Atualmente, no Rio, moradores de favelas em diversos cantos da cidade estão sendo forçados a sair de suas casas e comunidades. Milhares de famílias estão tendo que deixar casas que elas mesmas construíram, muitas vezes por décadas, devido ou à intervenção direta do Estado–os moradores informados de que estão sendo removidos para o desenvolvimento dos mega-eventos ou porque estão em “áreas de risco”–ou devido às forças mais sutis da especulação imobiliária e gentrificação, no qual os moradores não podem mais dar-se ao luxo de viver em suas próprias comunidades. Ambos os tipos de remoção obrigam moradores a se mudar para áreas periféricas e precárias da cidade, onde a terra é mais barata e novas favelas estão sendo formadas, e onde, majoritariamente, estão sendo construídos os conjuntos residenciais de reassentamento.
Aqui apresentamos três documentários em curta metragem–‘Casas Marcadas‘, ‘Eu, Favela‘ e ‘Realengo, aquele desabafo‘–cada um deles mostrando uma visão importante sobre os diferentes aspectos e fases desses processos em andamento no Rio e como afetam as pessoas e as comunidades envolvidas. Esses vídeos mostram perspectivas essenciais para a compreensão de como as remoções, a gentrificação e os deslocamentos estão remodelando o Rio e perpetuando a famosa desigualdade da cidade e da marginalização histórica dos pobres.
Casas Marcadas
Combinando imagens de arquivo e entrevistas com os atuais moradores da Providência, Casas Marcadas mostra a remoção forçada de moradores da primeira favela do Brasil para a instalação de um teleférico. Destacando o fotógrafo e ativista comunitário Maurício Hora, que co-escreveu o artigo no New York Times, ‘Em nome do futuro, Rio está destruindo passado,’ e a brilhante fala da moradora Márcia Regina de Deus, Casas Marcadas contextualiza a atual onda de expulsões na Providência nas políticas históricas do governo do Rio e nas atitudes em prol do desenvolvimento favela: “destruir para reconstruir”.
Eu, Favela
Com as vozes de líderes comunitários, assistentes sociais e um turista, este curta-metragem analisa a ameaça de gentrificação na Babilônia, uma favela bem situada na Zona Sul com vista para o Leme e com vistas deslumbrantes da costa curva de Copacabana. Os moradores questionam a política da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e a subsequente entrada de turistas e compradores de classe média, e expressam preocupação sobre o que esta entrada vai significar para a vida da comunidade na favela.
Realengo, Aquele Desabafo
Para moradores removidos de favelas de todas as partes da cidade estão sendo oferecidos, para realocação, habitações nos recém-construídos blocos de apartamentos do programa Minha Casa, Minha Vida na extrema Zona Oeste do Rio. Este filme relata as experiências dos moradores realocados para um condomínio na Zona Oeste no bairro Realengo. Descrevendo as dificuldades de deslocamento e o novo local, desde infraestrutura deficiente às severas restrições sobre o uso da propriedade, os moradores delineam algumas das principais falhas nas atuais habitações públicas do Rio e na política de remoções e realocação.