No dia 25 de maio, o Instituto Pereira Passos (IPP), apresentou a sua plataforma de compartilhamento de informações, Rede Comunidade Integrada (ou RCI) para o público das favelas do Complexo da Maré na Zona Norte.
A RCI, ainda na sua fase inicial após um lançamento em dezembro do ano passado, serve como uma rede digital para os usuários criarem, compartilharem, e pesquisarem perfis públicos. A plataforma é projetada para os usuários anunciarem e encontrarem “currículos, serviços, projetos, empresas, ONGs, eventos, instituições governamentais e privadas e outras ações voltadas para o desenvolvimento econômico e social nas comunidades do Rio de Janeiro”. O portal, e a sua implantação piloto na Maré, foi uma promessa inserida no Plano Estratégico do Prefeito Crivella.
O Instituto Pereira Passos espera que a RCI facilite o compartilhamento de informações entre as comunidades, conectando candidatos à oportunidades de emprego e dando maior visibilidade a eventos, serviços e organizações locais. Apesar de tudo que o Rio tem a oferecer, eventos e serviços frequentemente são subutilizados. “Na última segunda-feira”, disse Andrea Pulici do IPP, “tinha uma feira de empregabilidade na [ONG na Maré] Luta Pela Paz e as outras instituições não ficaram sabendo”. Com a RCI, o IPP espera mudar isso.
Além dos perfis públicos, o portal inclui uma função de busca de emprego, uma biblioteca virtual estocada com sites e recursos, e um mapa interativo exibindo os locais dos serviços e eventos comunitários. O formato é o resultado de um processo de três fases de consulta de grupos focais com moradores da Maré, conduzido com o apoio do Banco Mundial como parte do projeto da prefeitura Rio de Excelência. Os dados do portal estão disponíveis atualmente para o Complexo da Maré e o IPP pretende expandir a RCI para outras comunidades em breve.
Dentre aqueles que participaram no processo de consulta comunitária da RCI está Bengha Silva, morador nascido e criado na Maré, que obteve atenção nacional em 2015 por seu projeto Cineminha no Beco, uma sala de cinema itinerante gratuita que criou para as crianças da Maré. Para Bengha, a RCI foi uma iniciativa bem vinda. “É mais uma ferramenta para o pessoal saber tudo que está acontecendo aqui”, ele disse.
Também presente ao evento da sexta-feira esteve Patrícia Moura do coletivo de arte Maré Faz Arte. Comentando sobre a grande variedade de artesãos ativos na Maré, Patrícia disse que há muito havia pensado que os artistas locais mereciam ter maior visibilidade em toda a cidade. “Pensei, por que a gente não coloca isso para fora? Mas isso é difícil”. Ela aprovou a RCI, dizendo, “está mostrando o nosso trabalho para quem quer vê-lo, mas também para quem quer participar”.
O Maior potencial da RCI pode estar na sua capacidade de mostrar ao resto da cidade os talentos e a vibração que existe nas favelas do Rio. Piê Garcia do Observatório das Favelas enfatizou este ponto: “Somos um território de muita potência… Mas historicamente visto como um lugar de violência e ausência. Ter uma ferramenta para falar sobre a favela de uma outra forma é muito importante”.