Haverá um desastre, e a Prefeitura sabe

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“Se esta casa cair, … vai levar todo o resto do morro abaixo com ela. Haverá um desastre total, e a Prefeitura sabe disso “, diz Irenaldo Honório da Silva, Presidente da Associação dos Moradores da Favela de Cordovil, apontando para uma casa agarrada à encosta, construída em solo liso com rachaduras na fundação.

A situação da comunidade Pica-Pau, localizada na Zona Norte  do Rio de Janeiro no bairro de Cordovil, é sombria e negligenciada. Há inundações nas ruas quando chove com muitos poluentes oriundos dos ralos entupidos, a água volta e cria o que os moradores se referem como um “pequeno lago” nas ruas. Este lago, descreve Irenaldo, está repleto de resíduos perigosos e lixo, e atua como um terreno fértil para os mosquitos e bactérias causadores de doenças. Além disso, o espaço lazer para uma comunidade de 3000 pessoas, é só uma quadra acimentado, fechado com uma cerca de arame, ladeado pela Avenida Brasil, uma das maiores vias da cidade de um lado, e um por um despejo lixo do outro lado.

Com as crianças jogando futebol na quadra e um cão faminto comendo no lixo, Irenaldo descreve a necessidade de espaço de lazer na comunidade. Ele afirma que há pelo menos 1.600 jovens na favela Pica-Pau, e esta quadra, que não tem árvores, é o único lugar que as pessoas podem se reunir para fomentar a ideia de comunidade. Pica-Pau tem crescido desde que foi fundada em 1962 por causa de sua localização. A comunidade é relativamente perto do centro da cidade, onde a maioria dos empregos no Rio são baseados. Além disso, está situado perto da Linha Vermelha, a principal artéria do sistema viário da cidade, e há muitas paradas de ônibus ao longo da Avenida Brasil.

A negligência do governo para com a comunidade é difícil de explicar. É de se pensar que a alta porcentagem de usuários crack e esgoto a céu aberto iria colocá-los na mira do governo como uma área que precisa de investimentos e de atenção urgente.

Os moradores da comunidade Pica-Pau em sua maioria são oriundos do nordeste brasileiro. Tendo chegado ao Rio em busca de trabalho e sem encontrar nenhuma opção de habitação a preços acessíveis, como em toda cidade, os migrantes frequentemente constroem as casas improvisadas, sem nenhum suporte ou regulamentação do governo.

Antônio é um residente do Pica-Pau, e vive em uma das casas instáveis na encosta. Seu pai construiu a casa, e ele tem ajudado a aprimorá-la desde que ele era um menino. “Desde que eu tinha 18 anos, eu venho trabalhando e economizando dinheiro para comprar materiais para continuar a construção da casa”, explica Antônio. Embora ele se orgulhe do trabalho que ele e seu pai dedicaram a casa, ele continua a descrever os problemas estruturais. A casa fica em um declive, e nem ele nem seu pai estavam preparadas para construir uma casa com esse grau de dificuldade.

Os membros da comunidade expressam suas frustrações com o avanço do Rio, que está investindo em obras públicas e renovações para a preparação para a Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. Irenaldo suspira com resignação ao reconhecer a atenção e infraestrutura que está sendo implementada em outras comunidades “chiques” como Santa Marta e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Irenaldo olha para os canos de água improvisados e as casa instáveis e aponta para um único pedaço de infraestrutura que a Prefeitura investiu na favela Pica-Pau: uma cerca no meio do morro, entre as casas caindo, usados para evitar que as pedras deslizem morro abaixo.

O caso da comunidade Pica-Pau foi apresentado no filme da Comunidades Catatalisadoras “,” Favelas como um modelo sustentável “, lançado durante a Cúpula de Pessoas do Rio +20′ s em junho.

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