Iniciativa: Teto Verde Favela
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Ano de Fundação: 2014
Comunidade: Parque Arará, Benfica (Zona Norte)
Missão: Mitigar o efeito da ilha de calor urbana e purificar o ar com telhados verdes
Eventos Públicos: Trocas de semente, atividades educacionais para crianças
Quando Luis Cassiano Silva começou o Teto Verde Favela em 2014, moradores do Parque Arará na Zona Norte do Rio estavam céticos: “Criar telhados verdes na favela—que projeto maluco!”. O objetivo é simples: transformar uma ilha de calor urbana através de uma refrescante e calmante cobertura verde—de fato, tornando a área um lugar mais agradável para se viver. Para cumprir esse objetivo, a iniciativa busca educar moradores sobre telhados verdes e sua capacidade de reduzir temperaturas.
Morador do Parque Arará há 25 anos, Luis já trabalhou em várias áreas—teatro, cinema, música, produção de shows—e se descreve como um “ativista cultural”. Quando mais novo, se interessou pela vida das plantas e sentiu uma conexão com a natureza. Ele é um grande conhecedor de plantas, especialmente suas propriedades medicinais, e dedica seu tempo livre ao Teto Verde Favela.
A inspiração de Luis para o Teto Verde Favela vem de modelos implementados em países europeus como a Alemanha, onde os benefícios de telhados verdes são amplamente reconhecidos. De fato, usando como base o modelo de telhados gramados da Escandinávia que datam desde a Idade Média, a Alemanha tem sido uma pioneira de tecnologias para telhados verdes desde os anos 1950, como um esforço para mitigar os efeitos adversos da urbanização.
Luis buscou o apoio técnico de Bruno Resende, cuja tese estudou a produção de telhados verdes no Brasil. Juntos criaram um modelo similar ao europeu no Parque Arará, porém usando vegetação adaptada ao clima tropical brasileiro—“plantas que resistem ao calor”. A fase de pesquisa e desenvolvimento foi importante: Luis e Bruno experimentaram com várias técnicas para conseguir os melhores efeitos possíveis.
Os benefícios sociais, ambientais e econômicos de telhados verdes são diversos, desde proporcionar proteção térmica e melhorar a qualidade do ar, até atenuar a poluição causada pelo escoamento de água da chuva em superfícies impermeabilizadas e reduzir custos tanto para moradores quanto para as cidades.
O Teto Verde Favela, que não recebe nenhum financiamento, guia os moradores no processo de criar telhados verdes—desde a obtenção de materiais até a instalação do telhado. Além disso, uma das principais atividades da iniciativa é educar crianças da comunidade sobre a importância de respeitar plantas e o meio ambiente em geral. “A maioria das crianças na favela não tem nenhuma interação com a floresta e não a respeitam…é uma cultura de destruição. Nós precisamos educa-las, aos poucos”, Luis descreve.
De maneira geral, além dos benefícios dos telhados verdes, Luis destaca a importância da presença vegetal em melhorar a qualidade de vida dos moradores. Ele descreve os benefícios emocionais de incorporar espaços verdes na paisagem da favela: “Na favela, tem duas cores [vermelho e cinza]. Tem estudos sobre cores que falam que vermelho [quer dizer] paixão, força tensão, explosão. Mas também tem o cinza—mais melancólico, triste, depressivo… A favela é isso: samba e amor, mas também tristeza porque é pobre. A cor verde vai reduzir a violência. Quando estamos perto de um espaço verde, a gente se sente bem. As favelas precisam disso”.
*Teto Verde Favela é um dos mais de 100 projetos comunitários mapeados pela Comunidades Catalisadoras (ComCat)–a organização que publica o RioOnWatch–como parte do nosso programa paralelo ‘Rede Favela Sustentável‘ lançado em 2017 para reconhecer, apoiar, fortalecer e expandir as qualidades sustentáveis e movimentos comunitários inerentes às favelas do Rio de Janeiro. Siga a Rede Favela Sustentável no Facebook. Leia outros perfis dos projetos da Rede Favela Sustentável aqui.