinhos realizaram uma série de eventos: jardinagem, grafite e shows de rap. Todos visando aumentar a consciência ambiental na comunidade.
O objetivo por trás do projeto Plantando Ideias é simples: tornar as favelas mais verdes. A ideia, desenvolvida pelo morador Eduardo Costa, de 20 anos, é de que ao envolver os membros da comunidade em projetos ecológicos e na construção de um discurso ambiental, os moradores poderão melhorar suas próprias atitudes em relação ao meio ambiente.
A projeção do documentário Teto Verde Favela explica as ambições da organização: encorajar os moradores a terem mais plantas e, em particular, plantas nos telhados. Antônio Soares, biólogo que trabalha com o Teto Verde Favela, explicou: “Já estamos implementando, dentro da própria comunidade, o ideal de sustentabilidade com teto verde, com cobertura verde para não apenas amenizar a temperatura da própria casa…como também para embelezar, para dar um beleza natural para a própria comunidade”.
O conceito desenvolvido por Careca Artes, ativista comunitário e fundador da iniciativa, é de que as plantas nos telhados absorvam o calor, agindo como sistema de resfriamento natural para a casa. Além disso, ao usar a água da chuva e compostagem doméstica, o projeto se torna completamente sustentável.
Para complementar o projeto Teto Verde Favela houve um recital de poesia, leituras de histórias, um show de rap e exposição de grafite, todos enfatizando um só tema: a consciência ambiental. O componente cultural foi organizado pela juventude de Manguinhos que faz parte da iniciativa Favela Criativa.
Desde setembro do ano passado, uma combinação de financiamento dos setores público e privado forneceram R$14 milhões para investir em 20 favelas pacificadas, em projetos que irão “contribuir para o desenvolvimento cultural, social e econômico das favelas“, através do Favela Criativa. Pelo programa, cerca de 400 estudantes recebem auxílio e o financiamento necessários para produzirem um projeto artístico, recebendo qualificações e aprendendo sobre mobilização comunitária. Guilherme Folly, professor do Favela Criativa em Manguinhos e Turano disse que embora os estudantes trabalhem em “projetos artísticos culturais, eles também servem a comunidade”.
Tanto o Teto Verde Favela quanto Favela Criativa enfatizam a necessidade dos moradores tomarem iniciativa e melhorarem suas comunidades através da mobilização local. O evento foi aberto por Careca Artes com um exemplo bastante simples, mas efetivo de como isso pode ser feito. Ele organizou o plantio de um novo canteiro de cactos ao redor do centro esportivo da comunidade, para reabilitar e transformar o espaço árido e sujo em um jardim público que pode ser aproveitado por todos da comunidade.
Antônio Soares destacou a importância de tais eventos “para mostrar a toda a sociedade que dentro da comunidade tem cabeças pensantes”. De acordo com ele, esses eventos mostram a outras comunidades semelhantes e seus moradores de que eles têm a capacidade de produzir mudanças, de serem sustentáveis, e como Careca colocou, “ter uma condição de vida melhor”.