Esta matéria de Rafael Nicolau faz parte de uma série de cinco matérias de opinião sobre o impeachment por comunicadores populares publicadas no RioOnWatch.
Rafael Nicolau, tem 18 anos e é morador da Vila da Penha. Desde a educação de base frequentou escolas públicas, conhecendo desde cedo o drama da educação no município e, posteriormente, no estado do Rio de Janeiro. No ensino médio estudou em um dos melhores colégios estaduais, o Colégio Estadual Professor Horácio Macedo, o que lhe deu base para ser aprovado na UERJ, onde hoje, não fosse a greve fruto do sucateamento da universidade, deveria estar cursando o primeiro período de Ciências Sociais. Vindo de família humilde, procura mudar não só a própria realidade, mas a realidade da sociedade.
A atual conjuntura política brasileira é de envergonhar até o ser mais patriota que vive por essas bandas. É um momento crucial, que definirá o futuro da nação.
Há oito dias foi votado na Câmara dos Deputados o processo de impeachment que poderá tirar à força a Presidente Dilma Rousseff. Porém, apesar do impeachment estar previsto na constituição como um ato legal, nesse caso passou longe da ética e da democracia.
Os arquitetos do golpe camuflado de impeachment são Michel Temer e Eduardo Cunha, ambos têm fichas sujas, acusados por lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, pagamento de propina, contas na Suíça, etc. Os dois elementos se aproveitaram do momento de crise que vive o país para confundir a cabeça de toda uma nação, e fazer com que o povo apoiasse um golpe de Estado tão claro, mas tão claro, que cegou um povo sedento por mudanças e cheio de esperanças.
É de conhecimento geral que problemas gravíssimos assolam o Brasil nos tempos atuais e, quando o grau mais alto da palavra “grave” é atingido, sabemos bem do que estamos falando: desemprego crescente, aumento do custo de vida, e saúde e educação precária. Um misto de acontecimentos que torna ainda mais difícil a sobrevivência por aqui.
Em meio ao caos quase instalado, é muito perceptível a insatisfação da população com o atual governo que, a partir deste momento, se torna uma espécie de poço de culpa, onde vai parar a responsabilidade de todos os problemas em território nacional, até os que, de fato, não são de seu merecimento.
Neste meio tempo, aparecem dois aproveitadores que percebendo o momento de tensão, somado à corda que aperta seus pescoços como nunca antes havia apertado, vislumbram a oportunidade de trazer o povo para perto de si, e pior, fazendo com que a população apoie o processo para derrubar a presidente.
Por mais que pareça tão satisfatório quanto dar comida a quem tem fome, o apelo popular, principalmente, da população de baixa renda é um grande tiro no pé, tendo em vista as grandes chances dos postulantes a salvadores da pátria largarem os pobres às baratas e governarem em função dos ricos.
Depois de décadas lutando por democracia, aparecem abutres para virar a mesa de modo que só eles e seus comparsas saiam favorecidos. As falhas deste golpe de Estado começam a ficar claras quando os tais abutres, mesmo que sejam réus num processo de cassação de mandato e por diversos outros crimes, organizam um esquema para derrubar a presidente eleita pelo povo numa eleição, válida e amparada pela lei, sem que a mesma possua culpa em qualquer crime de responsabilidade. O impeachment é a única saída para que Michel Temer e Eduardo Cunha afastem as investigações dos crimes já citados neste pequeno dedo de prosa e, finalmente, possam sorrir e viver em liberdade.
O próximo passo, já que a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de impeachment, é a ida do caso para as mãos dos senadores que, por sua vez, irão discutir se levarão adiante e deixarão o caso com o Superior Tribunal Federal, que pode afastar a presidente de seu cargo por até 180 dias (6 meses). Tempo suficiente para que Temer e Cunha saiam ilesos de investigações nada favoráveis à eles.