A Anistia Internacional Brasil organizou uma ação surpresa na manhã desta quarta-feira, 27 de julho, para protestar contra o aumento dos homicídios cometidos por policiais durante a preparação para os Jogos Olímpicos 2016.
Precisamente às 10 da manhã, um grupo de manifestantes da Anistia Brasil dispuseram 40 sacos pretos para corpos na frente do prédio da sede do Comitê Organizador Rio 2016, no Estácio, simbolizando as 40 pessoas assassinadas pela polícia no mês de maio de 2016. Atila Roque, diretor da Anistia Internacional Brasil, afirmou que esse é um aumento de mais de 130% nos homicídios cometidos pela polícia em relação ao mesmo período um ano atrás. Da mesma forma, ele disse que houve, novamente, um aumento na violação dos direitos dos cidadãos em nome de uma “suposta proteção” às vésperas de um megaevento.
Renata Neder, assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional Brasil descreveu os resultados do levantamento do programa Você Matou o meu Filho da Anistia Internacional, lançado em agosto de 2015. Ela descreveu os contextos em que as mortes, em grande maioria nas favelas, ocorreram:
“Uma parte dos [homicídios policiais] aconteceu simplesmente porque a polícia chegou imediatamente atirando nas favelas, e claramente se você começa a disparar em um lugar densamente habitado, as pessoas serão atingidas e vão morrer. Outra parte foram casos documentados da polícia se escondendo em determinadas casas para executar indivíduos. Outros casos documentados pela Anistia Internacional foram casos de pessoas que eram suspeitas de terem cometido um crime ou pessoas que foram flagradas cometendo um crime, mas não estavam armadas, já haviam se rendido, alguns dos quais estavam feridos, e com isso pessoas que não representavam nenhum tipo de risco a ninguém. E a polícia, em vez de parar essas pessoas e levá-las à cadeia, atirou intencionalmente e executou esses indivíduos.”
Depois de se posicionarem do lado de fora da sede do Comitê Organizador Rio 2016, o grupo caminhou para dentro do prédio para entregar uma petição assinada por mais de 120.000 pessoas demandando políticas de segurança melhores, que respeitem os direitos humanos, para as Olimpíadas. A petição e uma coroa de flores dedicada às 2.600 vítimas dos assassinatos cometidos pela polícia no Rio desde 2009, foram entregues na recepção da sede do Comitê. Um membro da equipe Rio 2016 recebeu os itens, embora outro membro os tenha rapidamente levado para fora de vista.
Não houve conflitos entre os manifestantes e a polícia durante o evento. Apesar dos agentes de segurança estarem presentes, eles permitiram que os pacíficos manifestantes continuassem com sua ação sem qualquer interferência.