Em um belo sábado, em 21 de outubro, dançarinos de break, rappers, MCs, grafiteiros, moradores e fãs da cultura hip hop do Rio de Janeiro reuniram-se no Complexo da Maré, na Zona Norte. O motivo foi um evento de dia inteiro chamado Favela Ativa, organizado pelo coletivo de hip-hop e breakdance Maré Skills com a colaboração do Coletivo Jamaica Gang (CJG).
O evento aconteceu no final da Rua Ari Leão no Parque União–uma das dezasseis favelas que compõem a Maré–abaixo do viaduto da Linha Vermelha.
O coletivo Maré Skills que atua na Maré, formado em 2016, se inspirou no Grupo de Breaking Consciente da Rocinha (G.B.C.R), na Zona Sul. O coletivo Maré Skills engloba dois grupos de dança, Atari Funkerz e Ativa Breakers, e seus dançarinos oferecem aulas para crianças e jovens na comunidade para inspirá-los a desenvolverem seus talentos e a valorizarem o poder do hip-hop.
Um participante do Maré Skills, Ricardo Prema, identificou-se como aluno de Mestre Jagal, o qual ele atribui a edificação do movimento hip-hop no Rio, sendo uma inspiração para o coletivo Maré Skills. Jagal viu o potencial do hip-hop como uma saída positiva, sempre insistindo que é preciso “organizar e fazer hip-hop dia e noite”, Ricardo lembrou. Ricardo, designer do grupo de breakdance Atari Funkerz, atualmente mora em Niterói, mas continua a organizar um evento anual de hip-hop na Maré, chamado Batendo de Frente, em homenagem a Jagal, que faleceu em 2007.
O hip-hop originou-se no Bronx na cidade de Nova Iorque e sua história de estigmatização, antes de se tornar uma tendência dominante, compartilha semelhanças com as trajetórias do samba e do funk no Brasil. O hip hop hoje tem o alcance e a popularidade para inspirar indivíduos e grupos em países, como o Brasil, onde não faz parte da cultura musical dominante.
O nome do evento do dia 21 de outubro, Favela Ativa, foi proposto por um membro do Maré Skills durante uma reunião de planejamento. O nome teve como objetivo destacar a importância de manter os jovens e todos os membros da comunidade fisicamente ativos e artisticamente criativos. Como a maioria da cobertura da grande mídia sobre a Maré tende a se concentrar na violência e na adversidade, os organizadores do Favela Ativa queriam que o evento enfatizasse outros aspectos da vida na Maré e revigorasse os moradores através da arte e da dança.
Quando perguntado o que tornou este evento diferente dos outros, o membro do Maré Skills, James enfatizou a diversidade de atividades que aconteceu em um espaço: “É a união de todos os elementos do hip-hop real: breakdance, rap, grafite e fotografia“. Os aspirantes a grafiteiros foram encorajados a usar as paredes do espaço do evento para praticar sua arte e melhorar a estética da área. Havia também espaço para jovens empreendedores e designers venderem suas roupas de “autêntico estilo de rua”. De modo geral, foi um ótimo dia, de experiências artísticas e colaboração, para os participantes da Maré e de toda a cidade.