Estudantes de duas universidades se uniram aos moradores da Vila Autódromo no ultimo final de semana para a revitalização do amado Parquinho da comunidade. Os participantes amarraram fitas coloridas ao redor das árvores, pintaram o trepa-trepa, gangorra e o gira-gira, e plantaram um jardim com materiais reciclados. Após a demolição da mesa de ping-pong da comunidade no início deste mês e os remoções relâmpago de 23 de outubro, quando escavadeiras destruiram cinco casas, o Parquinho é um dos poucos espaços públicos ainda intacto.
“O Parquinho é o único espaço de lazer que a gente tem num domingo ou sábado para não ficar em casa, para vir pra cá e bater um papo com os vizinhos, trazer nossas crianças para brincar”, disse Conceição Queiroz, 41, uma das moradoras da Vila Autódromo determinadas a permanecer na comunidade.
Localizado ao lado do Parque Olímpico parcialmente construído na Barra da Tijuca, a Vila Autódromo situa-se em uma valiosa aréa imobiliária. A prefeitura tem realizado negociações individuais privadas com as famílias, oferecendo uma indenização monetária ou um apartamento no complexo Parque Carioca como parte do programa habitacional federal Minha Casa Minha Vida. No âmbito desta estratégia, a população da comunidade diminuiu em 83% nos últimos dois anos. No entanto, pelo menos 41 famílias estão firmes em sua determinação de permanecer na Vila Autódromo, e acreditam na promessa do prefeito Eduardo Paes que nenhum morador será removido contra a sua vontade.
A ideia de revitalizar o Parquinho decorre do Projeto de Extensão da Universidade Anhanguera, em Niterói, parceria dos estudantes com moradores da Vila Autódromo para ajudar a reconstruir a comunidade.
“[Vila Autódromo] é uma comunidade muito resistente: eles militam, eles querem permanecer, eles conhecem os direitos deles”, disse Diana Bogado, professora da Anhanguera e diretora do Projeto de Extensão da Comunidade. “Existe uma política urbana que é uma política elitista, ela é uma política que gera uma segregação, ela é uma política que pensa em alguns interesses, ela serve aos interesses imobiliários… E essa remoção, na verdade, ela vem acontecendo de forma a violar os direitos humanos”.
Quando perguntado em diversas ocasiões sobre o futuro da Vila Autódromo, Paes tem sido cauteloso em suas respostas, deixando os moradores como Conceição paralisados, na incerteza. Como as outras 40-50 famílias que se recusam a sair, Conceição está esperando por Paes para responder às propostas do Plano Popular, uma proposta premiada de urbanização da comunidade, que garante o futuro de Vila Autódromo.
“A gente está na luta para ficar porque o prefeito prometeu à comunidade que a comunidade só ia sair em parte, que não ia tirar a comunidade toda. E ele tem um projeto, é o projeto que ele nunca mostra… Mas se ele desenvolveu um plano para as pessoas que querem ficar, porque ele não apresenta?”
Na ausência de um plano definitivo da prefeitura demonstrando a intenção de garantir o direito de permanecer, os moradores continuam a resistir a remoção e investir em sua comunidade. Bem como a revitalização do Parquinho, moradores reformaram a entrada para a comunidade com uma nova placa de entrada e plantas. A comunidade está atualmente planejando o segundo evento #OcupaVilaAutódromo, um festival cultural, a ser realizado no sábado, 28 de novembro com música, cinema, exposições, alimentos e bebidas.