Segunda-feira, 25 fevereiro, 2013 – Moradores do Largo do Tanque sofrem remoções forçadas e assistem a demolição de suas casas na Zona Oeste do Rio de Janeiro, para dar espaço a auto estrada e BRT Transcarioca, cuja trajetória final ainda é desconhecida pela população. Em menos de duas semanas, 54 casas foram demolidas e centenas de moradores tiveram que se virar sem apoio. Marretas e tratores derrubavam casas negociadas aos olhos dos vizinhos, em suas portas, que ainda não haviam resolvido a sua situação com as autoridades. O assessor da Prefeitura enviado para lidar com as negociações disse aos moradores para não falarem um com os outros ou procurar aconselhamento jurídico, caso contrário ele iria reduzir a oferta de indenização. A pressão psicológica foi esmagadora, muitos moradores sucumbindo as táticas de terror concordaram com as compensações incrivelmente baixas, tão baixo como R$7000. A maioria dos moradores com quem falamos não puderam dar-se ao luxo de comprar nem mesmo um pequeno terreno com as quantidades dadas como compensação e serão obrigados a alugar quitinetes, de menos de 20m2. A legislação brasileira deve proteger esses moradores, que haviam construído suas casas ao longo de mais de 5 anos. Conforme estabelecido na Constituição Brasileira, e de acordo com a legislação local (Lei Orgânica Municipal), a duração de vida dos residentes na área deu-lhes direitos legais sobre as casas, enquanto a compensação deve permitir-lhes a ter uma situação igual em outro lugar. Nada disso foi respeitado.
Pertences Deixados para Trás
Com um prazo de horas dadas pelas autoridades da Prefeitura para que os moradores deixassem suas casas, muitos pertences foram deixados para trás. Um ex-morador nos contou a história de como a demolição começou enquanto ele foi buscar o cheque de indenização no Centro da cidade.
O Trabalho de Marretas
Marretas são utilizadas por trabalhadores para “inviabilizar” as casas.
A Mudança
Um morador que já negociou a indenização tem apenas horas para remover suas coisas antes que o trator comece a trabalhar.
A Vida Entre as Ruínas
Aqueles que permanecem prosseguem da melhor forma possível em meio aos escombros.
Mudança
Trabalhadores da Secretaria Municipal de Obras transportam os pertences dos moradores para um caminhão de mudança.
Rosilene e Rosinaldo
Entre as quatro famílias que continuam aguardando o reassentamento estão Rosilene e Rosinaldo que têm três filhos. Um deles tem necessidades especiais e necessita ter o seu próprio quarto e assistência médica acessível. Eles exigem uma nova casa que acomode a ele assim como a casa que eles construíram. Um segundo filho está em treinamento e espera competir nos Jogos Olímpicos de 2016 na equipe de voleibol brasileiro.
Hora da Escavadeira
Uma vez todas as casas em um conjunto são negociadas e foram “inviabilizadas” por marretas, o trator começa a trabalhar, derrubando a construção em minutos. Ouvimos um funcionário da Secretaria Municipal de Obras dizer ao seu colega, “Leva anos para construir, mas é tão fácil derrubar. Esta é uma das piores coisas que pode acontecer com alguém”.
A Chegada da Defesa Civil
Graças aos meios de comunicação internacionais e a presença de ONGs, a Prefeitura enviou o departamento de Defesa Civil para isolar áreas inseguras. Policiais também vieram para dizer a nós que estavam visitando o local para termos cuidado em torno dos edifícios quebrados. Esse cuidado não foi dado aos moradores, nem inclusive com as crianças.
Emoções
A nossa volta: as emoções corriam soltas com os moradores tentando fazer as pazes com a situação. Para onde vão? Alguns já haviam deixado suas casas em dias anteriores, e suas casas já estavam demolidas, mas ainda assim eles passavam os dias lá.
Agradecemos a Lianne Milton pelas incríveis fotografias.