Aproximadamente 50 pessoas protestaram em solidariedade aos moradores da Estrada de Maracajás nessa quarta-feira, 4 de outubro. As famílias que moram na Estrada de Maracajás, Galeão, na Ilha do Governador, recentemente se organizaram contra as ameaças de remoção que podem tirá-las das suas casas em menos de duas semanas; esse foi o primeiro protesto.
Há vários anos, as famílias têm sido sujeitas à intimidação constante pela Aeronáutica, que tem uma grande base nas imediações. Elas estão preocupadas com boatos de que um hospital particular está de olho em suas terras para sua expansão na ilha. Embora as famílias estejam vivendo na terra há décadas–desde antes da construção da base aérea–a Aeronáutica reivindicou a posse da terra. Os moradores acreditam que essa é uma tentativa de lucrar com a especulação imobiliária que ocorre na área.
A primeira postagem na página recém-criada no Facebook no dia 3 de outubro ressaltou que, à beira da remoção, os moradores estão “sem nenhum tipo de indenização, sem perspectiva de onde morar”. A postagem continuou: “Estamos humilhados e desesperados, pois estão menosprezando nossa história, nossas vidas não têm valor frente aos interesses que estão por de trás dessa covardia”.
Na quarta-feira à tarde, manifestantes de todo o Rio de Janeiro reuniram-se na Ilha do Governador para apoiar as famílias, inclusive moradores de Guaratiba e da Vila Autódromo, que pessoalmente vivenciaram os processos desumanos da remoção pelo poder público. Cartazes de protesto enfatizaram a história dos moradores da área, declarando “as casas são nossas, 100 anos é direito à moradia“ e “não somos invasores”. Um manifestante enquadrou o caso da Estrada de Maracajás no contexto das ameaças de remoção em toda a cidade, denunciando o “processo de exclusão social, de limpeza, de higienização da cidade”.
Contrastando com a postagem no Facebook do dia anterior, onde um morador escrevera, “já não temos mais esperança”, os moradores da Estrada de Maracajás saíram otimistas da manifestação de quarta. “Foi muito boa. A mensagem foi dada. As pessoas realmente gostaram porque foi pacífica e calma”, refletiu o organizador do evento Anderson dos Santos Pereira. Diante das ameaças de violência, os cidadãos resolveram resistir pacificamente. Eles também relataram ter recebido o apoio da unidade local da Polícia Militar durante o protesto.
O protesto atraiu a atenção da mídia por bloquear a estrada principal de acesso à ilha, mas a reportagem de O Globo não incluiu vozes da comunidade ou informações para que os leitores obtivessem uma compreensão melhor do problema em questão. A manchete focou mesmo no efeito do protesto sobre o trânsito, e não na luta dos manifestantes contra a remoção. As famílias da Estrada de Maracajás pretendem dar entrevistas à mídia local nas próximas semanas. Haverá também outro protesto na quarta-feira, 11 de outubro, às 6 horas da manhã. A manifestação será realizada na Avenida 20 de Janeiro, perto do aeroporto internacional, em um esforço para chamar a atenção global para a luta por moradia enfrentada por eles e por outros moradores do Rio.
Mostre seu apoio, curtindo a página do Facebook da comunidade e compartilhando seu conteúdo com a hashtag, #MaracajasContraRemocoes.