O segundo festival Vidigalerativa aconteceu na quinta-feira 5 de março no Centro Cultural do Vidigal. O festival foi organizado e promovido pelo programa Favela Criativa com o objetivo de disseminar cultura e arte pela comunidade.
O evento foi dividido em duas partes: oficinas nas quais crianças tiveram a oportunidade de praticar novas atividades como grafite e slackline; e apresentações onde artistas locais divulgaram sua música, poesia e dança.
Favela Criativa é uma parceria público-privada com orçamento de R$14 milhões. O evento Vidigalerativa surgiu a partir do curso de formação de Jovens Agentes de Cultura oferecido pelo programa em 20 diferentes favelas. O curso oferece educação artística para jovens, ensina-os gestão cultural e promove o encontro dos jovens artistas com patrocinadores e potenciais parceiros. O projeto funciona de forma participativa, combinando iniciativas locais com financiamento externo.
Durante o festival no Vidigal, crianças da comunidade pintaram muros da favela, tocaram instrumentos de percussão e aprenderam a dançar. Às 20h, as apresentações de rap e hip-hop iniciaram. Erre-D, um dos rappers convidados a se apresentar no Vidigalerativa, disse: “Há alguns anos, não existiam muitos eventos culturais a não ser aqueles organizados pelo grupo de teatro Nós do Morro. Faz um tempo que as coisas estão mudando e a cultura está começando a ser vista como uma prioridade. Confia em mim, é apenas o começo”.
Atualmente, 20 jovens do Vidigal participam da formação oferecida pelo Favela Criativa. As aulas acontecem duas vezes por semana na sede da Associação de Moradores e os jovens colocam suas habilidades à prova no evento Vidigalerativa. Com um orçamento de apenas R$400, eles produzem um evento que atrai crianças e adultos devido à diversidade de atividades artísticas e aos shows de alta qualidade.
Adriano Santos, um dos responsáveis pelo evento, explicou que cada projeto deve seguir diretrizes de desenvolvimento sustentável. Por exemplo, ao invés de distribuírem panfletos de divulgação, os organizadores usam mídias sociais ou o boca-a-boca para atrair pessoas para os seus eventos.
Enquanto Santos falava, um morador interrompeu a entrevista para dizer: “Caraca, isso deveria acontecer mais e mais aqui no Vidigal!” Lisonjeado, Santos explicou que este é o principal objetivo do projeto.
“Nós queremos que seja permanente”, disse ele. “A terceira edição acontecerá em abril”.
No dia 30 de abril, o grupo de vinte jovens se formará e apresentará seus próprios projetos. Posteriormente, metade deles receberá um prêmio de R$12.000 para criar e desenvolver seus projetos. Slackline, música e capoeira são apenas algumas das propostas que estão sendo consideradas.
Miguel, grafiteiro e aluno do programa Favela Criativa, organiza um programa de aulas de grafite para crianças no Vidigal aos domingos. O projeto é inteiramente financiado com recursos próprios e precisará de apoio financeiro no futuro, razão pela qual aderiu ao programa.
“Em um ano meu projeto ficará sem dinheiro”, disse ele. “Para dar continuidade, precisarei de apoio. É por isso que participei deste curso e farei o meu melhor para conseguir o prêmio”.