As famílias da Estrada de Maracajás realizaram a sua segunda manifestação na manhã da quarta-feira, 11 de outubro, na principal avenida que leva ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro, situada perto das suas casas na Ilha do Governador. Sob ameaça imediata de remoção pela vizinha Aeronáutica—que parece estar de olho na terra para vendê-la a um hospital particular—os moradores se mobilizaram rapidamente e ganharam visibilidade através de protesto organizado, processos jurídicos, e ativismo nas mídias sociais. O ato de quarta-feira de manhã foi a sua segunda chamada para agir, visando em parte chamar a atenção dos turistas estrangeiros que estavam chegando ao Rio nos vôos da manhã. Os moradores ficaram felizes com o resultado.
“Está sendo muito boa essa manifestação. Todas as manifestações estão causando o efeito necessário para que possamos chamar atenção de autoridades, das televisões e rádios“, refletiu o organizador da resistência Anderson dos Santos Pereira.
Após a sua primeira manifestação no Galeão, a comunidade recebeu uma onda de atenção da mídia. Enquanto O Globo focou principalmente nos efeitos sobre o trânsito dos esforços de resistência, outras fontes de notícias tiveram uma abordagem mais responsiva. A TV Record levou ao ar uma reportagem completa dois dias seguidos, ressaltando que alguns moradores moram na Estrada de Maracajás há décadas (antes da chegada da base da Aeronáutica), enfatizando a total ausência de indenização, e discutindo o interesse nas terras por uma rede de hospitais particulares. A Agência Brasil publicou uma matéria que situa estas ameaças mais recentes de remoção no contexto de uma tendência de remoções “seletivas”–retirando duas ou três famílias de cada vez–na Ilha do Governador desde a privatização do Aeroporto Internacional do Galeão em 2013. Esta matéria também confirma que, de acordo com a Aeronáutica, a terra em questão é terra federal atualmente sob a administração da Aeronáutica, que recorreu ao tribunal federal para a reintegração de posse da terra.
No Facebook, os moradores de Maracajás e da Vila Autódromo, Horto, e Rio das Pedras também estão produzindo a sua própria mídia. Em um vídeo bastante assistido, moradores de Rio das Pedras ligaram as ameaças que estão enfrentando no seu bairro às ameaças mais imediatas enfrentadas em Maracajás, dizendo, “o que está acontecendo aqui [em Maracajás] é o nosso amanhã, se a gente não lutar”, e pediram a união dos movimentos entre as comunidades para ajudar uns aos outros a resistir à remoção, enquanto Maria da Penha, da Vila Autódromo conduziu o grupo entoando: “Aeronáutica, respeite os direitos dessas famílias!”
O grupo de Maracajás também chamou a atenção das autoridades municipais e estaduais, reforçando os seus esforços de resistência. “Depois que começaram as manifestações, fui convidado pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos para falar sobre o que está acontecendo com as famílias aqui”, disse Anderson sobre uma próxima reunião. A sua esperança é que a atenção adie as ameaças pendentes da Aeronáutica. No Facebook, no entanto, os moradores estão mencionando 18 de outubro como uma possível primeira data de remoção de três famílias. Todavia, as famílias continuam a se mobilizar efetivamente e rapidamente, fazendo ligações e levando adiante os argumentos jurídicos, citando as estipulações da Lei Orgânica Municipal contra a retirada de famílias de baixa renda. Como uma postagem pública recente no Facebook declara, eles estão pedindo o apoio de todos os moradores da região, pois as “outras 60 casas e famílias da Estrada Maracajá poderão ser as próximas vítimas desta crueldade”.
Mostre seu apoio, curtindo a página do Facebook da comunidade e compartilhando seu conteúdo com a hashtag, #MaracajasContraRemocoes.