Há exatamente um mês, moradores do Cantagalo tomaram as ruas com uma procissão celebrando as mulheres da favela na véspera do Dia Internacional da Mulher, no dia 7 de março.
O evento começou no Museu de Favela (MUF), organização comunitária fundada por mobilizadores das comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, que organizaram o evento. A procissão, em seguida, foi até cada casa ou comércio das mulheres celebradas carregando faixas para compartilhar a homenagem. As “Mulheres Guerreiras” homenageadas foram escolhidas com base em seu comprometimento e liderança na comunidade, mesmo tendo que superar dificuldades pessoais, tornando-as fortes modelos de inspiração para os moradores.
Algumas das faixas mostravam citações das mulheres, enfatizando sua força e papel na comunidade:
Rosimary: “A primeira coisa que tive de bom foi meus filhos, com pai ou não, são meus né? E o segundo foi ter aberto meu próprio negócio…”
Natalina: “Sempre erguer a cabeça. Andar de cabeça erguida, que é uma boa coisa. Sempre ter a cabeça erguida é muito bom”.
Maria Helena: “… Educação, cultural e social independente de religião. Abraçar, saber entrar, interagir (…) essa é a minha diferença”.
Neuza: “A favela quem faz somos nós. Eu ensinei meus filhos assim: o que é que é isso e o que é que é aquilo”.
As mulheres homenageadas foram pegas de surpresa à medida que a procissão chegava às suas casas. Com a procissão seguindo pela rua, amigos e familiares das mulheres saíam para celebrar junto com o grupo que segurava as faixas. Espectadores gritavam: “Eu conheço elas, são minha família!”
Mario Chagas, porta-estandarte da procissão falou de sua importância: “Todo ano nós planejamos um evento no Dia Internacional da Mulher. É muito importante hoje, este sábado (07), porque amanhã é Dia Internacional da Mulher, prestar homenagem às mulheres, então criamos essa exposição para elas”.
Foi o terceiro ano consecutivo que o Museu celebrou as mulheres da favela, unindo a comunidade para destacar fortes modelos femininos.
“Elas são todas muito importantes para o Museu, muito importantes para a favela onde construíram suas vidas”, disse Chagas. “Muitas tem filhos sozinhas, tem que criar os filhos sozinhas. Elas são muito fortes por seus filhos. Muitas trabalham e são líderes na favela. Algumas são artistas, jornalistas, empresárias. Rosimary é um exemplo, ela é proprietária da empresa de um restaurante popular. Ela é proprietária da empresa sozinha”.
O MUF é uma organização não-governamental fundada em 2008 por moradores da comunidade. Os 16 líderes do MUF são um grupo diverso e talentoso de artistas, músicos, cantores e compositores de hip hop e samba, reconhecidos líderes de comunidade, locutores de rádio, jornalistas, capoeiristas, artesãos, fotógrafos, uma arquiteta urbanista e um advogado.
Após a procissão, o MUF sediou uma festa para comemorar as mulheres e o sucesso do evento, colocando as faixas e placas nas paredes do terraço e projetando vídeos e fotos da procissão. A celebração continuou pela madrugada do Dia Internacional da Mulher.