Foi realizado, de 23 a 25 de julho na comunidade caiçara de Tarituba em Paraty, o I Encontro de Turismo de Base Comunitária da Costa Verde. Este encontro foi realizado pela Secretaria de Turismo de Paraty em ação consorciada a Fundação de Turismo de Angra dos Reis-TURISANGRA.
O turismo de base comunitária se caracteriza pela participação da comunidade no desenvolvimento da atividade turística, contribui para a valorização da identidade local e preservação do território. É uma alternativa ao modelo de turismo tradicional, que quando voltado somente para o crescimento econômico, afeta os destinos receptores, excluindo a cultura local. O turismo de base comunitária tem como proposta o conceito de desenvolvimento sustentável, que aplicado ao turismo contribui também para a geração de renda para as comunidades receptoras. Possui desafios socioeconômicos e ambientais que remetem a necessidade de propiciar melhores condições de vida a comunidade local.
Foram três dias de encontro na comunidade caiçara de Tarituba, onde o Fórum de Comunidades Tradicionais caiçaras, indígenas e quilombolas de Angra, Paraty e Ubatuba se reuniram junto a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a Associação de Moradores, parceiros e pesquisadores para discutir o turismo de base comunitária na região da Costa Verde como uma resposta ao crescimento do turismo desordenado que pressiona o território ameaçando o meio ambiente ecológico e humano.
No primeiro dia de diálogo na mesa Território foram apresentadas as questões territoriais que a região vem passando desde a década de 70 com a abertura da BR 101. Diversas comunidades foram removidas de seu lugar de origem por conta da especulação imobiliária e muitos vivem hoje em dia nas periferias de Angra e Paraty.
No primeiro dia de debate foram apresentados na mesa de Turismo os conceitos e práticas do Turismo de Base Comunitária e foi dada a voz aos integrantes das comunidades tradicionais, onde eles apresentaram todas as dificuldades que vêm enfrentando. Os conceitos foram apresentados pela professora Teresa Mendonça da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
José Roberto da comunidade caiçara de São Gonçalo falou de todo o sofrimento que sua comunidade passou por conta da luta pela manutenção em seu território; Rafaela Albino da comunidade caiçara da Praia do Sono, falou sobre o turismo desordenado que a comunidade vem enfrentando durante a alta temporada, onde os moradores mudam sua rotina para atender a demanda de turistas que chegam no local; Angélica Pinheiro da comunidade do Quilombo do Bracuí disse que o turismo deve ser diferenciado e feito pelos próprios quilombolas; Lucas Xunu da aldeia Sapukai falou da importância da cultura indígena.
No segundo dia de diálogo foram apresentadas as experiências de Turismo de Base Comunitária pela Rede Tucum do Ceará, do Projeto Bagagem e do roteiro étnico cultural de base comunitária apresentado por Daniele Elias do quilombo do Campinho da Independência, Paraty; Edmundo Gallo da Fiocruz, apresentou o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis que está sendo realizado nas comunidades tradicionais da Costa Verde.
Esse evento foi muito importante para a discussão sobre um turismo sustentável nas comunidades tradicionais da Costa Verde. Esse é um começo para o fortalecimento, articulação e comunicação entre as comunidades que lutam para se manterem em seus territórios e pela preservação de sua história e memória.
Thaís Rosa Pinheiro é Mestre em Memória Social. Thaís pesquisou sobre o turismo de base comunitária na comunidade do Quilombo do Campinho da Independência, Paraty.