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Neste Dia Mundial da Água, 22 de março de 2024, esta vídeorreportagem traz depoimentos de moradores de várias comunidades, mostrando que o acesso e qualidade da água vem piorando entre favelas cariocas, desde a privatização da CEDAE e sob responsabilidade da empresa Águas do Rio. São algumas das muitas denúncias que o RioOnWatch tem recebido e acompanhado em diversas favelas fluminenses, ao longo dos últimos dois anos.
Esta vídeorreportagem é realizada a partir do último lançamento local de dados do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas: Levantando Dados Evidenciando a Desigualdade e Convocando para Ação”, cobrindo 15 favelas fluminenses, realizado na Galeria Providência, e do seminário ‘Acesso à Água no Estado do Rio de Janeiro: Lutas e Experiências contra a Mercantilização’. Em ambas as ocasiões, moradores denunciavam a piora no fornecimento de água depois do processo de privatização da CEDAE.
“Quando aconteceu o processo de privatização e a Águas do Rio assume, eu acredito que eles fizeram um trabalho fast food. Para poder apresentar que várias comunidades estavam sendo benecificadas. Eles não consultaram os moradores… fizeram um acordo entre eles e trouxeram essa implementação verticalizada.”
“Pra gente ter acesso à água a gente acorda de madrugada para encher tudo quanto é vasilha. Daí a gente arruma nossos filhos pra ir pra escola. Também não tem água na escola! Aí a gente não tem aula pros filhos e tem que arrumar alguém para ficar com as crianças para a gente ir atrás do trabalho e fazer as coisas do dia-a-dia. Depois que entrou a nova empresa, não temos mais água, pelo menos na minha rua e na escola das minhas filhas… Eu trabalho na Zona Sul, faço faxina na Zona Sul, e engraçado né, todo tempo eu lavo, passo normal lá… O pessoal da Zona Sul é melhor do que eu, que moro no Livramento? A Águas do Rio não bate lá de porta em porta para saber quantas pessoas têm, para cobrar. Aí, eu, Letícia, não tenho água. Por que? Eu sou pior do que alguém? Não tenho direito à água? E não é por causa do hidrômetro. Sou mãe solo de cinco meninos, se colocasse o hidrômetro na minha casa, que eu tivesse água o dia inteiro, eu não me importaria de pagar um valor justo… fico olhando na Zona Sul todo mundo com água e eu acordando de madrugada para pegar água. É um descaso!”
“A água estava muito ruim, dando dor de barriga, uma cor meio amarronzada, cheiro de barro. Tanto que, lá em casa, até hoje, a gente compra água mineral pra beber porque não tem condições de beber água assim.”
“Nem acesso à água nos é permitido. Se tem água, é porque tem movimento popular, porque tem ‘vamos quebrar o chão, vamos botar o cano e levar água.’ É a partir desse movimento que chega água, chega luz, chega estrada.”
Assista à Vídeorreportagem Aqui.
*A Rede Favela Sustentável (RFS) e o RioOnWatch são projetos realizados pela organização sem fins lucrativos Comunidades Catalisadoras (ComCat).