Covid-19: Rio de Janeiro Prevê Aplicação do Primeiro Lote da Vacina até Sábado

As Favelas Terão Prioridade no Plano de Vacinação?

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Prefeitura garante que Clínicas da Família vão receber vacinas. Mas, as favelas terão prioridade no plano de vacinação?

A prefeitura do Rio de Janeiro começou nesta quarta-feira (20/01) a vacinar profissionais de saúde em seu próprio local de trabalho. Idosos e pessoas com deficiência em instituições de longa permanência também estão recebendo nos próprios locais.

Na segunda-feira (18/01), a Prefeitura detalhou, em coletiva de imprensa transmitida no YouTube, como será a aplicação das primeiras 110.000 doses de CoronaVac para os grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19 na cidade. Porém, em nenhum momento foi apresentado um plano de vacinação direcionado para as favelas. Segundo o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas, que reúne mais de vinte instituições e coletivos da sociedade civil, até hoje (20/01), 28.314 moradores das favelas foram infectados e 3,067 vieram a óbito devido ao coronavírus. Com 6.718.903 habitantes, o Rio tem 22-24% dos seus moradores vivendo em favelas, de acordo com Data Rio, plataforma de dados do Instituto Pereira Passos.

Para Theresa Williamson, urbanista e diretora executiva da Comunidades Catalisadoras*, organização que coordena entrada de dados no Painel Unificador, a Prefeitura do Rio precisa pensar em um plano de vacinação específico para as favelas. “É importante se pensar nas favelas como grupo prioritário porque a gente sabe que são entre as áreas mais vulnerabilizadas da nossa cidade pela pandemia. Também há muitos idosos em casa com crianças, inclusive, muitas delas perderam o ano de ensino com um prejuízo para toda a vida em relação a outra parcela da sociedade, que não perdeu esse ano de ensino”, afirma.

O cronograma de vacinação organizado pela Prefeitura do Rio dividiu a população a partir da faixa etária, priorizando idosos, além de profissionais de saúde que estão na linha de frente. Nesta fase serão vacinados: (1) idosos acima de 60 anos que moram em instituições de longa permanência (asilos); (2) profissionais que trabalhem nas instituições de longa permanência; (3) profissionais de saúde que trabalhem diretamente com a Covid-19 e atuam nas emergências (aproximadamente 34% dos profissionais de saúde do município); (4) indígenas. Os profissionais serão vacinados em suas unidades de trabalho. Todas as pessoas ligadas aos asilos serão vacinadas nos asilos.

De acordo com o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu 110.000 doses, que são apenas uma parcela das 231.840 que o município receberá a partir das 6 milhões disponibilizadas pelo Instituto Butantan para todo o país. As demais vacinas continuarão com o governo do estado e ficarão reservadas para a segunda dose do primeiro grupo de pessoas vacinadas.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, alertou que o início da vacinação é uma vitória da ciência, mas não libera os cidadãos de continuarem a adotar os cuidados contra a doença. A prefeitura ressaltou que ninguém deve procurar os postos de vacinação neste momento para obter a imunização.

“O início da vacinação não é o fim da pandemia, é literalmente uma luz no fim do túnel. Nós continuaremos com as medidas que vínhamos anunciando desde a semana passada”, disse Paes, que prometeu endurecimento na fiscalização contra aglomerações e descumprimento de regras pelos estabelecimentos da cidade.

A chegada das primeiras doses foi recebida em cerimônia aos pés do Cristo Redentor, símbolo da cidade, em 18 de janeiro. Sob holofotes da imprensa, duas moradoras da cidade do Rio de Janeiro foram vacinas, com fotógrafos e jornalistas aglomerados.

Próximas Fases

Na fase seguinte (ainda sem data definida pois depende do lote ficar pronto na Fiocruz ou ser enviado pelo Butantã), serão vacinados os demais profissionais da saúde, e idosos acima de 80 anos, divididos por suas idades.

Quando esse momento da vacinação começar, haverá separação dos idosos por idade, para evitar aglomerações nos locais de vacinação. Na primeira semana, pessoas com 95 anos ou mais serão vacinadas na segunda e na terça-feira e pessoas com 90 a 95 de quarta a sexta. No sábado, todos os que estão nessa faixa etária poderão ir aos postos para se imunizar.

A base da vacinação será das Clínicas da Família, das 8h às 22h. Porém, haverão alguns outros pontos pela cidade. Em Santa Cruz, a Policlínica Lincon também terá vacinação, apenas na fase dos idosos (até 60 anos).

A primeira fase de vacinação ainda prevê a imunização de pessoas com mais de 75 anos, dos quilombolas e dos demais trabalhadores da saúde. O início da vacinação desses grupos, porém, depende da chegada de mais remessas de vacinas. Veja as fotos

Texto com colaboração de Letycia Nascimento

*O Painel Unificador Covid-19 nas Favelas e o RioOnWatch são desenvolvidos pela organização sem fins lucrativos, Comunidades Catalisadoras (ComCat).


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