Esta é a nossa mais recente matéria sobre o novo coronavírus e seus impactos sobre as favelas, e também faz parte da série #OQueDizemAsRedes que traz pontos de vista publicados nas redes sociais, de moradores e ativistas de favela, sobre eventos e temas que surgem na sociedade.
A pandemia da Covid-19 trouxe à tona de forma muito clara a desigualdade social no Brasil. Inicialmente, a Covid-19 foi alardeada como uma doença causada por um vírus “democrático”, uma vez que supostamente afeta todas as pessoas sem escolha de raça, cor, classe social, idade ou sexo. No entanto, o monitoramento feito pelo RioOnWatch, das vozes das favelas no Twitter e no Facebook, entre os dias 24 de abril e 8 de maio, revela que a realidade da pandemia nas favelas não é bem assim.
Moradores que ergueram suas vozes nas redes através da hashtag #COVID19NasFavelas retratam a desigualdade de acesso a direitos básicos no Brasil, em cidades como o Rio de Janeiro, e como a pandemia do novo coronavírus acelerou ainda mais o estado de exceção nas favelas como uma política de morte gestada pelo Estado. Mesmo o Brasil sendo a única nação no mundo com mais de 100 milhões de habitantes a ter um sistema público e universal de saúde.
À partir das postagens aqui citadas das redes sociais, oriundas de moradores de favelas, destacamos doze evidências de necropolítica, relacionadas ao avanço do número de vítimas fatais da Covid-19 nas favelas. Essas doze verdades mostram como a necropolítica, que escolhe quem morre e quem vive, não apenas retira o direito à vida por meio da violência armada, mas mata e precariza ainda mais a sobrevivência nas favelas ao suprimir o acesso a direitos de saúde mesmo diante da pandemia da Covid-19, além de condições mínimas de uma vida digna.
1. Sem Leitos ou Respiradores: O Colapso da Saúde Pública
A jornalista Daiene Mendes, moradora do Complexo do Alemão, no dia 24 de abril, usou as redes para denunciar a falta de leitos com respiradores. Mesmo para pacientes com prioridade na fila do Sistema de Regulação (SISREG) no SUS. Ela pede ajuda e denuncia o colapso na tentativa de conseguir atendimento para sua avó. A sequência de tweets de Daiene é desesperadora.
Minha vó ta precisando de um leito em hospital que tenha respirador! To correndo atrás com todas as minhas forças, se alguem nessa rede puder ajudar, eu agradeço muito!
Ela ta no sisreg como prioridade, mas não tem leito e respirador disponível. Alguém pode ajudar?— Daiene (@Daienemendes) April 24, 2020
jornalistas que quiserem/puderem repercutir, eu vou falar. o sistema de saúde no Rio de Janeiro ja está colapsado. estão esperando minha vó morrer.
— Daiene (@Daienemendes) April 25, 2020
Porém, com a falta de transferência, 24 horas depois do primeiro tweet, a avó da jornalista morre no dia 25 de abril.
eu to enterrando a minha vó. o dia mais triste da minha vida
— Daiene (@Daienemendes) April 26, 2020
Um dia depois de enterrar a avó, ela ergueu mais uma vez a voz nas redes para denunciar a necropolítica no Rio de Janeiro.
Respirador no hospital não tem, politicas de prevenção para a Pandemia do #Coronavírus não tem, alimentos pra quem tem fome, esquece.
Não tem nada, mas tem helicóptero da @PMERJ e muito tiro de bom dia aqui no #ComplexoDoAlemão.#EstadoAssassino
Diz ai, a revolta não é legítima? pic.twitter.com/pQl9wfLd0W— Daiene (@Daienemendes) April 27, 2020
Poucos dias depois, mais um membro da família da jornalista, morreu por Covid-19.
to com medo de morrer e não conseguir escrever tudo o que eu gostaria. o coronavírus ta matando toda minha familia pic.twitter.com/5s4fIcEEyV
— Daiene (@Daienemendes) May 1, 2020
2. Falta de Testes da Covid-19 no Sistema Público de Saúde
A realização de testes laboratoriais para identificar a Covid-19 é uma medida essencial para diminuir a transmissão, além de contribuir para o tratamento adequado do paciente. Mas, não há teste para toda a população. Enquanto isso, é possível realizar o teste em clínicas particulares.
CONTEÚDO ABERTO | Além dos testes que são feitos na rede pública, normalmente só para casos suspeitos, particulares podem procurar laboratórios que ofereçam testagem como serviço pago.
Saiba mais⬇️https://t.co/jGRkriCLas
— Jornal NH (@jornalnh) May 8, 2020
O custo varia entre R$300 a R$400 (com envio de uma equipe domiciliar para realizar o teste), mesmo em pacientes fora da janela de contágio ou sem sintomas, tanto para identificar a Covid-19 quanto para a realização do Teste de Anticorpos Coronavírus (IgG e IgM).
Se não tem teste e tratamento só pra quem é pobre, não é acidente! é de propósito!
Perdi minha vó no sábado, hoje meu tio morreu com suspeita de Covid-19.
Genocídio é o nome do que ta acontecendo no Rio de Janeiro.— Daiene (@Daienemendes) May 1, 2020
A gente tenta controlar a ansiedade e o medo, mas isso tudo é muito assustador. A subnotificação de casos na favela é grave e é real.
Nas últimas duas semanas, quatro vizinhos próximos morreram e só um foi testado por coronavírus. Mais duas vizinhas estão internadas…
— Thaís Cavalcante ( em 🏠) (@tcavalcantes) May 9, 2020
3. Falta de Acesso ao Teste Causa Subnotificações
Devido à rapidez da propagação do vírus por conta do contexto de desigualdade social tão severo quanto o nosso, o Brasil já é considerado como o novo epicentro da pandemia no mundo. De acordo com prognósticos e pesquisas do portal Inforgripe da Fiocruz, estima-se que cada brasileiro com coronavírus pode contaminar 2 a 3 pessoas.
Anastásio Amorim de 89 anos, líder comunitário da Baixa do Sapateiro, morreu de pneumonia. Sua morte não entrou na estatística de suspeita de COVID-19, por serem muitos casos subnotificados na Maré, por falta de testes. #COVID19NasFavelas
— Voz das Comunidades (De 🏡) (@vozdacomunidade) April 27, 2020
2O ou + mortos na #rocinha #COVID19NasFavelas #COVID19Pandemic pic.twitter.com/ZmcMJZYX5P
— Monitor da Crise nas Favelas – RJ (@covidnafavela) May 4, 2020
23 moradores da Rocinha morreram de Covid-19 e não 9, conforme vinha divulgando a Prefeitura do Rio. Os números de casos confirmados e recuperados também são diferentes, revela painel inédito feito por médicos que trabalham na Rocinha. #COVID19NasFavelashttps://t.co/qIDhRxqhR9
— Fala Roça (@jornalfalaroca) May 4, 2020
4. Moradores de Favelas Vão a Óbito em Casa
Pacientes com casos leves de coronavírus são orientados a se tratar em casa mesmo sem a certeza se têm ou não Covid-19, sendo que o coronavírus é uma doença com sintomas que podem se agravar subitamente devido à síndrome respiratória aguda grave, que pode se manifestar com ou sem falta de ar. Muitos moradores de favelas vêm morrendo em casa.
Não desejo para ninguém que esse carro vá até você, sua família, amigos. Covid-19 não é brincadeira. E cada vez mais tenho visto esse carro subindo e descendo a Rocinha. Cuidem-se! #COVID19NasFavelas pic.twitter.com/Ok1T5CJ5IT
— Michel Silva (@eumichelsilva) April 30, 2020
5. Falta de Acesso ao Sepultamento Gratuito
Na tarde de 24 de abril, o jornal Voz das Comunidades contava ao mundo que Rodrigues Moura, primeiro fotógrafo do Complexo do Alemão, veio a óbito com suspeita de coronavírus. Mas, também como a família não tinha condições financeiras para pagar o funeral.
O nosso amigo Rodrigues Moura, primeiro fotógrafo do Complexo do Alemão faleceu nesta noite com suspeita de coronavírus. Infelizmente a família não tem dinheiro para o enterro do corpo. Se você puder contribuir, a família criou uma vaquinha on-line: https://t.co/ZlBD7KPEkX
— Voz das Comunidades (De 🏡) (@vozdacomunidade) April 24, 2020
Toda hora chega um pedido de ajuda… um aviso que alguém esta morto em casa e já se passou várias horas… um pedido pra ajudar enterrar gratuitamente. Tá difícil!
Não é brincadeira!#COVID19NasFavelas— Camila Moradia (@camilamoradia) May 4, 2020
Em 7 de maio, o Prefeito Marcelo Crivella anunciou que famílias de até três salários mínimos receberão ajuda da prefeitura para enterrar seus entes gratuitamente durante o período da pandemia da Covid-19. A prefeitura também passou a oferecer sepultamento social até o valor de R$546 para as demais famílias de qualquer faixa de renda.
6. Dados de Casos em Favelas Mascarados pela Prefeitura
De acordo com o painel Covid-19 Nas Favelas do jornal Voz das Comunidades, que usa dados disponibilizados pelo painel da prefeitura, a cidade têm 315 casos de coronavírus confirmados em favelas, com 100 óbitos. Porém, o monitoramento de casos feito por unidades locais da rede de saúde do próprio município demostram que, ao menos em três favelas: Complexo do Alemão, Rocinha e Conjunto de Favelas da Maré, há uma quantidade maior de casos de infectados e óbitos por Covid-19.
A equipe do Voz das Comunidades está em contato com muitos médicos das clínicas da família que atendem a região do Complexo do Alemão para entender como estão os atendimentos diante da pandemia que estamos vivendo. #COVID19NasFavelas – THREAD
— Voz das Comunidades (De 🏡) (@vozdacomunidade) April 26, 2020
O levantamento feito por médicos das comunidades não apenas revela as subnotificações por falta de testes, mas também como a contabilização de casos pela prefeitura pelo CEP do paciente, mascara os dados uma vez que a grande maioria das favelas não são reconhecidas pelo município como um bairro. Mesmo quando são, como é o caso do Complexo do Alemão, ainda sim existe a imprecisão.
Apesar do Complexo do Alemão ser reconhecido como bairro desde 1993, a maioria dos CEPs que compõem a região ainda sinalizam os bairros em que o Complexo está inserido, como Inhaúma, Ramos, Bonsucesso e Olaria.
— Voz das Comunidades (De 🏡) (@vozdacomunidade) April 26, 2020
Sendo assim, no painel da prefeitura, os casos acabam sendo divididos nesses bairros, ao invés de aparecerem unificados como Complexo do Alemão.
— Voz das Comunidades (De 🏡) (@vozdacomunidade) April 26, 2020
7. Falta de Acesso a Renda Básica x Isolamento Social
A demora da liberação do auxílio emergencial levou a população a voltar a circular nas ruas, seja para sobreviver ou para receber e fazer pagamentos. A falta de organização, por exemplo, para o pagamento do auxílio emergencial gera há duas semanas enormes filas nas agências das Caixas Econômicas, contribuindo para aglomerações nas ruas, nos transportes públicos e uma corrida aos supermercados.
Uma desordem total, as pessoas não conseguem baixar o tal app, não conseguem falar ao telefone e se arriscam indo para as filas na madrugada muitos sem máscaras, luvas se quer. Governo covarde expondo nosso povo ao vírus.😔
— Nega Rê ❤️🖤 (@RenataTrajano1) April 28, 2020
É muita covardia com o povo em meio a uma pandemia de Covid19. Não podemos esperar muito de quem diz “vou fazer o que “. Que revolta
— Nega Rê ❤️🖤 (@RenataTrajano1) April 29, 2020
8. Máquina de Guerra do Estado Mesmo em Tempos de Pandemia
A população que mora em diversas favelas, além da crise econômica, também enfrenta a violência armada do Estado. Inclusive, as operações policiais já interromperam a distribuição de cestas básicas organizadas por lideranças e comunicadores comunitários.
É crise em cima de crise. As ações do @gabinetealemao estão paralisadas nessa manhã. Muitos voluntários não conseguiram sair de casa. Motivo: Operação policial #COVID19NasFavelas
— Camila Moradia (@camilamoradia) April 27, 2020
Operações policiais na Maré e Mangueira. Além de sobreviver da Covid-19, os moradores ainda precisam sobreviver a política de segurança pública do Rio. Nem na pandemia, nem na pandemia…
— Michel Silva (@eumichelsilva) April 29, 2020
No meio da Ação na Favela da Galinha @PMERJ invade a favela alegando suposto caminhão roubado. Ou seja confundiu nosso caminhão de doação com um roubado. Nos abrigamos nas casas dos moradores porque teve um forte tiroteiro.
— Nega Rê ❤️🖤 (@RenataTrajano1) April 30, 2020
Eu saí cedo da Cidade de Deus. Estou em missão em outra favela. Dei de cara com uma operação policial. Estou recebendo várias mensagens de moradores com medo. Uma moradora me disse que um mototaxista foi atropelado pelo caveirão. Estou averiguando, mas com o coração apertado! 😔
— 🇧🇷 🌻 JOTA MARQUES (@jotamarquesrj) April 30, 2020
Se fiquei mal? Muita coisa. A ausência do estado me deixa mal todos os dias, e ainda sim ele manda o que sempre mandou pras favelas Polícia, a pandemia chegou por aqui com força mais o estado não faz e nunca fará nada por nós.
— Nega Rê ❤️🖤 (@RenataTrajano1) May 1, 2020
9. Desinformação, Adesão Irregular e Afrouxamento do Isolamento Social
A troca do Ministro da Saúde, a dissonância de decisões entre governo federal, estadual e prefeituras, mas principalmente o comportamento e os constantes pronunciamentos do Presidente da República Jair Bolsonaro, confundem a população. Na minimização dos riscos de contágio do novo coronavírus, o presidente condena o isolamento social decretado por governadores e prefeitos como exagero e abuso de poder, provocando um quadro caótico na gestão de crise da pandemia no país.
O isolamento social vinha em uma tendência crescente até o pronunciamento do presidente na última semana. #BolsonaroÉCulpado
— Salvino Oliveira (@SalvinoOliveir1) April 29, 2020
A cada pronunciamento irresponsável do presidente, mais mortes são contabilizadas. #BolsonaroÉCulpado
— Salvino Oliveira (@SalvinoOliveir1) April 29, 2020
UPA da favela da Maré tem rotina de falta de médicos e corpos acumulados. A situação está cada vez mais caótica e o presidente segue dizendo “E daí?”https://t.co/QaEUk6ENQI
— laerte (@brenolaerte) April 29, 2020
“Fulano faleceu”.
Recebi essa notícia 5 vezes hoje. Conheço uma das pessoas que se foram. Sofro com o restante. O cerco está fechando. O caos é o agora! Que lástima. Precisamos intensificar ainda mais os cuidados, enquanto o presidente brinca e fala merda.— Santiago, Raull. (@raullsantiago) May 4, 2020
Com MUITO esforço e isolamento, conseguiremos melhorar a situação, diminuir o contágio e salvar vidas. Porém o estímulo a sair de casa feito pelo governo federal nos leva, a passos largos, para o colapso agora em maio.
Se puder, #Ficaemcasa
— 🇧🇷 🌻 JOTA MARQUES (@jotamarquesrj) May 4, 2020
Desde o início do @gabinetealemao as falas do Bolsonaro impactaram negativamente nosso trabalho.
Ao dizer que fará churrasco pra 30 pessoas, destrói todos os nossos argumentos…
Infelizmente esse é o cara que vocês escolheram pra direcionar o país.
A gente que lute né…
— Lana Souza (@Lanadsouza) May 8, 2020
Além de falar que a coronavírus era apenas uma “gripezinha”, mediante ao avanço da pandemia no país, o presidente da República, ao ser cobrado pela imprensa um posicionamento sobre o aumento do número de mortes por Covid-19, respondeu em tom irônico: “E daí?”. A declaração repercutiu nas redes e nas mídias do Brasil e do mundo
No ENEM que vai ocorrer em tempos futuros, haverá uma questão com essa foto pic.twitter.com/abFkaAWwa5
— laerte (@brenolaerte) April 29, 2020
Para piorar mesmo com o avanço da pandemia e das mortes, e com o sistema de saúde em colapso, somente no Rio de Janeiro, 789 pessoas com suspeita ou confirmação da Covid-19 esperam leitos de enfermaria, e 400 aguardam leitos de UTI, o presidente Jair Bolsonaro declarou que vai promover um churras no fim de semana.
AGORA ME DIZ VC… Que argumentos eu vou usar pra quem mora aqui na favela ao tentar dizer pra não ter churrasco com família toda no dia das mães?
Bolsonaro diz que fará churrasco para ‘uns 30 convidados’ no sábado – Política – https://t.co/Q0sYeknQcH
— Rene Silva (@eurenesilva) May 8, 2020
10. Falta de Acesso a Direitos Básicos para Sobrevivência
Tem dia que a água cai, tem dia que não. Outros dias, não há comida. A fome bate na porta de muitos. E para outros, em meio a luta por sobrevivência durante a pandemia, também existe a luta pelo direito à moradia.
Após três dias sem água, hoje finalmente começou a cair. Agora é a luta para encher todos os recipientes e a caixa de água, antes que pare. 🙏🏽✨#DiarioDeUmFaveladoNaPandemia pic.twitter.com/Byn7mW44px
— Santiago, Raull. (@raullsantiago) April 29, 2020
Quase 10 anos recebendo 400 reais de aluguel social. Minha casa sem previsão de ser construída. Quase 1300 famílias na mesma situação q eu. Quando falam: Fiquem em casa…Eu lembro q preciso sobreviver pra continuar lutando pela minha. #covid19nasfavelas
— Camila Moradia (@camilamoradia) May 5, 2020
11. Recorte Racial e de Classe da Pandemia
É a população negra, pobre e moradora de bairros pobres, favelas e periferias que vem sentido mais os efeitos da pandemia. Inclusive, não apenas por conta do adoecimento por contágio pela Covid-19, mas também por ter comprometido a sua saúde mental.
Necropolitica na teoria e na prática é viver 2020. https://t.co/CCYYEOnBgg
— Marcelle Decothé (@marcelledecothe) May 1, 2020
Tda a minha solidariedade e carinho aos amigos e amigas q estão perdendo entes queridos pra esse vírus.
Não é acaso, é projeto. Pq quem mora na periferia está morrendo mais?
A estrutura é histórica, o vírus está acelerando um quadro que todes nós conhecemos bem.
Não dá mais!
— Marcelle Decothé (@marcelledecothe) May 1, 2020
Covid ñ escolhe alvo, dizem…🤔Comparando a proporção de casos entre a Rocinha e S. Conrado, bairro rico ao lado, dá pra ver q a doença pode até não escolher, mas os anos de abandono social pesam nessa hora. Ñ dá pra duvidar q o covid é muito mais severo com a população pobre. pic.twitter.com/7zFm1UUkUl
— Michele Silva (@micheleps89) May 2, 2020
Cadê os influenciadores brancos falando que o coronavírus atinge a todos sem distinção de cor ou classe social? E a imprensa mostrando showzinho em condomínio de bacana. #COVID19NasFavelas https://t.co/hMEfJo5M9a
— Raife Sales (@Raife_Sales) May 7, 2020
12. É Nós Por Nós
Antes da chegada da pandemia da Covid-19, jornalistas comunitários de favelas do Rio de Janeiro trabalhavam para trazer notícias e informações precisas para a população local e dar visibilidade para suas lutas. Agora, dezenas de grupos de mídia comunitária, lideranças locais e moradores estão na chamada “linha de frente” para ajudar vizinhos frente à ausência de políticas do Estado. A #Covid19NasFavelas também demonstra que são as favelas que vêm produzindo soluções para as favelas.
Confesso que é de emocionar vendo meus amigos, amigos daqui da favela mesmo e projetos socias se solidariezando para ajudar os demais moradores. É sobre aquele lema que mais uma vez está fazendo todo o sentido nesse período de coronavírus:
NÓS POR NÓS!
— laerte (@brenolaerte) April 30, 2020
Hoje vou dormir tranquila e sem calmantes (espero conseguir)! Minha favela ta limpa, meus vizinhos estão abastecidos de alimentos! É tão pouco o que nosso povo precisa! Eu nunca ando sozinha!
~ O #COVID__19 é o sintoma, a desigualdade é o vírus e a solidariedade é o Remédio ~ pic.twitter.com/74NGibBlpd
— Daiene (@Daienemendes) May 2, 2020