No dia 2 de agosto, o Movimento Preserva Laboriaux e sua parceira, a ONG Favela Verde, organizaram o primeiro encontro de turismo sustentável de base comunitária na Vila Laboriaux, uma pequena comunidade no pico da Rocinha. Com aproximadamente 50 pessoas inscritas, o encontro trouxe especialistas em sustentabilidade, favela turismo, representantes do Parque Nacional da Tijuca e empreendedores para discutir e compartilhar suas experiências de ecoturismo responsável com os moradores da Vila Laboriaux. O encontro foi produto de um extensiva avaliação diagnóstica da comunidade conduzida em junho, que revelou que os moradores da comunidade Vila Laboriaux estavam de acordo com o turismo responsável e projetos ambientais, e que os desejavam e precisavam em sua comunidade. Com apenas um ano para os Jogos Olímpicos de 2016, os moradores da Vila Laboriaux refletem uma tendência em favelas da Zona Sul do Rio, esperando aproveitar a oportunidade esperada de um fluxo de turismo na favela.
Favela Verde, uma organização sem fins lucrativos focada na inclusão social e práticas sustentáveis nas favelas, recentemente tornou-se parceira do Parque Nacional da Tijuca como parte do plano estratégico do Parque de se aproximar às 170 favelas ao redor da floresta. Favela Verde tem trabalhado com os moradores da Vila Laboriaux desde 2013 e em junho, juntamente com eles, conduziu uma avaliação socioeconômica baseada em questionários dados aos moradores. O questionário incluía questões sobre cuidados de saúde, educação, segurança, saneamento, acesso a recursos e o meio ambiente. O resultado do questionário revelou que a comunidade gostaria de trabalhar com o desenvolvimento de turismo e agricultura urbana. O evento na Vila Laboriaux serviu como um piloto para encontros que virão em outras favelas no entorno da floresta.
“Nossa intenção com esse evento é que ele sirva como uma ferramenta para que os membros da comunidade se inspirem no tema da justiça ambiental e nas oportunidades de ecoturismo. Nós esperamos fornecer recursos e uma espécie de roteiro”, disse Gabriel Neira Voto, co-diretor do Favela Verde.
Favela Verde reuniu em um painel os palestrantes Cristiano Ferreira, fundador da rede de favela turismo CONTUR; a empreendedora Sheila, do Brazilidade do Santa Marta; Claudio Poty da Secretaria de Turismo do Estado, e Camila Moraes, coordenadora do Observatório de Turismo da UNIRIO. Também participaram alguns exemplos vivos de iniciativas de turismo sustentável incluindo a Cooperativa Vale Encantado, que fica localizada em uma favela cercada pela Floresta da Tijuca e que proveu os alimentos, produzidos localmente, para o evento, e o Faveliving, uma Agência de Turismo de Experiência que promove turismo em favelas e que informa os moradores sobre as perspectivas de geração de renda através do turismo de trilhas e hospedagem.
Os moradores, em concordância, aplaudiram com entusiamo quando os palestrantes enfatizaram a importância de empoderar as comunidades através do turismo. “O turismo na favela deve trabalhar para beneficiar a comunidade diretamente, servir como um intercâmbio cultural baseado na história e cultura existente e preservar o modo de vida dos moradores da favela”, disse Sheila Souza.
A professora Camila Moraes acrescentou: “Turismo em favela tem um grande potencial de empoderar e facilitar a apropriação comunitária”.
Os moradores levantaram perguntas aos palestrantes e se reuniram em pequenos grupos para discutir suas necessidades específicas e visão para o turismo na comunidade.
“Favela Verde…foca nas mulheres e nos adolescentes, sabendo que esta demografia terá o maior potencial de se beneficiar de programas de educação ambiental e formação de guias de trilhas”, disse Amanda Darlington, uma consultora americana de empreendimentos sociais que trabalha com o Favela Verde.
“Este é o primeiro evento no qual eu participo sobre turismo inclusivo social em favelas”, disse Diogo Barbasa, um morador de 24 anos de idade, da Vila Laboriaux. Ele compartilha a curiosidade e interesse no turismo, e também no potencial do próximo ano, com a preparação dos moradores para as oportunidades geradas pelos Jogos Olímpicos. Marcelo Mendes, um morador de meia-idade, compartilhou que esses eventos são poderosos e necessários, mas que as ações e resultados tangíveis são críticos.
No domingo o evento terminou com a formação de um grupo de trabalho para o turismo de base comunitária na Vila Laboriaux. Moradores interessados continuarão a se encontrar e desenvolver um plano para trazer o turismo sustentável para a sua comunidade, bem como os recursos de intercâmbio e conhecimento com o Favela Verde e o Parque Nacional da Tijuca.